Documentário O Riso dos Outros coloca os próprios comediantes na parede para justificar seu ponto de vista sobre os limites de piadas e esquetes

O humor deve ter limites? Ou realmente tudo pode, tendo a “liberdade de expressão” como carta branca? A questão é polêmica até mesmo entre os protagonistas, ou seja, os próprios comediantes. A discussão é grande principalmente em relação ao subgênero “stand-up”, um dos que mais cresceram nos últimos tempos e onde se revelou praticamente toda a nova geração do humor no País: são dessa leva Gregório Duvivier, Marco Luque, Rafael Portugal, Danilo Gentili, Rafinha Bastos, Fábio Rabin e dezenas de outros.

Para as apresentações, o stand-up é como um “pocket show” para um artista pop: com uma estrutura bem pequena, poucos gastos, se consegue fazer o espetáculo. E se consegue também ser mais intimista. É no mundo dos stand-ups que O Riso dos Outros, de 2012, busca respostas para as questões que abrem este texto.

O documentário foi dirigido por Pedro Arantes, com produção da TV Câmara. Coletou o depoimento de dezenas de humoristas de palco, chargistas, cartunistas e também ativistas de direitos humanos. Entre outras produções, Arantes foi responsável também pelo sitcom As Olívias, série que integrou a programação do canal Multishow no início da década passada, e também Vida de Estagiário, na TV Brasil.

Em 50 minutos, O Riso dos Outros consegue trazer reflexões dos próprios envolvidos no problema: fazer humor tangenciando os novos limites, que ainda são relativamente recentes em relação às décadas e décadas de um tipo de comédia que não via problema em ridicularizar características físicas ou orientações sexuais. Ou seja, um tempo em que a zombaria se dava pelo que a pessoa era.

Pessoas nascidas antes dos anos 90 tiveram muito contato com esse humor que abertamente ridicularizava o outro por ser negro, gordo, gay ou cego. Programas de comédia como Os Trapalhões, A Praça É Nossa e até a versão original da Escolinha do Professor Raimundo bebiam nessa fonte. É a legitimidade da continuidade desse “estilo” de fazer graça que o documentário de Arantes coloca na berlinda, perguntando a quem é da área.

O documentário está disponível no YouTube. Em menos de uma hora, você mesmo pode construir sua opinião: