Carmen Balcells e Andrew Wylie se unem e criam superagência para representar escritores
31 maio 2014 às 11h21
COMPARTILHAR
O boom da literatura latino-americana, com a afirmação internacional de García Márquez e Vargas Llosa, se deve à ação da agente literária catalã
Gabriel García Márquez, com “Cem Anos de Solidão”, e Mario Vargas Llosa, com “Conversa no Catedral”, poderiam ter sido escritores menores, ao menos do ponto de vista comercial, não fosse a mão benfazeja da agente literária catalã Carmen Balcells. O “boom” da literatura latino-americana é filho tanto dos autores citados, entre outros, quanto do trabalho de divulgação de la Balcells, conhecida como “Mama Grande” do setor editorial espanhol. Aos 83 anos, mas ainda ativa, Balcells uniu-se a outro agente literário, Andrew Wylie, e criaram na terça-feira, 27, a superagência Balcells & Wylie.
A Balcells & Wylie nasce como uma agência internacional poderosa. Na lista do agressivo Wylie, conhecido como “o Chacal”, estão escritores que são best sellers internacionais: Jorge Luis Borges, Martin Amis, Roberto Bolaño, Italo Calvino, Raymond Carver, Philip Dick, Susan Sontag, Vladimir Nabokov, Jorge Amado, Alessandro Baricco, Saul Bellow e Salman Rushdie. A lista de Balcells inclui escritores de relevo, como Vargas Llosa, Manuel Vázquez Montálban, García Márquez, Carlos Fuentes, Javier Cercas e Camilo José Cela. Quatro ganharam o Nobel de Literatura.
Wylie diz que os escritores cujas obras são representadas por Balcells conferem “autoridade” a qualquer agência. Não só. O próprio nome Balcells abre portas, até as mais fechadas. Escritor representado pela superagente é geralmente bem visto pelas editoras. Porque, como é exigente e conhece literatura, Balcells em geral agencia autores de qualidade incontestável. Num comunicado conjunto, Balcells e Wylie expõem o que pretendem: “Nosso objetivo é dar maior força, alcance e duração à representação dos clientes, e estamos entusiasmados e totalmente comprometidos com as oportunidades que se nos apresentam”. O diário “ABC”, da Espanha, avalia a união como revolucionária para a indústria editorial.
Agressivo como um chacal, daí seu apelido, Wylie é o pai do grande sucesso internacional da literatura de Roberto Bolaño. É provável que, sem a exposição intensa criada por Wylie, Bolaño teria se tornado tão-somente objeto de curiosidade acadêmica e não um fenômeno comercial e literário mundial.
Os comentários sobre a aposentadoria de Balcells eram frequentes, mas, pressionada pelos autores e familiares que controlam espólios literários, nunca pôde se afastar da lides editoriais. Acreditava-se que o jovem Guillem d’Efak, que já dirige a agência, se tornaria uma espécie de chefão.