Livro de Carlos Eduardo Drummond e Marcio Nolasco não é trabalho meramente de fã; é resultado de uma pesquisa exaustiva

Há uma tendência a se dizer que “Caetano — Uma Biografia” (Seoman, 544 páginas), de Carlos Eduardo Dru­m­mond e Mar­cio Nolasco, é um “livro de fã”. Mas quem disse que “livro de fã” é necessariamente ruim? Falta, quem sabe, uma avaliação mais precisa da música de Caetano Veloso, mas essa tarefa é menos do biógrafo do que dos críticos de música, que têm interpretado, com relativa precisão, a arte do cantor e compositor baiano. Mas os fatos da vida do artista estão contados, até bem contados, por Drum­mond e Nolasco.

Os não-iniciados, por exemplo, ficam sabendo que Maria Bethâ­nia, embora mais nova, fez sucesso antes de Caetano Veloso. Aliás, a notável can­tora arrastou-o para o Rio de Ja­neiro, praticamente como uma espécie de segurança — ela era menor —, onde substituiu a cantora Nara Leão no Opinião. Sobretudo, o leitor fica sabendo como o baiano de Santo Amaro se tornou um artista de primeira linha, inclusive com incursões como historiador da música, notadamente da Tropicália.

Como Caetano Veloso está vivo e continua produzindo cultura, a biografia é lacunar. Aliás, se há um problema, é que os anos mais recentes do artista foram cobertos com extrema rapidez pelos biógrafos. Talvez valha, na próxima edição, uma atualizada. O fato é que o livro abre espaço para outras pesquisas e biografias. A obra, que cita dezenas de pessoas, merece um índice de nomes.