O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou lei que intitula de “Bernardo Sayão” trechos de estradas que ligam Belém a Brasília. São elas a BR-153, trecho entre as cidades de Anápolis (GO) a Wanderlândia (TO); a BR-226 que liga Wanderlândia (TO) a Estreito (MA); a BR-010 compreendida entre o Estreito (MA) ao entroncamento com a BR-316, entre Santa Maria do Pará (PA) e Belém (PA). A Lei 14.730, de 2023, foi publicada sem vetos no Diário Oficial da União, em edição extra.

A lei originou-se do Projeto de Lei (PL) 641/2015, de iniciativa do ex-senador Donizeti Nogueira, aprovado pelo Senado em maio de 2019 pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), com relatoria do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA).

História

Bernardo Sayão Carvalho Araújo foi um engenheiro agrônomo designado em 1958 pelo então presidente Juscelino Kubitschek para construir a ligação entre Brasília e o Norte do país. O engenheiro trabalhara desde 1955 na construção de Brasília como um dos diretores da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e já havia exercido o cargo de vice-governador do estado de Goiás, com votação superior à do próprio governador eleito.

Para o autor da proposta, ex-senador Donizeti Nogueira, o projeto devolve o nome de Bernado Sayão à rodovia pela qual “devotou sua vida e sua morte”. Isso porque o decreto de 1960 do então presidente Juscelino Kubitschek foi revogado por ato do Poder Executivo em 1991.

Getúlio Vargas, presidente da República, com o jovem engenheiro-agrônomo Bernardo Sayão e Luiz Simões Lopes, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro | Foto: Arquivo Nacional

“[A lei sancionada pela presidência] une trechos de diferentes rodovias federais com o objetivo de devolver a unidade do traçado original da Rodovia Belém-Brasília, ao mesmo tempo em que homenageia e reaviva a memória do grande herói nacional que foi Bernardo Sayão Carvalho Araújo”, disse o autor da proposta em seu relatório.

Há várias versões sobre as exatas circunstâncias da morte de Sayão, mas é fato que, no início de 1959, ele foi atingido pelo galho de uma árvore cortada de forma incorreta enquanto examinava projetos numa barraca de campanha próxima ao município de paraense de Ulianópolis. Sayão sobreviveu até a chegada do resgate, mas morreu a bordo do helicóptero que o levava para atendimento médico. Tinha fraturas no crânio e em um dos braços. O engenheiro foi uma das primeiras pessoas sepultadas no cemitério Campo da Esperança, na nova capital, cujo terreno ele mesmo teria demarcado.

Livro

Um trecho da excelente biografia de Bernardo Sayão, o engenheiro que ajudou a “refundar” o Brasil ao se unir ao presidente Juscelino Kubitschek, mostra a importância do engenheiro na história do Brasil.

“Em 17 de janeiro, JK já tinha anunciado, no discurso à beira do túmulo: “A estrada, uma das vias de libertação e da grandeza de nossa nacionalidade, terá o seu nome”. Houve um decreto em 1960 para confirmar a denominação. E assim foi até o Poder Executivo revogar a decisão em 1991. Além do rápido anúncio de Juscelino, o nome de Sayão aparece na Câmara dos Deputados, quatro dias após a morte, como recomendação para identificar uma escola de agronomia de Rio Verde, Goiás, o que nunca aconteceu.

Em 2022, tramitava no Congresso Nacional projeto de lei do senador Donizeti Nogueira para devolver o nome do engenheiro aos trechos de BRs que, juntos, compõem a Belém-Brasília: BR-153, de Goiás a Tocantins; BR-226, no Maranhão; e BR-010 e BR-316, no Pará. Seja como for, não há uma placa sequer que indique ao longo da rodovia que ela se chamou (ou se chamará novamente) Bernardo Sayão. As cidades às margens compensam essa ausência com as indicações – muitas e constantes – em ruas e avenidas.”

*Com informações da Agência Senado

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