CNN Brasil mostra jornalismo seguro e preciso e promete checar fatos com mais rigor

16 março 2020 às 13h06

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Monalisa Perrone, Reinaldo Gottino e William Waack estiveram muito bem no primeiro dia. Cobertura internacional é de qualidade
No domingo, a GloboNews ampliou e melhorou sua cobertura — inclusive colocando Heraldo Pereira ao lado de Leilane Neubarth — sobre o coronavírus. No geral, mais do mesmo. Entretanto, no momento, tem de ser assim mesmo: é preciso repetir algumas informações, sobretudo para conscientizar as pessoas sobre medidas de prevenção e, se contaminadas, o que realmente devem fazer.
Heraldo Pereira e Leilane Neubarth, profissionais da velha escola da TV Globo, portanto experimentados, saíram-se muito bem. Mas ao menos uma das apresentadoras, a excelente Aline Midlej, parecia nervosa, errando com frequência.

Uma GloboNews mais ativa, mais quente, por assim dizer, tinha e tem uma motivação: a CNN estreou no domingo (canal 577), com profissionais competentes e experientes, vários deles egressos da Globo. A concorrência fará um bem imenso à GloboNews, à CNN Brasil e, claro, aos telespectadores — que, com seus controles remotos, podem escolher quem estiver informando e, até, formando de maneira mais adequada.
A CNN fez uma cobertura intensa sobre o coronavírus. Talvez não superior à da GloboNews, mas, para o primeiro dia, saiu-se muito bem. A reportagem sobre o coronavírus na Itália, com visita às cidades mais atingidas, superou as reportagens tanto da GloboNews quanto da Globo. A repórter mostrou, além de competência, coragem. Poderia ter feito, como alguns repórteres, reportagens “parada” numa rua qualquer de alguma cidade italiana e com imagens de outras redes de televisão — como a CNN. Pelo contrário, a profissional fez reportagem, visitando as cidades e conversando com as pessoas.

O PIB político concedeu entrevistas exclusivas aos repórteres da CNN Brasil. O presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, todos falaram com repórteres da CNN Brasil. Vários empresários falaram sobre a economia e elogiaram a chegada da nova rede de televisão.
A GloboNews tem entrevistadores de qualidade, como Renata lo Prete (que também apresenta o “Jornal da Globo”) e Andréia Sadi (a quem falta um pouco de segurança e mais informação histórica, para além das circunstâncias). A CNN Brasil tem William Waack, um dos melhores entrevistadores do país — sempre seguro e muito bem informado. Ainda não se sabe como Daniela Lima será aproveitada, mas também é uma entrevistadora de primeira linha — rápida, precisa e segura (comandou muito bem o “Roda Viva”, da TV Cultura).
Os apresentadores Monalisa Perrone, sobretudo (exala simpatia e fala muito bem), e Reinaldo Gottino mostraram boa química e segurança. Reinaldo Gottino fica aquém de William Bonner, mas Monalisa Perrone não perde para Renata Vasconcellos, do “Jornal Nacional”.
A transmissão ao vivo do debate entre os pré-candidatos do Partido Democrata, Joe Biden e Bernie Sanders, com tradução simultânea, mostra que a CNN Brasil está viva e ativa.
A CNN promete fazer uma checagem mais ampla dos fatos. Determinadas checagens, que dependem do setor jurídico, às vezes podem retardar a publicação de reportagens. Como notícias podem vazar, corre-se o risco de perder os “furos” para os concorrentes. Porém, se a checagem for rápida, vai melhorar a qualidade do jornalismo da CNN Brasil e, ao mesmo tempo, dos concorrentes, que terão de seguir o seu exemplo (o sistema de checagem da TV Globo e da GloboNews tem funcionado bem, mas pode melhorar).