Em torpedeamentos de navios e na guerra, morreram quase 2 mil brasileiros. Um militar filho de goianos liderou a tomada de Monte Castello. Em Montese, um goiano perdeu uma perna

As Forças Armadas brasileiras lutaram bravamente contra o nazismo de Adolf Hitler e o fascismo de Benito Mussolini na Itália, entre 1944 e 1945 (o Brasil declarou guerra à Alemanha em 22 de agosto de 1942). Há 70 anos.

Mas começaram a morrer brasileiros antes que o país entrasse na guerra ao lado dos Aliados (ingleses, soviéticos, americanos, franceses, poloneses). Ao todo, morreram quase 2 mil brasileiros — entre pracinhas, marinheiros e vários civis vítimas do torpedeamento de navios. Na guerra, morreram 462 militares da Força Expedicionária Brasileira (FEB, criada em 1943), a maioria, e da Força Aérea Brasileira (FAB).

O comandante da FEB foi o general João Batista Mascarenhas. Aguinaldo Caiado de Castro, filho de goianos, comandou o Regimento Sampaio e foi decisivo na tomada de Monte Castello. O goiano-tocantinense Joaquim Pinto Magalhães lutou na tomada de Monte Castello e Montese (a refrega mais cruenta), onde perdeu a perna direita. Vinte e cinco mil brasileiros participaram da batalha — 111 eram goianos.

O doutor pela USP Francisco César Ferraz, historiador equilibrado e nada ufanista, afirma que o desempenho da FEB “pode ser equiparado ao das melhores unidades aliadas envolvidas na frente italiana”.

Confira 39 livros fundamentais para entender a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial:

  • imprensa0008Os Brasileiros e a Segunda Guerra Mundial,
    Francisco César Ferraz

Trata-se de uma síntese de alta qualidade. Francisco Ferraz é um dos historiadores mais categorizados quando o assunto é a participação dos brasileiros na Segunda Guerra Mundial. “Foi na localidade de Montese que os expedicionários brasileiros enfrentaram o maior número de baixas em sua campanha, em 14 de abril de 1945. (…) A divisão brasileira conseguiu a rendição da 148ª Divisão de Infantaria Alemã, fazendo aproximadamente 15 mil prisioneiros. Isso era pouco usual na guerra travada na Itália. (…) Em um balanço sobre a atuação da FEB em combate, seu desempenho pode ser equiparado ao das melhores unidades aliadas envolvidas na frente italiana.” (Jorge Zahar Editor, 78 páginas)

 

  • imprensa0001Barbudos, Sujos e Fatigados — Soldados Brasileiros na Segunda Guerra Mundial,
    Cesar Campiani Maximiano

Doutor em História pela USP, Cesar Campiani Maximiano é autor de um dos mais qualificados livros sobre a participação de 25 mil soldados e oficiais brasileiros na luta contra o nazi-fascismo na Itália, na primeira metade da década de 1940. O autor conecta depoimentos dos expedicionários com pesquisa e interpretação histórica rigorosas. Trata-se de uma análise precisa da guerra — sem deixar de ser sua crônica. Mais do que simpática, é uma história justa com a FEB. Ele revela que 111 goianos batalharam na Europa. (Editora Grua, 447 páginas)

 

  • imprensa00091944: O Brasil na Guerra,
    Hélio Silva

O livro do historiador Hélio Silva é um clássico, relativamente superado por estudos mais recentes, como os de Ricardo Bonalume Neto, Cesar Campiani Maximiano, Fernando Lourenço Fernandes e Francisco César Ferraz. Mas permanece como uma boa crônica factual. Um livro quase didático. (Civilização Brasileira, 391 páginas)

 

 

 

  • imprensa0004Nossa Segunda Guerra — Os Brasileiros em Combate, 1942-1945,
    Ricardo Bonalume Neto

Repórter da “Folha de S. Paulo”, Ricardo Bonalume Neto é um dos historiadores mais qualificados da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. No início, desmonta o livro de William Waack, mas sua intenção é mais ampla: é contar como os brasileiros atuaram na Itália, em condições dificílimas. “O Brasil teve uma participação modesta, compatível com um país subdesenvolvido. A FEB terminou sendo bem-sucedida em combate. (…) Tomar as elevações, incluindo [o Monte] Castello, era importantíssimo para que os Aliados tivessem um ‘trampolim’ para a ofensiva final futura.” A batalha mais sangrenta ocorreu durante a tomada de Montese. Este livro, o de Cesar Campiani e os de Francisco Ferraz são fundamentais para o leitor que queira ter um visão de conjunto, ampla. São rigorosos e, ao mesmo tempo, não preconceituosos com os militares. (Editora Expressão e Cultura, 224 páginas)

  • imprensa0007O Brasil na Mira de Hitler,
    Roberto Sander

O subtítulo do livro é “A História do Afundamento de Navios Brasileiros Pelos Nazistas”. O jornalista Roberto Sander mostra que os alemães de fato bombardearam navios brasileiros (mais brasileiros morreram devido aos torpedeamentos de navios do que no front italiano). Não foram os americanos para forçar o país a entrar na guerra ao lado dos Aliados. “34 embarbações brasileiras foram torpedeadas durante a Segunda Guerra Mundial, o que causou a morte de 1.081 pessoas, a maioria civis inocentes.” (Objetiva, 260 páginas)

 

  • imprensa0010A Estrada para Fornovo,
    Fernando Lourenço Fernandes

O subtítulo do livro é: “A FEB, Outros Exércitos & Outras Guerras na Itália, 1944-1945”. O autor diz que “campanha da Itália” era “uma frente secundária”, o que não quer dizer sem importância. Citando Rubem Braga, o pesquisador anota que o “pessoal da FEB” enfrentou “uma guerra dura, com um contingente mal treinado, mas que se” saiu “bem e dignamente”. Fernandes sustenta que a FEB não enfrentou apenas “divisões fracas” na Itália. “Embora tenha iniciado a ação em meados de setembro de 1944, seus 239 dias no front a tornaram uma das divisões aliadas que mais tempo permaneceram em emprego contínuo.” (Nova Fronteira, 372 páginas)

  • imprensa0011A Luta dos Pracinhas — A FEB 50 Anos Depois: Uma Visão Crítica,
    Joel Silveira e Thassilo Mitke

O brasilianista Frank D. McCann escreveu um ensaio devastador ao livro de William Waack, “As Duas Faces da Glória”. O historiador americano, como os especialistas Ricardo Bonalume Neto e Cesar Campiani Maximiano (este ressalta que Waack apresenta documentos conhecidos como se fossem inéditos), assinala: “Waack procurou minimizar a importância da vitória observando que os veteranos alemães lhe disseram que raramente tinham mais de 50 homens guarnecendo qualquer posição naquela área. Ele não levou em conta que aqueles grupos de 50 controlavam elevações de onde disparavam ao lado de trajetórias predeterminadas que cobriam todos os acessos. É fato tão sabido na cultura militar que são necessários menos homens para defender posições elevadas do que para conquistá-las, que é quase embaraçoso realçá-lo”. O ensaio de McCann, com o título de “A Força Expedicionária Brasileira na Campanha da Itália”, é um capítulo do livro de Silveira e Mitke. (Record, 287 páginas)

  • 30367778A Guerra Que Não Acabou — A Reintegração Social dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (1945-2000),
    Francisco César Ferraz

Doutor em história pela USP, Francisco Ferraz escreveu um livro crucial para que o leitor entenda o que aconteceu com os pracinhas durante e após a guerra. “Os soldados eram recrutados nas classes mais pobres da sociedade. Alguns dos recrutados viam na instituição militar a garantia de um emprego, refeição, abrigo. (…) O analfabetismo imperava nas tropas. (…) O treinamento eficiente mesmo só foi vivenciado na Itália e, ainda assim, restrito a um regimento. Os outros acabaram por aprender a combater de verdade na própria ação.” Depois da guerra, os pracinhas foram praticamente abandonados pelo governo federal. Militares da FEB eram boicotados até no Exército. Militares conservadores acusavam a associação dos ex-combatentes de ser ligada aos comunistas. (Eduel, 376 páginas)

  • imprensa0002Aliança Brasil-Estados Unidos — 1937-1945,
    Frank D. McCann

O brasilianista Frank D. McCann é um dos maiores estudiosos do Exército (“Soldados da Pátria — História do Exército Brasileiro: 1899-1937” é brilhante). O historiador americano registra: “Os alemães estavam estupefatos com a determinação dos brasileiros. Um capitão alemão em Monte Castello contou a um tenente brasileiro feito prisioneiro de guerra: ‘Francamente, vocês brasileiros ou são loucos ou muito corajosos. Nunca vi ninguém avançar contra metralhadoras e posições bem defendidas com tanto desprezo pela vida… Vocês são verdadeiros demônios’”. (Biblioteca do Exército Editora, 394 páginas)

  • imprensa0003Quebra-Canela — A Engenharia Brasileira na Campanha da Itália,
    Raul da Cruz Lima Junior

Quem viu o belo filme “Estrada 47”, de Victor Ferraz, no qual militares brasileiros desmontam minas para a passagem das tropas que atacam nazistas alemães na Itália, certamente apreciará o livro “Quebra-Canela — A Engenharia Brasileira na Campanha da Itália”, do general Raul da Cruz Lima Junior. “O bravo pelotão da Infantaria do tenente Iporan foi a primeira tropa do 11º RI a penetrar na cidadela de Montese, na tarde do dia 14 de abril de 1945; fê-lo com tal ímpeto que surpreendeu os observadores inimigos postados na torre da Igreja. Com eles estavam os elementos do 6º Pelotão de Engenharia, sob o comando do tenente Vinhaes.” Como capitão, Lima Junior comandou a 2ª Companhia de Engenharia de Combate. (Biblioteca do Exército Editora, 245 páginas).

  • TERCEIRO_BATALHAO_O_LAPA_AZUL_1311462376BTerceiro Batalhão — O Lapa Azul,
    Agostinho José Rodrigues

Outro livro de Agostinho José Rodrigues, “Segundo Pelotão 8ª Campanha”, é comentado pelo brasilianista Frank D. McCann: “São memórias, mais que um diário, mas, obviamente, em estreita correlação com anotações feitas no campo de batalha”. Em “Terceiro Batalhão”, o autor conta a história do “pracinha de Infantaria [o senhor do campo de combate], principalmente o integrante das pequenas frações”. A história da tomada do Monte Castello e da conquista de Montese é muito bem contada, do ponto de vista militar, histórico e até literário. O livro é bem escrito. (Biblioteca do Exército, 205 páginas)

 

  • imprensa0026Operação Brasil,
    Durval Lourenço Pereira

O subtítulo, “O Ataque Alemão Que Mudou o Curso da Segunda Guerra Mundial”, talvez seja exagerado. Mas o livro do tenente-coronel Durval Lourenço Pereira é muito bom. Ele nota que a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial foi decisiva para o país. Fortaleceu a indústria local e, quando o conflito acabou, a ditadura de Getúlio Vargas ruiu. “Jamais foi publicada uma obra esmiuçando o maior ataque planejado pela Alemanha nazista contra uma nação das Américas: a Operation Brasilien.” Ocorreu uma “carnificina no litoral nordestino em agosto de 1942. Em época de paz, nunca tantos brasileiros foram assassinados em tão pouco tempo”. Os alemães mataram centenas de marinheiros e civis brasileiros — que não estavam em guerra. “Um único U-boot matou mais de 600 pessoas no litoral do Nordeste, destruindo seis navios.” Trata-se, frisa o pesquisador, do Pearl Harbor brasileiro. Pereira observa que a luta dos pracinhas não está nos livros didáticos de história. (Contexto, 335 páginas)

  • imprensa0006Bom Dia, Meus Camaradas — Marechal Aguinaldo Caiado de Castro,
    Magaly Caiado de Castro

Filho de goianos, nascido no Rio de Janeiro, Aguinaldo Caiado de Castro foi o militar que comandou a tomada do Monte Castello, na Itália, e capturou vários alemães. “Bom Dia, Meus Camaradas” é como ele cumprimentava seus subordinados. Era um militar duro, firme, mas civilizado e hábil na definição de táticas e estratégias. Comandava o Regimento Sampaio. Recebeu elogios escritos dos generais Mark Clark (“Em Monte Castelo, o coronel Caiado mostrou as qualidades superiores de sua capacidade de comando”), Willis D. Crittenberger e Dwight D. Eisenhower. Caiado foi um grande defensor dos pracinhas, ao percebê-los abandonados pelo governo federal. (230 páginas)

  • L2FrenteA Entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial,
    Ricardo Seitenfus

Trata-se de um denso estudo acadêmico, produto de uma tese de doutorado apresentada na Universidade de Genebra, em 1980. Contribui fortemente para entender, com farta documentação, os motivos pelos quais o Brasil alinhou-se com os Aliados, notadamente com os Estados Unidos, e renegando a simpatia anterior pelo Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Recomenda-se sobretudo a leitura dos artigos “A ruptura com o Eixo e a aliança com os Estados Unidos”, “O Eixo diante da nova situação” e “A declaração de guerra”. (Edipucrs, 378 páginas)

 

  • imprensa0014Os Soldados Brasileiros de Hitler,
    Dennison de Oliveira

O historiador presume “que algumas centenas de brasileiros lutaram na Segunda Guerra Mundial sob a bandeira da Alemanha nazista (leia resenha aqui). O soldado Karl, que nasceu na Alemanha mas morou no Brasil e tinha irmãos brasileiros, lutou ao lado do general alemão Erwin Rommel e morreu em 1942. (Juruá, 122 páginas)

 

 

 

  • imprensa0005O Expedicionário — Memórias da 2ª Guerra Mundial,
    Joaquim Pinto Magalhães

Trata-se de um livro extraordinário, de um militar goiano-tocantinense que lutou bravamente na Itália. É dramático, mas sem autocomiseração. Em Montese, onde vários brasileiros perderam a vida, Joaquim Pinto Magalhães sofreu ferimentos graves. “Uma bomba caiu em minhas pernas, quebrando-as, uma totalmente e a outra com fraturas graves. (…) Fui levado para o hospital de Pistoia onde eu devia ser operado imediatamente. Recomendei insistentemente aos médicos que esmerassem o quanto pudesse na operação para que a fizessem sem amputação a perna abaixo do joelho, mas não foi possível e quando voltei da anestesia minha perna [direita] estava cortada acima do joelho. O impacto emocional foi terrível”. Ele menciona outras pracinhas de Goiás: Brasil Segurado, Paulo Gomide Leite, Acary Brandão, Gerson Arrais, Zilmar, Garcia, Vicente e Nunes.

  • 15067602Crônicas da Guerra na Itália,
    Rubem Braga

Algumas das mais belas páginas sobre a participação dos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra Mundial foram escritas por um correspondente de guerra que também era escritor. Na crônica “O pracinha Juan”, Rubem Braga anota: “É soldado raso, tem 22 anos, nasceu em Sorocaba, mas certamente tem mais coisa para contar que qualquer outro rapaz de Sorocaba, e já viu mais bala do que qualquer soldado raso do Brasil. Chama-se de Juan, e me conta sua história. (…) Para lutar… contra os nazistas, Juan atravessou duas vezes o Atlântico. Foi de Madri ao Rio, a São Paulo e a Goiás, e agora veio à Itália. Enquanto houver nazistas no mundo, Juan andará atrás deles”. (Record, 323 páginas)

  • imprensa0024Os Soldados Alemães de Vargas,
    Dennison de Oliveira

O historiador Dennison de Oliveira revela que pelo menos 800 dos militares que integraram a FEB eram de origem alemã. Bruno Larsen foi o “único caso de um integrante da FEB que desertou do serviço ativo em face do inimigo e a ele espontaneamente se rendeu [em 3 de dezembro de 1944], tendo colaborado, em algum grau, com informações e serviços em prol do esforço de guerra alemão”. Larsen alegou cansaço de guerra e que “não queria combater contra os alemães”. Dennison diz que “deve-se falar em deserção e, simultaneamente, traição”. O quinta-coluna teria se enforcado. Suspeita-se que tenha “sido executado extrajudicialmente”. (Juruá Editora, 157 páginas)

  • livro_006O Brasil na II Grande Guerra, Biblioteca do Exército,
    Manoel Thomaz Castello Branco

Escrito por um militar que participou da guerra, é apontado como um dos mais notáveis. O brasilianista Frank D. McCann afirma que se trata da “melhor história de combates” (a opinião do scholar americano é de 1995). “Embora não traga notas de rodapé, é baseado em material dos arquivos da FEB. E uma fonte obrigatória de estudos do período da guerra.” Ricardo Bonalume corrobora: “Apesar de seu militarês, ‘O Brasil na II Grande Guerra’, de M. T. Castello Branco, que foi oficial de comunicações do 1º Regimento de Infantaria da FEB, é utilíssimo para se acompanhar a campanha”. (Biblioteca do Exército, 630 páginas)

  • Convite_BelisaLembranças da Luta,
    Belisa Monteiro, Dérika Kyara e Letícia Santana

As jornalistas entrevistaram pracinhas goianos (ou radicados em Goiás) e conseguiram extrair ótimos depoimentos. Dos dez mencionados, sete lutaram na Itália, entre 1944 e 1945, e “três ficaram no litoral brasileiro”. Numa missão em La Serra, Paulo Gomide ficou “48 horas sem dormir, atirando, e, por força das circunstâncias, não conseguia tempo para comer”. As repórteres conseguiram extrair dos pracinhas informações que muitos historiadores, devido à objetividade, não conseguem: um retrato vívido do cotidiano no cenário da guerra. (Instituto Brasil de Cultura, 89 páginas)

  • imprensa0013“As Duas Faces da Glória”,
    William Waack

O subtítulo do livro é “A FEB Vista Pelos Seus Aliados e Inimigos”. O livro é frágil, como notaram os historiadores Frank D. McCann e Cesar Campiani Maximiano e o jornalista Ricardo Bonalume Neto. Acredita-se que a razão é a falta de conhecimento das particularidades do meio militar. Pesquisadores chegam a falar em “ignorância”. Mas há também o preconceito contra militares, sobretudo devido à ditadura instalada no país em 1964. O curioso é que militares que lutaram na Itália colaboraram para a derrubada de uma ditadura, a de Getúlio Vargas, em 1945, e articularam a ditadura de 1964. “Para os Estados Unidos, a presença de tropas brasileiras na Itália foi mais uma necessidade política do que militar.” Waack é pródigo em colher depoimentos alemães e americanos contra as tropas brasileiras, desmerecendo-as. (Planeta do Brasil, 344 páginas)

  • 710370_774A Verdade Sobre a FEB: Memórias de um Chefe de Estado-Maior na Itália,
    Floriano de Lima Brayner

Por mais que se discorde de algumas de suas análises sobre combates ou militares, é um clássico sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Brayner, por ter sido um dos chefes na Itália, sabe muito sobre o assunto. Perdeu espaço para o coronel Humberto de Alencar Castello Branco (o mesmo que, em 1964, se tornou o primeiro presidente da ditadura). Era mais da escola francesa e Castello Branco, da americana. Livro complexo, mas incontornável. (Civilização Brasileira, 535 páginas)

 

  • 51Ev+SXW5qL._Senta a Pua!,
    Rui Moreira Lima

A história da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial é quase sempre vista do prisma do Exército. Por isso, e por sua alta qualidade, o livro “Senta a Pua!” é importante. Trata-se da “história dos homens que integraram o Grupo de Caça Brasileiro e a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO)”. Rui Moreira Lima participou da batalha e foi um piloto bem-sucedido. Ele executou 94 missões nos céus da Itália. O livro é uma crônica detalhada escrita por quem é especialista no assunto. (Editora Itatiaia, 465 páginas)

  • imprensa0023A FEB Por um Soldado,
    Joaquim Xavier da Silveira

O general Meira Mattos escreveu que o livro (Nova Fronteira, 353 páginas) “é um retrato vivo, fiel e comentado dos fatos principais vividos pelos comandados do general Mascarenhas de Moraes”. Meira Mattos frisa que os pracinhas eram corajosos e obstinados. “No decorrer de nove meses de efetivo combate”, os brasileiros enfrentaram “dez divisões alemães e três italianas. Este feito, sim, foi épico.” Joaquim Xavier aponta o coronel Caiado, Aguinaldo Caiado de Castro, como “figura inesquecível de chefe e condutor de homens, que teve nos ombros a responsabilidade de conquistar Monte Castello”. Joaquim Xavier é também autor de “Cruzes Brancas — O Diário de Um Pracinha” (José Álvaro Editor, 218 páginas).

  • imprensa00251942 — O Brasil e Sua Guerra Quase Desconhecida,
    João Barone

João Barone é mais conhecido como músico do Paralamas do Sucesso. Mas ele também é um estudioso sério da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. Seu pai, João de Lavor Reis e Silva, foi pracinha. Barone escreve sobre Reis e Silva: “Empunhando seu fuzil no sopé do Monte Castello, onde passou o carnaval de 1945. Depois, em Montese, pouco antes da Semana Santa, desentocando alemães das casas. Em Fornovo, no gran finale da campanha da FEB, capturando 15 mil alemães.” Espera-se que João Barone, que escreve com clareza e didatismo, avance nas suas pesquisas. (Nova Fronteira, 285 páginas)

 

  • imprensa0015Heróis Esquecidos,
    Paulo Vidal

Quando o livro foi lançado, em 1960, havia pouca coisa publicada sobre os pracinhas. “Sobre a vida, os feitos dos pracinhas, existe muito pouco. (…) Como motorista e mensageiro do PC Avançado da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária presenciei muitos episódios emocionantes.” A obra é uma reunião de reportagens publicadas em jornal.

 

 

  • imprensa0027Guerra Sem Guerra,
    Roney Cytrynowicz

O subtítulo do livro é “A Mobilização e o Cotidiano em São Paulo Durante a Segunda Guerra Mundial”. Original, a obra mostra que, assim como havia uma guerra na Europa, ainda que distante, havia um clima de guerra no Brasil. A rigor, apesar das várias mortes, tanto na guerra quanto no torpedeamento de navios, o país ganhou com a batalha. Sua economia floresceu e, ao final do conflito, a ditadura ruiu. (Geração Editorial e Edusp, 420 páginas).

 

 

  • imprensa0012O Rádio na Segunda Guerra,
    Rose Esquenazi

O subtítulo do livro é “No Ar, Francis Hallawell, o Chico da BBC”. Os jornalistas mais citados que cobriram a ação dos pracinhas na Itália são Rubem Braga, Egydio Squeff e Joel Silveira. “No serviço brasileiro da BBC, Francis Hallawell foi convocado, em 1944, para ser o primeiro e único correspondente de rádio na guerra, do lado brasileiro. Do campo avançado dos pracinhas na Itália, Hallawell — o Chico da BBC — transmitia programas e relatos sobre os principais acontecimentos. Como os outros profissionais, ele sofria severa censura feita pelos militares e pelo DIP, que atuava a distância. Aprendeu com mestres da crônica, como Rubem Braga, a descrever a vida cotidiana dos soldados.” A autora cita uma jornalista brasileira “que passou pela Itália, Silvia de Bettencourt, a Majoy, que trabalhava para a United Press”. (Insular, 189 páginas)

  • imprensa0021Batalha Sonora — O Rádio e a Segunda Guerra Mundial,
    Cida Golin e João Batista de Abreu

Golin e Abreu são organizadores do livro. Irineu Guerrini Jr. escreve o ensaio “Brazilian Section — As transmissões em português da BBC durante a Segunda Guerra Mundial”. Sonia Virginia Moreira é autora do texto “A Voz da América no front: o serviço de radiofusão oficial dos Estados Unidos”. Luciano Klöckner escreve “O noticiário radiofônico como política de guerra e a edição brasileira de O Repórter Esso”. Doris Fagundes Haussen é autora de “O jovem tataravô — humor, rádio e imaginário da Guerra no cinema brasileiro”. (Edipucrs, 190 páginas)

 

  • imprensa0016Deslocados de Guerra em Goiás,
    Jan Magalinski

O subtítulo do livro é “Imigrantes Poloneses em Itaberaí”. Em meados do século 20, depois da Segunda Guerra Mundial, poloneses — na verdade, “imigrantes de 11 diferentes nacionalidades” (poloneses, romenos, ucranianos e iugoslavos, em sua maioria) — instalaram uma cooperativa agrícola no município de Itaberaí (Goiás). Segundo o polonês Jan Magalinski, “trata-se da primeira cooperativa formada na América Latina por deslocados de guerra”. (Editora UFG, 221 páginas)

 

  • urlQuixote nas Trevas,
    Fábio Koifman

O complemento do título é “O Embaixador Souza Dantas e os Refugiados do nazismo”. O Brasil tem seu Oskar Schindler, que salvou muito mais judeus do que o alemão, mas é menos conhecido. Corajosamente, alegando “piedade cristã” e contrariando setores conservadores do governo de Getúlio Vargas, Souza Dantas concedeu vistos a torto e a direito e salvou milhares de judeus e outros perseguidos pelo nazismo. (Record, 504 páginas)

 

 

  • 46764A FEB Pelo Seu Comandante,
    João Baptista Mascarenhas de Moraes

O livro de memórias do comandante da FEB na Itália, Mascarenhas de Moraes, é fundamental para os estudiosos do assunto. A leitura por vezes é tediosa, mas a obra deve ser vista como um registro documental. Um clássico. Ele teria sido escolhido por Getúlio Vargas e Eurico Dutra para comandar a Força Expedicionária por ser “apolítico”. O coronel Castello Branco foi um de seus aliados para substituir a formação francesa pela americana, em plena área de combate, na Itália. (Instituto Progresso Editorial, 341 páginas.)

  • imprensa0022Cinquenta Anos Depois da Volta,
    Octavio Costa

O general Octavio Costa escreveu um livro pequeno, mas importante, sobre a FEB. Arrancou um elogio até de Joel Silveira, a Víbora: “O livro de Octavio Costa relata não apenas o itinerário da FEB na Itália, com a descrição de suas vitórias e reveses, mas também os antecedentes políticos e geopolíticos e as motivações de ordem moral que impuseram a formação do corpo expedicionário brasileiro e a sua participação na guerra contra o nazi-fascismo. O estilo ágil, corrido e claro de Octávio Costa lembra a maneira de um repórter experimentado e senhor da síntese, mas as considerações com que ele antecede a história propriamente dita da campanha da FEB transcendem os limites da reportagem, que nunca devem ser transpostos sem o perigo de cair no campo das ilações, e denunciam a presença do historiador”.

  • 3151019Guerra em Surdina,
    Boris Schnaiderman

Agrônomo por formação, Boris Schnaiderman, nascido na Ucrânia, consagrou-se como tradutor da literatura russa — Puchkin, Dostoiévski, Tolstói —, mas, antes disso, combateu na Segunda Guerra Mundial, na Itália, contra os soldados alemães. No livro, conta como foi a convocação dos pracinhas e o retorno para o Brasil (a FEB foi desmobilizada rapidamente porque Getúlio Vargas temia a onda democrática. Lá fora os pracinhas lutavam contra uma ditadura, a nazista, e no Brasil vivia-se a ditadura do Estado Novo). A partir de uma história real, a guerra no front italiano, Schnaiderman cria um livro ficcional. Muito bem escrito, por sinal. A guerra fica mais viva e, paradoxalmente, real. (Cosacnaify, 256 páginas)

  • mina-r-narrativa-roberto-de-mello-e-souza-14578-MLB230562682_3946-FMina R,
    Roberto de Mello e Souza

Irmão do maior crítico literário do país, Antonio Candido, Roberto de Mello e Souza escreveu um romance (memórias não disfarçadas) notável sobre a participação dos pracinhas na Segunda Guerra Mundial. Mello e Souza, cabo na guerra, conta a história de maneira tão vívida que o leitor, inebriado pelas várias facetas do conflito, sente-se participante. Ele admite que, como outros soldados, contava histórias com certo exagero. Chegou a dizer que havia abatido dois alemães “a faca”. “A gente sofreu tanto que fantasiar com pouco de vantagem não machucava ninguém. E o fato é que às vezes a gente fazia coisas tão impossíveis que nem se tinha coragem de contar.” (Record, 189 páginas)

 

  • imprensa0017Suástica Sobre o Brasil,
    Stanley E. Hilton

Com o subtítulo “A História da Espionagem Alemã no Brasil”, o livro revela o esquema armado por Hitler para espionar a política e os negócios do país. Entre os espiões estava o grande poeta cearense Gerardo Mello Mourão. O bardo, de 25 anos, trabalhava no jornal pró-Eixo “Gazeta de Notícias”. “Gerardo concordou em servir como portador de mensagens” para os nazistas. O celebrado tradutor de Guimarães Rosa para o alemão, Curt Meyer-Clason, também foi acusado de espionar para o governo de Hitler. (Civilização Brasileira, 356 páginas)

 

  • imprensa0020Alemanha 1938,
    Eduardo Infante

O subtítulo é “Um Militar Brasileiro e Sua Família na Alemanha Nazista”. Não tem a ver com a Segunda Guerra Mundial, que só começou em 1939, mas o então major Gellio de Araújo Lima, que esteve na Alemanha a serviço do Ministério da Guerra e do Exército brasileiro, pôde perceber a montagem da máquina de guerra de Adolf Hitler. Pôde também verificar a perseguição aos judeus. (Prata, 192 páginas)

 

 

  • imprensa0019A Campanha da Força Expedicionária Brasileira Pela Libertação da Itália,
    Durval de Noronha Goyos Jr.

Comparada a livros mais sólidos, a história é muito sintética, o que impede um entendimento mais amplo da atuação da FEB na Itália. O autor busca fazer uma análise política do período, notando, por exemplo, que se lutava pela democracia na Europa e mantinha-se uma ditadura no Brasil. O historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira diz que se trata de “magnífico texto”. (Cultura Acadêmica, 151 páginas)

 

 

  • imprensa0018O Brasil e a 2ª Guerra,
    João Falcão

O subtítulo é “Testemunho e Depoimento de um Soldado Convocado”. O autor, de esquerda, diz que “o Brasil foi o único país cujo povo pediu ao governo para declarar guerra ao Eixo, depois de submarinos [alemães] afundarem 15 navios mercantes e cinco de passageiros do nosso país”. O autor busca fazer uma análise política, inclusive sobre o fato de a FEB ser desmontada rapidamente. Temia-se o ímpeto “democrático” dos militares que haviam chegado da Europa, onde defenderam a democracia contra a ditadura de Hitler e Mussolini