O youtuber conta que, em 2018, faturou, em média, 563 mil reais por mês. Seu faturamento multiplicou ao se tornar a Anita da internet

Sabe o Seu Silvio Santos, cujo nome verdadeiro é Senhor Abravanel? Pois é: hoje, aos 90 anos, é bilionário. Mas começou como camelô. Pois bem: sabe o Felipe Neto, o célebre influenciador digital? Pois é: aos 13 anos, era funcionário de uma loja que vendia produtos para camelôs.

Aos 33 anos, Felipe Neto não é rico como Silvio Santos, o dono do SBT, mas sua fortuna é cada vez maior. Em 2017, associado ao irmão Luccas Neto, comprou uma mansão por 5,5 milhões de reais, na Barra da Tijuca. À vista. O senador Flávio Bolsonaro comprou uma mansão em Brasília por 6 milhões de reais. A diferença é que a “rachadinha” de Felipe Neto foi apenas com seu hermano. O youtuber adquiriu uma BMW X6 por mais de 300 mil reais. Adquiriu também uma caneta Dupont, edição ultra limitada, por 10 mil reais. Esbanjador, pagou 182 mil reais por um Appe Mac Pro.

As histórias sobre o empresário superlativo estão detalhadas no livro “Felipe Neto — O influenciador”, do jornalista Nelson Lima Neto. A biografia não teria sido autorizada.

O portal Social Blade estima que, com seu canal no YouTube, Felipe Neto pode faturar até 72 milhões de reais por ano. O empresário informa que faturou, em 2018, 563 mil reais — com as visualizações, cerca de 212 milhões, de seu canal — por mês. Depois disso, ele se tornou uma potência — com destaque até no mais influente jornal dos Estados Unidos, o “New York Times”. Um minuto de anúncio com o jovem self-made man custa 140 mil reais.

Felipe Neto leu e gostou da biografia, inclusive quando apontou seus defeitos. Mas, no Twitter, fez uma ressalva: “O livro deu pouca importância aos maiores projetos da minha vida: o Vero e o Cala Boca Já Morreu, e importância demais a brigas já superadas”. “Superadas” para ele, é claro, mas que fazem parte de sua história e da de quem, como sua agressividade, atacou e magoou.

O Instituto Vero incentiva projetos de educação digital e um de seus objetivos é combater, com informação qualificada, o sistema de fake news instalado no Brasil. O Cala Boca Já Morreu presta assistência, gratuita, àqueles que avaliam que estão sendo “silenciados” pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

A biografia relata que, obcecado pela novela “Chiquititas”, Felipe Neto era apaixonado pela personagem Vivi, interpretada pela atriz Renata Del Bianco. Mais tarde, famoso, o empresário teve um affair com a artista.

Quando menino, um dos hobbies de Felipe Neto era imitar o cantor Latino. Chegava a improvisar shows para os parentes.

A biografia revela que Felipe Neto já foi adepto da pirataria. O site IsFree.tv, do qual participava ativamente, era expert em legendar episódios de séries internacionais. Em seguida, disponibilizava o download dos programas. “Era pirataria mesmo”, admitiu, numa palestra, o influenciador.

No Faz Sentido, Felipe Neto se tornou um especialista em atacar artistas, filmes e comportamentos. Suas piadas eram machistas, homofóbicas e gordofóbicas. Ele não gostou muito de o biógrafo ter exposto isto, mas faz parte de sua história. O canal de humor Parafernalha, no YouTube, também fez sucesso.

Hoje, Felipe Neto é uma das maiores estrelas do país, e não apenas no mundo digital. Ele se tornou objeto de debate, inclusive acadêmico, e tem se posicionado criticamente contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Há quem acredite que, indiretamente, se tornou um dos cabeças da esquerda patropi — ainda que o quase-marxiano Felipe Neto não se apresente como esquerdista.

Mas o que Felipe Neto faz bem mesmo é chamar a atenção para si, a partir de qualquer conflito, e ganhar dinheiro com isto. É um fenômeno a ser estudado para além de uma mera biografia. Ele é uma espécie de Anita da Internet. Um case para sociólogos, economistas e midiólogos.