Cordula Schacht, filha do ministro da economia de Adolf Hitler, Hjalmar Schacht, “herdou”, relata o jornal espanhol “ABC”, “os direitos dos escritos de [Joseph] Goebbels do falecido banqueiro suíço François Genoud, um nazista confesso que financiou a defesa jurídica de Adolf Eichmann, considerado como chefe logístico do Holocausto”. Como inventariante da obra de Goebbels, Cordula exige indenização da editora Random House, porque uma de suas biografias do nazista-chefe da propaganda do governo nazista citou seus diários sem autorização. Talvez seja “Joseph Goebbels — Uma biografia” (editada pela Random House), de Peter Longerich, tida como a mais exaustiva e precisa. “Joseph Goebbels — Life and Death” (inédita em português), de Toby Thacker, apontado como um estudo de qualidade, foi editada pela Palgrave USA-Macmillan. A reportagem informa que o livro saiu em 2010 (a de Thacker saiu em 2009, na Inglaterra).

A Justiça de Munique acolheu a reclamação de Cordula, intimou a Random House para apresentar sua defesa, mas ainda não decidiu se a editora terá de pagar alguma quantia em dinheiro à testamenteira. A polêmica sobre direitos autorais, se um livro pode citar trechos de outros livros sem autorização, está esquentando na Alemanha. Porque, se a Justiça decidir a favor de Cordula, isto pode prejudicar a maioria dos estudos históricos.

Cordula quer receber 6.507,87 euros pela citação supostamente indevida dos diários de Goebbels. O assessor jurídico a Random House, Rainer Dresen, afirma que a editora não tem intenção de pagar, possivelmente para não abrir precedente. O advogado frisa que as citações dos diários não configura crime, porém, se a Justiça condenar a editora, está atentando contra as pesquisa historiográficas, que é feita, em larga medida, de citações de outras obras históricas, diários, cartas e outros documentos.