Amanda Nunes perdeu para Julianna Penã por falta de foco

13 dezembro 2021 às 13h06

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A Leoa estava no octógono, fisicamente, mas “ausente” da luta. Ela estava cansada? A americana estava mais focada
Na madrugada de sábado, 11, para domingo, 12, a americana Julianna Peña, de 32 anos, derrotou a brasileira Amanda Nunes, 33 anos, por finalização, no segundo round. Por que, sendo uma lutadora mais completa, a Leoa perdeu?

Amanda apresentou uma explicação razoável: “Honestamente, eu fiz tudo esta noite, eu treinei duro para isso. Mas sinto que ainda lutei com algumas ‘coisas’. Eu achei que tinha ‘arrumado’, mas ‘voltou’ essa noite. Parabéns à Julianna — é uma guerreira e eu sabia disso o tempo todo. Mas vou voltar para a academia, treinar forte e voltar melhor”. E acrescentou: “Não foi nada surpreendente. Eu sabia que ela era uma guerreira, que viria para cima, que podia apanhar e continuar indo para frente. Mas hoje eu apaguei. Eu ainda trabalho essas coisas (que tenho que arrumar), vou continuar trabalhando para arrumar isso. Vou voltar para a academia e treinar”.
O chefão do UFC, Dana White, disse: “Ela [Amada] está no topo há muito tempo. Independentemente do que vocês acham, ela fez dinheiro pra” caramba. “Ela tem um bebê agora, família, essas coisas te mudam. (…) Achei que Amanda parecia cansada. No fim do dia, numa luta de cinco rounds é sobre quem está em melhor forma, e nós sabemos que Julianna treinou pra ca…”.
Contra Julianna Peña, quando deveria manter o jogo em pé, Amanda Nunes aceitou a luta no chão, que lhe foi desfavorável. Frise-se, claro, que perdeu até na batalha em pé.
Dana White talvez tenha tocado num ponto crucial. Se Julianna Peña treinou muito, o que prova seu alto desempenho no octógono, isto significa que Amanda, tendo cansado, treinou menos? Talvez não.
Há atletas que se cansam no octógono não porque deixaram de treinar o suficiente, e sim por terem treinado demais. Há, por assim dizer, um certo estresse físico.

Amanda lutou realmente muito mal, por ter perdido a luta? O rosto de Julianna Peña, bem machucado, sugere que não. Mas, de fato, a americana parecia mais focada e conseguiu fazer a Leoa lutar o seu jogo.
Nas suas principais lutas, contra Ronda Roussey, Miesha Tate, Holly Holm e Cris Cyborg, Amanda começou no ataque, fazendo-as jogarem a partir de seu jogo. Contra Julianna Peña, quando deveria manter o jogo em pé, aceitou a luta no chão, que lhe foi desfavorável. Frise-se, claro, que perdeu até na batalha em pé.
Será que o dinheiro “farto” (e merecido) e o fato de ter uma filha “fragilizaram” Amanda? A filha, quem sabe, menos. Mas talvez a Leoa não precise tanto de dinheiro quanto precisava no início de sua carreira altamente vitoriosa.

Qualquer que seja a explicação — ou explicações —, talvez a mais verdadeira tenha a ver com a questão do foco. Julianna Peña estava, no octógono, mais focada do que Amanda. Desafiantes, aqueles que estão em busca de fama e dinheiro, costumam ter mais, digamos assim, sangue nos olhos. Vão para o tudo ou nada. A americana parece ter percebido, a partir de certo momento, que Amanda estava “diferente” — talvez tenha ocorrido o que ela chamou de “apagão” —, que não estava lutando como antes, que perdera a agressividade, e começou a atacar com firmeza, sem deixá-la respirar. O mata-leão não pareceu muito bem encaixado e Amanda praticamente não reagiu. A Leoa estava no octógono, mas “ausente” da luta.
Por ter vencido, Julianna Peña é uma lutadora melhor do que Amanda? Não é, não. Foi melhor numa luta, mas não tem uma histórico equivalente ao da Leoa. É provável que seja derrotada numa segunda luta. Espera-se que, tendo sido derrotada — de maneira quase vexatória —, a brasileira não perca a confiança no próximo combate (que não repita Júnior Cigano, que, depois de perder duas lutas para Cain Velásquez, nunca mais foi o mesmo, que, de agressivo, se tornou um lutador defensivo).
Meu prognóstico é: focada, com a retomada de sua famosa energia, Amanda retomará o cinturão de Julianna Peña, em 2022.