Antonio Abujamra, que morreu nesta terça, trouxe Brecht, Wesker e Pinter para o Brasil
28 abril 2015 às 13h01
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O diretor e ator de teatro Antonio Abujamra, apresentador do programa de entrevistas “Provocações”, da TV Cultura, morreu na manhã de terça-feira, 28, em São Paulo. Ele tinha 82 anos. Foi encontrado morto, possivelmente de infarto.
Formado em Filosofia e Jornalismo, Abujamra, o Abu, era sobretudo um homem culto, criativo e produtivo. Estudou teatro Madri, Paris e Berlim.
Principal responsável pela adoção dos métodos teatrais de Bertolt Brecht e Roger Planchon no Brasil, Abujamra montou “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa, “O Caso das Petúnias”, de Tennessee Williams, e “A Cantora Careca” e “A Lição”, de Eugène Ionesco. Profissionalmente, estreou com a peça “Raízes”, de Arnold Wesker.
Diretor inquieto, sempre atento aos ventos da renovação, adaptou Harold Pinter no Brasil; por exemplo, “O Encarregado”. Com “Um Certo Hamlet” — com as atrizes Cláudia Abreu e Vera Holtz no elenco —, Abujamra ganhou o Prêmio Molière. Ganhou o Prêmio Shell de 1977 com “O Casamento”.
Abujamra, polêmico e cortante, dizia sempre: “Sem humor, não dá”. Aos que o incomodavam com problemas de escassa importância, secava: “Por favor, não vamos tropeçar em palitos de fósforo”.
Sua montagem de “Antígona”, com Glauce Rocha, enfrentou problemas com a censura. A censura vetou suas peças “O Berço do Herói”, de Dias Gomes, em 1965, e “Abajur Lilás”, de Plínio Marques, em 1975. Ele era tão desbocado quanto Plínio Marques.
Como ator, Abumjara atuou nas novelas “Que rei sou eu?” (era o bruxo Ravengar), da TV Globo, e “Os Ossos do Barão”, do SBT.