Livro conta que Luiz Aranha, irmão de Oswaldo Aranha, formulou uma política de campeões nacionais

“Roberto Marinho — O Poder Está no Ar: Do Nascimento ao Jornal Nacional” (Nova Fronteira, 543 páginas), do jornalista Leonencio Nossa, é desses livros indispensáveis para se entender como a história molda os meios de comunicação e como os meios de comunicação moldam a história de um país.

O trunfo do livro é manter Roberto Marinho grande, mas sem deixar de expor suas contradições. Fica explícito como governos e jornais irmanam-se, mas, mesmo assim, há certo grau de autonomia.

A política de empresários campeões, formulada pelo governo Vargas — na verdade, pelos irmãos Aranha, Oswaldo e Luiz, sobretudo por este —, é destrinchada (e merece um livro à parte).

Glória Maria e José Roberto Marinho

Discute-se, até, se Roberto Marinho era negro. Era? Como quase todos nós. Leonencio Nossa relata que um dos filhos de Roberto Marinho, o caçula José Roberto Marinho, foi casado com a jornalista Glória Maria, estrela do jornalismo da Rede Globo.  “Marinho tratou a relação do filho com a naturalidade dispensada a outros casos”, assinala o biógrafo.

“Papai foi tranquilo. Gostava dela, tinha admiração por ela. Mas eu senti o preconceito no Rio quando estava na companhia dela em lugares públicos. Aqui, as classes sociais são apartadas”, disse José Roberto ao pesquisador.