A Alemanha não foi criada há menos de um século, ao contrário do que diz crítico de gastronomia
Roberto Civita, um dos criadores da Editora Abril, dizia que jornalista não sabe “fazer contas”. Breno de Faria (foto de seu Facebook), crítico de gastronomia de “O Popular”, é médico, não é jornalista, mas parece que também não é amigo da velha senhora matemática. O editor da coluna “Prato do Dia” escreve: “Países tão consolidados e sonoros como Áustria, Hungria, República Checa, Turquia e até a própria Alemanha têm menos de um século de existência”.
Tratemos apenas da Alemanha e deixemos os outros países (a tese de Breno Faria é das mais problemáticas). Se considerarmos que a Alemanha foi “criada” em 1871, com Otto von Bismarck (1815-1898), é evidente que o país não “tem menos de um século”. Façamos as contas: 2016 – 1871 = 145 anos. Portanto, o país tem um século e 45 anos. Bismarck possivelmente, se pudesse, sairia do túmulo e, com sua veia autoritária, daria um corretivo no colunista do “Pop”.
Há outro problema: Breno Faria escreve que o solo dos países citados “viram vikings, romanos, germânicos, francos, tártaros, árabes, otomanos, nazistas, comunistas”. Parece que o colunista acredita — ao inclui-los entre romanos, germânicos, francos, tártaros, árabes e otomanos — que nazistas e comunistas são “povos”.
Breno Faria embarca noutro conto de fadas. Ele afirma que, no momento, as fronteiras físicas dos países são irrelevantes. Não são. Basta verificar o que está ocorrendo na própria Europa — com as nações fechando fronteiras, tentando criar cercas, para evitar a entrada de imigrantes. Até países mais abertos, como a Suécia, estão expulsando imigrantes. A internet rompe fronteiras, mas os Estados Nacionais estão aí — mais sólidos do que nunca. O historiador Eric Hobsbawm, marxista inglês, alertou sobre isso com frequência.
O que surpreende é que Breno Faria, além de escrever bem, é cuidadoso com a divulgação de informações.
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