A atriz e escritora americana Shirley MacLaine, de 90 anos, irmã do ator Warren Beatty, de 87 anos, publicou mais um livro de memórias, “The Wall of Life — Pictures and Stories From This Marvelous Lifetime” (Crown, 267 páginas). Ela relata que namorou vários atores de Hollywood e políticos. Abordado, um dos atores não quis namorá-la (confira no último parágrafo do texto principal). Entre seus affairs está um político brasileiro (leia texto abaixo).

Shirley MacLaine não espera que os tabloides americanos e ingleses vasculhem sua vida e publiquem as histórias de seus muitos amores. A atriz antecipa-se e relata seus casos sem nada esconder.

Steve Parker e Shirley MacLaine viveram um casamento aberto durante 28 anos e só se separaram em 1982. São pais de Sachi.

Tanto Shirley MacLaine quanto Steve Parker tiveram amantes durante o período em que foram casados.

Porém, apesar dos vários casos, Shirley MacLaine disse que nunca pensou em estabelecer um relacionamento duradouro com os amantes. Ela amava Steve Parker. “Foi o homem com o qual mais me importei na vida.”

O ator Robert Mitchum conviveu com Shirley MacLaine, como amantes — ambos eram casados —, por três anos.

Robert Mitchum e Shirley MacLaine: estrelas de Hollywood e amantes | Foto: Reprodução

Conta-se que Shirley MacLaine teve um affair com o cantor Frank Sinatra. A atriz nega e diz que o achava “pequeno” e muito “magro”. Afirma que apreciava homens “robustos”, como Robert Mitchum. (Consta que Ava Gardner pôs tantos chifres em Sinatra que, quando o casamento acabou, o cantor tinha mais cornos do que os touros enfrentados pelos toureiros da Espanha.)

O namoro com Robert Mitchum começou em 1962, quando atuaram no filme “Dois na Gangorra”. Quando protagonizaram “A Senhora e Seus Maridos”, de 1964, a paixão continuou.

Robert Mitchum era um homem “inteligente e interessante”, de acordo com Shirley MacLaine. Ao mesmo tempo, era “tímido e irônico”, até meio “covarde”. Ainda assim, o ator manteve relacionamentos com Ava Gardner e Lucille Ball. Mas não tinha coragem de romper o casamento com Dorothy Spence. Viveram juntos até a morte do ator.

Steve Parker e Shirley MacLaine: um casamento aberto que durou 28 anos | Foto: Reprodução

O diretor de cinema russo Andrei Konchalovsky, de 87 anos, foi um dos amantes mais longevos de Shirley MacLaine. Ele deixou a União Soviética para acompanhá-la.

O jornalista Pete Hamill figura na lista de amores de Shirley MacLaine, assim com os políticos Andrew Peacock, da Austrália, e Olof Palme, da Suécia. Os atores e cantores Yves Montand, francês, e Dean Martin, americano, se encantaram com a atriz e a encantaram.

Shirley MacLaine sugere que não se arrepende dos casos com vários amantes, e sim de certas “loucuras” sexuais. Saiu uma vez com três homens. “Foi uma decisão estúpida”, afirma. Afirma que não teve nenhum prazer.

Shirley MacLaine: estrela de filmes de Hitchcock e Billy Wilder | Foto: Reprodução

Estrelas que não interessaram a Shirley MacLaine

O ator Jack Lemmon era amigo de Shirley MacLaine. Os dois atuaram em dois filmes de Billy Wilder, “Se Meu Apartamento Falasse” e “Irma La Douce”. Não se deitaram em lençóis “reais”. Porque ela não quis, claro. O amigo era “doce” demais. A atriz sublinha que nunca gostou de “homens ternos”. Apreciava homens “difíceis”, “enigmáticos”. No plano sexual, deveriam ser “perigosos” e “dominantes”. “Mas até certo ponto”, ressalta.

O ator Jack Nicholson, por ser demasiado “perigoso”, sobretudo “incontrolável”, não a atraiu.

Mulher forte, Shirley MacLaine, ao procurar trabalho no estúdio da Paramount, na década de 1950, foi beijada à força pelo produtor Hal Harris. A atriz escapou e cuspiu na cara de um dos homens mais poderosos do cinema. (Seu primeiro filme foi “O Terceiro Tiro”, de Alfred Hitchcock.)

Morgan Freeman: o ator que rejeitou namorar Shirley MacLaine | Foto: Reprodução

Hal Harris não a perdoou, mas, por reconhecer seu talento e coragem, mandou o estúdio presenteá-la com um automóvel esportivo MG. Ela garante que nunca mais a assediaram. Ela sempre escolheu seus parceiros.

(Em 1962, no Madison Square Garden, a atriz Marilyn Monroe cantou, de maneira sensual, a música “Feliz Aniversário” para o guapo presidente John Kennedy. Shirley MacLaine estava lá, observando tudo e agora conta aos leitores o que viu. Ela relata que a loira mais famosa de Hollywood mantinha um relacionamento com os irmãos Jack e Bob Kennedy. Durante a festa privada, depois da celebração pública, viu John Kennedy saindo e Bob Kennedy entrando no quarto “de” Marilyn Monroe.)

Os homens caíam aos pés da bela, quiçá enigmática, Shirley MacLaine. Mas um deles, o ator Morgan Freeman, de 87 anos, não quis namorá-la. Foi o único, relata a atriz nas suas novas memórias.

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O brasileiro que foi amante de Shirley MacLaine

Rola um papo no bas-fond que o político Carlos Lacerda era bissexual. O boato teria sido espalhado pela direita militar, no pós-1964, com anuência da esquerda.

Carlos Lacerda: o namorador que, apesar dos boatos, era heterossexual | Foto: Reprodução

Entretanto, no livro “Carlos Lacerda — A Vida de um Lutador” (Nova Fronteira, 751 páginas, tradução de Daphne F. Rodger), o brasilianista John W. F. Dulles sustenta que o político carioca não era nem homossexual nem bissexual. Hetero, era namorador e, por isso, vivia às turras com sua mulher, Letícia Lacerda.

É certo que Carlos Lacerda, o demolidor de presidentes que foi demolido pela ditadura que ajudou a constituir, amava Letícia Lacerda. Mas entre seus grandes amores estava a atriz Maria Fernanda Correia Dias, filha da poeta Cecília Meireles.

De acordo com John Dulles, na página 557 de seu cartapácio (em dois volumes), Carlos Lacerda “compartilhava” com Maria Fernanda “sentimentos do coração e do espírito desde os anos 50”.

Carlos Lacerda compartilhava com Maria Fernanda “um apartamento de hotel em São Paulo (colocando um aviso ‘não perturbe’ na porta durante quase dois dias) e” mandava-lhe “muitas rosas”.

Shirley MacLaine: uma mulher livre, inteligente e corajosa | Foto: Reprodução

“Portanto, diziam os mexericos, seu principal caso extraconjugal foi com Maria Fernanda. No final da vida, Carlos disse que de fato se apaixonara e tivera uma grande e estreita amizade com Maria Fernanda, mas que esse relacionamento não passara disso”, relata John Dulles.

Porém, “no caso de Shirley MacLaine, revelou que fora além de paixão e amizade”.

A lendária revista “Realidade” enviou Carlos Lacerda aos Estados Unidos, em 1968, com o objetivo de escrever um artigo, no dizer de John Dulles (talvez uma longa reportagem opinativa), sobre a campanha dos candidatos presidenciais Richard Nixon, Hubert Humphrey e George Wallace. O jornalista chegou aos Estados Unidos acompanhado de Alfredo Machado, editor da Record. O texto foi publicado com o título “Um império escolhe seu presidente”.

Na Califórnia, durante uma recepção, Carlos Lacerda foi apresentado por um ator à atriz Shirley MacLaine, uma delegada do Partido Democrata (em Chicago).

Shirley MacLaine disse a Carlos Lacerda que os políticos precisavam ouvir com atenção “a mocidade descontente”. Atento, o jornalista mencionou isto no artigo para a “Realidade”, citando “as palavras da ‘inteligentíssima’ miss MacLaine: ‘Esses jovens não querem ninguém que possa representar a continuação ou o remendo’”.

John Dulles afirma que “foi durante a estada de Lacerda em Los Angeles, a serviço da ‘Realidade’, que ele e Shirley MacLaine se apaixonaram”.

Alfredo Machado disse a Carlos Lacerda: “Você reparou no tamanho dos punhos da Shirley? Se ela lhe der um soco, vai ser muito forte”. John Dulles diz que, “furioso, Lacerda ficou calado por duas horas”.

Nos Estados Unidos, Carlos Lacerda e Shirley MacLaine se telefonavam de maneira constante. O jornalista escrevia cartas para sua nova paixão. “Com Carlos de volta ao Rio, os telefonemas de Shirley para seu escritório eram frequentes.”

Numa feira de livros, nos Estados Unidos, Alfredo Machado conversou com Shirley MacLaine. A atriz quis saber se Carlos Lacerda já havia se separado de Leticia. O jornalista havia prometido que iria deixar a mulher? John Dulles não relata.