Abraji repudia prisão de repórter no Paraná e truculência da PM
23 janeiro 2015 às 13h30
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A Polícia Militar do Paraná prendeu, na manhã dessa terça-feira (20.jan.2015), o repórter Iverson Vaz, da CNT. Iverson narrava ao vivo a ação de policiais após o ataque a um caixa eletrônico em Curitiba e invadiu um cordão de isolamento. A pedido dos agentes, mas protestando, o repórter deixou a área restrita. Em resposta, recebeu voz de prisão sob alegação de desacato à autoridade em cena transmitida ao vivo no programa 190. Depois, em entrevista a um colega de programa, Iverson Vaz declarou ter sido agredido enquanto esteve preso.
Embora repulsivo por si só, o episódio não é um caso isolado e pode constituir uma escalada de animosidade entre PM e imprensa no Paraná.
O próprio secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Francischini, está envolvido em uma discussão pública com o colunista da Gazeta do Povo Celso Nascimento. A altercação começou na semana passada, quando, na quinta-feira (15.jan.2015), Nascimento foi flagrado pela polícia trafegando na contramão. Segundo o jornalista, ele telefonou a um coronel aposentado da PM para relatar a truculência dos agentes que fizeram a abordagem e a demora na sua liberação – foram 2h30 de espera no total.
O coronel Eliseo Furquim confirma a versão do colunista e acrescenta que, na tarde daquele mesmo dia –antes da abordagem, portanto – havia dado uma entrevista a Nascimento relatando a adoção do que chamou de “cultura da violência” pelas tropas. A coluna com essas informações saiu no domingo seguinte (18.jan.2015).
Em resposta à coluna, o secretário publicou nota em uma rede social acusando o colunista de ter tentado uma “carteirada” para evitar a autuação e de ter cumprido sua ameaça usando o espaço no jornal para criticar a ação da Polícia. Tanto o jornalista quanto o Coronel Furquim negam essa versão.
A Abraji repudia a ação da PM no caso de Iverson Vaz e se solidariza com o repórter detido. Embora estivesse fora da área reservada para a imprensa, o repórter atendeu ao pedido dos agentes e as imagens da TV mostram que não houve desacato. A Abraji também lamenta a forma como o próprio Secretário de Segurança Pública atacou o colunista Celso Nascimento. Ao acusá-lo publicamente e tentar minar-lhe a credibilidade, o comandante da tropa transmite uma mensagem perigosa à corporação – tal e qual anunciado na coluna de Celso Nascimento.
Diretoria da Abraji, 23 de janeiro de 2015