Advogado mata pecuarista com caneta e martelinho de mesa. Kafka vive!

10 junho 2016 às 12h55

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O advogado Clayton Colavite, de 32 anos, lutou contra o pecuarista João Antônio Padula, de 53 anos, muito mais forte, e conseguiu matá-lo
Escritores são leitores contumazes de jornais, notadamente das páginas policiais e, por vezes, das colunas de fatos bizarros. As notícias, transformadas pela imaginação, se tornam, por vezes, literatura de alta qualidade. O russo Fiódor Dostoiévski não descuidava das notícias publicadas em jornais, ou contadas por leitores, amigos e parentes. Franz Kafka, com uma imaginação poderosa, criou uma literatura “estranha”. De repente, um homem se torna um inseto assustador. O americano Philip Roth, inspirado no tcheco que escrevia em alemão, criou um personagem que se torna um seio. Gógol contou a história de um nariz que escapou ao seu “dono”. Parece absurdo? Sim, como a estranhíssima e inusitada realidade.
Na quarta-feira, 8, na cidade de Jales, no Estado de São Paulo, aconteceu algo trágico, mas que, certamente, se tornará material para literatura, ao menos para a policial. O advogado Clayton Colavite (foto acima), de 32 anos, e o pecuarista João Antônio Padula (foto abaixo), de 53 anos, se engalfinharam no escritório do primeiro. Eles se desentenderam por causa de uma ação judicial. Bem mais forte e mais alto, Padula deu uma gravata em Colavite, que, para escapar, pegou uma caneta e enfiou-a no pescoço do pecuarista. Depois, bateu na sua cabeça com um “martelinho de enfeite de mesa”. O delegado Sebastião Biazi, da Polícia Civil, afirma que a canetada parece ter cortado uma veia do pescoço e Padula morreu. É provável que, longe de pensar em matar aquele que o asfixiava, Colavite planejava tão-somente se livrar do rival.
Detido pela polícia, “Colavite foi autuado por homicídio simples”, informa o repórter Sandro Villar, do jornal “O Estado de S. Paulo”. O advogado alega “legítima defesa”.
O que escritores como Patricia Cornwell, Patrícia Melo, Rubem Fonseca, Raphael Montes, Leonardo Teixeira, Vargas Llosa, Tony Bellotto, Jo Nesbo, Luiz Alfredo Garcia-Roza, Ian McEwan, Antônio José de Moura, Edival Lourenço, Anderson Alcântara, Paulo Lima e Ademir Luiz fariam com a surpreendente história? Alta literatura, por certo.