Claudia Jimenez deixava nossa vida mais alegre, com sua língua afiada e humor corrosivo
20 agosto 2022 às 12h13
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Claudia Jimenez era a “gorducha” que nos fazia rir?
Nada disso. Nos fazia rir porque era uma atriz e, também, uma humorista de primeira linha. Notável mesmo.
Tinha um charme só dela, intrínseco ao seu ser. Sua ironia, suas respostas na ponta na língua e sua verve nos cativavam. Ela parecia rir não apenas com a boca, e sim com o corpo. Mesmo quando o riso era contrito, ou quando dizia coisas afiadas — como se estivesse no “ataque”, e, de certa maneira, estava —, provocava gargalhadas.
Claudia Jimenez era fina, mesmo quando parecia excessiva. Era tão boa atriz-humorista que, por vezes, invadia o espaço do companheiro de cena — tornando o outro, sobretudo se protagonista, numa espécie de personagem secundário. Era, como se diz, espaçosa.
“Sai de Baixo”, da Globo, contava com excelentes atores, como Miguel Falabella, mas pouco brilhavam tanto quanto Claudia Jimenez e Marisa Orth. Eram tempos não politicamente corretos. Hoje o moralismo, inclusive com o humor, nos deixa com cara de pamonha… tristes. Antes de rir é preciso perguntar: “Será que posso?” Aí o riso perde a graça, a espontaneidade, o timing. Só é possível rir, por certo, no banheiro — e com a porta fechada.
Na “Escolinha do Professor Raimundo” — a de Chico Anysio —, que todo mundo assistia, Claudia Jimenez se destacava como Dona Cacilda. Quem não se divertia com suas diabruras com o mestre era, quem sabe, ruim da cachola.
Portanto, Claudia Jimenez era engraçada, não por ser gorda, e sim porque atuava muito bem.
Se existe Céu, e se Deus reina por lá, ao lado dos santos-cardeais, Claudia Jimenez, que morreu neste sábado, 20, aos 63 anos, certamente já começou a comandar a “festa”. Ela que, viva, transformava a nossa vida num céu permanente e num oceano de alegria, com sua língua afiada e seu humor corrosivo e inteligente.