Arthur Rezende anuncia que não pertence mais aos quadros de “O Popular”

06 maio 2020 às 08h09

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“Adeus mas sem pendurar a chuteira. Se o passado serviu, o presente continua a ser olhado com olhos para o futuro. E é lá que a gente poderá se encontrar de novo”
O jornalista Arthur Rezende não é mais colunista social de “O Popular”. Há pouco, havia sido afastado por causa da pandemia do coronavírus. Em tese, não haveria “notícia social” para anunciar. Agora, numa onda de demissões que atinge tanto o jornal quanto a TV Anhanguera, ele foi afastado de vez. No Facebook, publicou uma mensagem onde expõe seu adeus que, no fundo, é um até breve (mas não voltará para o jornal). Porque continua e continuará na ribalta. Pode-se não gostar de colunismo social, mas, neste campo, Rezende é praticamente insuperável.

Leia sua mensagem-despedida
Foi no dia 4 de novembro de 1973 a minha estreia como colunista social do jornal “O Popular”. Como? Substituindo o papa da época, Lourival Batista Pereira, o LBP? Não, conta outra… mas era verdade. Não é Domiciano de Faria (+), Hélio Rocha, Lorimá Dionízio Gualberto (Mazinho)? Sob o beneplácito de Célia Câmara, a madrinha que construí ao longo de meus poucos anos até então vividos. Da convivência na redação do jornal e em sua galeria de arte Casa Grande, ela aprovou meu nome levado pelo diretor Domiciano.
Foi um auê na sociedade de então. Eu iniciava ali naquela data a carreira de 26 anos diariamente escrevendo a história da gente, festas, acontecimentos, posses, aplausos, alegrias e tristezas da sociedade goiana. LBP já tinha substituto que lutou muito para ser à altura do até então prestigiado e cultuado papa do colunismo social.
A colunista Maria José reinava ao lado e foi uma grande colega. Eclético, consegui unir os eventos sociais e artísticos-culturais no festival de MPB que fez história, o Comunica-Som, nas décadas de 1970-80. Época em que trouxe a Goiânia os maiores nomes do show business brasileiro como Elis e Simonal, Chico, Caetano, Bethânia, Benjor, Roberto e muitos da jovem guarda, Chico Anysio, Jô Soares, Golias, Vandré, apresentando bailes de debutantes e destacando o melhor da sociedade nas colunas do “Popular”.

Os anos dourados da sociedade foram vividos e massageados no ego das famílias mais queridas e tradicionais. Goiânia crescia, governos vinham e iam, enfim, aparecer nas fotos ou em notas, mesmo que esparsas, era sempre um privilégio. Assim caminhava a sociedade. Poucos se atreviam a vislumbrar o futuro que virou a capital e o próprio estado, que saia das fazendas e do gado para a potência que é hoje o agronegócio. Aquela juventude construiu tudo isso e suas famílias se multiplicaram.
Testemunhamos tudo isso. Hoje, passados 46 anos e meio, encerramos o ciclo da coluna social mais longeva de todas, agradecendo aos diretores do fantástico Grupo Jaime Câmara, e a todos do jornal O Popular. Pela oportunidade, aprendizado, convivência e respeito mútuo. Saio feliz e na certeza de que fiz minha parte. Olho para trás e sinto orgulho dos colegas dessas quase cinco décadas. A sociedade devorava e se deliciava com as colunas sociais e culturais daqueles momentos. Desde o “Caderno 2” ao “Magazine”. Agora, o adeus mas sem pendurar a chuteira. Se o passado serviu, o presente continua a ser olhado com olhos para o futuro. E é lá que a gente poderá se encontrar de novo. Que Deus nos guie.
Arthur Rezende