Banksy presta bela homenagem às enfermeiras que salvam vidas. Já o bolsonarismo…
07 maio 2020 às 15h10
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O artista plástico faz um quadro em que a super-heroína é uma mulher, ou seja, uma enfermeira. O dinheiro do leilão do quadro irá para a área de saúde
A civilização — a arte, no caso — talvez seja uma das principais barreiras à barbárie. Enquanto no Brasil bolsonaristas agridem enfermeiras e enfermeiros — que arriscam suas vidas para salvar a vidas dos demais, num descortino que impressiona —, o artista plástico Banksy presta bela e empática homenagem às super-heroínas e aos super-heróis que lutam diariamente contra a pandemia do novo coronavírus e a favor dos milhares de doentes.
O quadro “Game Changer”, de um metro quadrado, mostra uma criança de camiseta e macacão brincando com uma nova super-heroína — uma enfermeira. Visivelmente mesmerizado, o menino olha com ar profundamente humano para a enfermeira, com roupa típica, com o acréscimo da máscara e o símbolo da Cruz Vermelha (colorido, diferentemente do conjunto do quadro, que é todo em preto e branco). Banksy, por intermédio do garoto, está dizendo que a enfermeira salva vidas de maneira pacífica, sem violência. No cesto aparecem dois super-heróis, Batman e Homem-Aranha, que, no geral, combatem a violência com violência — embora, claro, sejam agentes da paz.
Médicos são fundamentais, é claro. São também heroicos. Mas todos sabem, menos alguns bolsonaristas, que as enfermeiras e os enfermeiros ficam, no geral, com a barra-pesada do atendimento direto dos pacientes. Elas e eles cuidam do dia a dia dos pacientes — dão os remédios, aplicam injeções, trocam o soro, verificam a pressão, observam se há febre. São profissionais, é certo. Mas são, sobretudo, “fontes” de vida para os pacientes. Não raro são ouvintes de suas queixas e de suas histórias. Ao término da pandemia do coronavírus cada cidade do Brasil deveria erigir uma estátua em homenagem às enfermeiras e aos enfermeiros.
Banksy, humano, demasiado humano
O quadro de Banksy, rei do grafite e um pintor de qualidade, é uma grata homenagem aos trabalhadores da área de saúde. A pintura está num hospital de Southampton, na Inglaterra. Mais tarde, será leiloado — vale milhões de reais — e o dinheiro será revertido para o sistema de saúde britânico. “Graças por tudo o que estão fazendo. Espero que ilumine um pouco o lugar”, escreveu Banksy. Ainda que, acrescentou o artista das ruas, “esteja em branco e preto”.
Paula Head, responsável pelo hospital de Southampton, disse: “O hospital tem sido diretamente afetado pela trágica perda de funcionários e amigos muito queridos e respeitados”.
Quem é Banksy? Há dezenas de histórias sobre o artista plástico. Talvez seja melhor dizer assim: Banksy é Portinari, é Tarsila do Amaral, é Anita Malfatti, é Siron Franco, é Alexandre Liah, é Antonio Poteiro, é Caravaggio, é Van Gogh, é Picasso, é Andy Warhol, é Basquiat e, claro, é Miró. Acima de tudo, Banksy é humano, demasiado humano.