O centenário de Anatole Ramos: Goiânia, literatura e erotismo

28 outubro 2024 às 16h00

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2024 marca, no calendário da cultura goiana, o centenário de nascimento do escritor, jornalista, cronista, contista, romancista e dramaturgo Anatole Ramos, nome inesquecível pelas suas produções carregadas de erotismo e vivacidade e que tiveram por palco, em grande maioria, a cidade de Goiânia. Ele nasceu no dia do professor e nada mais justo que nesse mês também do aniversário da capital de Goiás, sua memória seja reverenciada.
Ele nasceu em Ervália, Estado de Minas Gerais em 15 de outubro de 1924, filho de Álvaro da Silva Ramos e Maria José Ramos e, desde cedo, já teve pendores literários e satíricos, de grande vivacidade e criatividade. Escrevia bem tanto em poesia, com suas trovas, quanto na prosa, com contos, crônicas romances, além do gênero dramático, com peças de teatro. Foi polígrafo em sua atuação nas letras goianas.
Participou da Segunda Grande Guerra Mundial como terceiro sargento. Ficou no setor de armamento e seguiu para a Itália durante aquele duro período. Recebeu condecorações como Campanha da Itália, Campanha Atlântico Sul e Presidential Unit Citation (EUA). Em 25 de fevereiro de 1945, com 21 anos, apresentou-se em Pisa e retornou para o Brasil. Aqui, pediu baixa no Posto de 3º Sargento. Seguiu depois caminhos completamente diferentes em sua existência de pouco quase setenta anos.
Ele foi criado no Rio de Janeiro, então Capital Federal. Lá fez seus estudos primários, secundários e superiores. Formou em Direito pela Faculdade da Rua do Catete, que era a Universidade do Estado da Guanabara. Ali também iniciou a atuação na imprensa e produziu os primeiros trabalhos literários.
Casou no Rio de Janeiro com Maria de Lourdes Satyro Ramos, com quem teve sete filhos. Em 1963 mudou para Goiânia, onde trabalhou como fiscal no Ministério do Trabalho e foi aposentado compulsoriamente pelo AI-5. Depois disso dedicou-se ao jornalismo e literatura, com grande produção na imprensa e na publicação de obras importantes no cenário das letras goianas.
As obras de Anatole Ramos são colhidas da vivência popular, pequenos dramas cotidianos, a existência dos humildes e esquecidos de Goiânia; professores, trabalhadores do transporte coletivo, passageiros de ônibus, costureiras, feirantes, pessoas comuns, que ele, com maestria, deu voz e dignidade, como representante legítimo daqueles pisoteados no dia a dia.
Na imprensa sofreu muitas perseguições pelo estilo livre ao defender as pessoas das injustiças cotidianas. Em matéria no Jornal O popular, de 03 de fevereiro de 1979, foi conceituado por Brasigóis Felício como “um cronista quixotesco desafiando moinhos de vento”. Tinha, em sua escrita, paixão pela verdade e pela justiça. Simples, como seus personagens, tinha vivacidade na escrita, calor do sentimento derramado em palavras. Foi porta-voz dos professores, alunos, injustiçados, garis, vítimas de assaltos, da população em situação de rua, dos infelizes.
Foi cronista a serviço do social, com denúncias pesadas, mas a manter o tom humorístico de suas produções. Escrevia de maneira direta e simples, para se fazer entendido. Suas obras tinham quase sempre a ilustração do cartunista Jorge Braga. Haroldo de Britto Guimarães também sempre esteve próximo ao autor, na amizade e também, como prefaciador de algumas de suas obras. Polivalente, não escreveu para a elite e nem teve ambições acadêmicas. Pertenceu apenas a UBE-GO.
Muitos de seus livros lhe trouxeram dissabores como O fazendeiro que denunciou os bispos, editado por Jaime Câmara, com ilustrações de Jorge Braga. Era por homenagens às suas crônicas do Jornal O Popular. Mas, o conteúdo das crônicas e as críticas, torouxeram muitos sofrimentos para o autor, em conta dos poderosos que ele denunciou,
Sempre protestou contra as coisas erradas como a censura, o policialismo, a violência e exclusão. Sofreu tentativas de agressão, processos e até ameaças de morte pelas crônicas que produziu em diferentes jornais. Ele se policiava e se censurava quanto a seus méritos. Era crítico de si mesmo. Admirava Moisés Santana, jornalista polêmico, assassinado em 1922, por suas contestações, em Uberaba.
Era frequentador de livrarias e sebos, por onde andava, a garimpar obras de seu interesse. Sempre criticou a falta de leitura ou leitura inadequada da juventude. Seu livro Minhas queridas formigas foi adotado em sala de aula, pelo então famoso professor goianiense Eurípedes Leôncio, hoje residente em Brasília. Também ministrava palestras em escolas. Criticava o restrito mercado editorial goiano e admirava professores como Álvaro Catelan e Eurípedes Leôncio, que fizeram história nas aulas de literatura em Goiás.
Em sua entrevista concedida ao jornal O Popular de 22 de janeiro de 1988, intitulada “Caminhada para o estado de incultura”, deixou a mensagem de sua indignação com a educação brasileira da época e a questão dos professores. Também, o abandono dos autores goianos, incapazes de publicarem seus próprios livros, falta de distribuidores e bibliotecas insuficientes.
Na matéria “Anatole Ramos: Um pioneiro em alto estilo”, escrita por Antonio Lessa, veiculada no Jornal Diário da Manhã, de 17 de dezembro de 1987, rotulou o autor como brincalhão, irreverente, crítico e relata sua história no jornalismo desde 1947, com 40 anos de atuação, na época; inclusive, com passagens pelos veículos de comunicação cariocas e a perseguição de Carlos Lacerda. Disse do erotismo pioneiro em sua obra, com histórias picantes, com cenas de sexo, traição e adultério; temas que eram tabus para a época, daí o seu mérito em abrir fronteiras.
Suas obras receberam premiação como o “Prêmio Guimarães Rosa”, que recebeu em Belo Horizonte, em 1982, conforme publicou o Jornal O Popular, de 19 de dezembro de 1982. Era a quantia de três mil cruzeiros na época pelo romance O subversivo, que seria publicado só mais tarde, em Goiânia, com outro título. Nesse mesmo ano, Brasigóis Felício publicou sobre ele no jornal O Popular, em 08 de dezembro de 1982, com o título “Anatole Ramos: Eu sou assim como o João, se me pisam no calo, eu recrudesço”.
Nessa matéria mostra sua irreverência e independência de escrita, as intolerâncias sofridas, a simplicidade sem afetação de sua narrativa, assim como colocar-se no lugar do outro, nos sofrimentos coridianos. Mais ao final da vida abandonou as longas narrativas e dedicou-se às crônicas, mais leves e rápidas.
Publicou crônicas no jornal O Popular, de 1977 a 1986, como “Pare de tomar a pílula”, de 17 de agosto de 1977; “Boquadi, meu amigo”, de 19 de agosto de 1977; o “O tesouro da casa velha da ponte”, de 21 de agosto de 1977; “Um triste mal exemplo”, de 28 de agosto de 1977; “Meninos, eu vi”, de 31 de agosto de 1977; “Quem se afoga numa gota d’água”, de 19 de outubro de 1977; “Não fale alto, bem”, de 21 de outubro de 1977; “Quem pechincha”, de 23 de outubro de 1977; “Eureka”, de 30 de outubro de 1977; “As torquemadas do Meia Ponte”, de 30 de outubro de 1977; “Mal sem cura”, de 21 de novembro de 1977; “Quando o rôto se ri do amarrotado”, de 23 de novembro de 1977; “Os meu erros”, de 25 de novembro de 1977; “Entre cachorros encontrei-te”, de 28 de novembro de 1977; “Histórias do capitão”, de 30 de novembro de 1977; “O mais fraco paga o pato”, de 12 de dezembro de 1977; “Educação e negócios”, em 18 de janeiro de 1978; “A estupidez humana, Gil Vicente e Camões”, de 14 de dezembro de 1980; “Façamos a revolução popular”, em 07 de novembro de 1986.
No jornal Folha de Goiaz, Anatole Ramos publicou de 1965 a 1982, as crônicas “O pedreiro que não queria testemunha”, em 31 de outubro de 1965; “Sônia me conta uam história”, em 07 de novembro de 1965; “Balanço de amor”, em 21 de novembro de 1965; “Um livro absorvente” em 09 de outubro de 1966; “Gesto decisivo”, de 31 de março de 1968; “O muro do desamor”, em 09 de julho de 1969; “A verdadeira história de uma mulher”, em 09 de setembro de 1969; “A arvorezinha que foi árvores de natal”, em 25 de dezembro de 1969; “A primeira pedra”, em 20 de dezembro de 1970; “Gesto decisivo”, em 12 de janeiro de 1976; “O hino de Goiás”, de 05 de setembro de 1981; “Viver e deixar viver”, em 12 de setembro de 1981; “É Goiás, Goiás, Giás”, em 31 de dezembro de 1981; “Incopetência, desonestidade ou censura”, em 09 de janeiro de 1982; “Zeroa zero”, de 13 de janeiro de 1982; “Onde está o dinheiro?”, em 23 de janeiro de 1982; “Por que não, dona Maria?” em 13 de março de 1982 “Sob a ditadura”, em 03 de abril de 1982;
No jornal Cinco de março, publicou de 1970 a 1981, as crônicas “Tudo para as mulheres”, em 22 de junho de 1970; “Pedido de habeas corpus pra libertar o bandeirante”, em 26 de junho de 1970; “Eu verus Itália”, em 29 de junho de 1970; “O assalto à árvore de natal”, em 04 de janeiro de 1971; “Cara de pau, pau, pau”, em 22 de fevereiro de 1971; “O desacordo ortográfico”, em 12 de julho de 1971; “Para tirar o barão do folclore”, em 29 de setembro de 1974; “Indiscrições acadêmicas”, em 12 de dezembro de 1981.
No Jornal Opção publicou de 1974 a 1980, as crônicas “Gegê e joão, tal e qual”, em 14 de outubro de 1974; “Discos voadores, nunca vi”, em 09 de julho de 1977; “Bombocado não é para quem quer”, de 24 de maio de 1979; “Os professores despertaram”, em 31 de maio de 1979; “Queixada dura”, em 07 de junho de 1979; “Burocracia num carimo”, de 17 de junho de 1979;”Os farmacêuticos e Pelé”, de 14 de julho de 1979; “Honra ofendida”, em 23 de outubro de 1979; “A burocracia num armário de aço”, de 27 de outubro de 1979; “Discriminando a discriminação”, em 01 de dezembro de 1979; “Quem tem pedras para jogar?”, em 08 de dezembro de 1979; “O inventário”, de 16 de dezembro de 1979; “O tapete de cem mil cruzeiros”, de 12 de dezembro de 1980; “Natal atrás das grades”, em 27 de dezembro de 1979; “Conversa para esperar 1981 chegar”, em 30 de dezembro de 1980.
Em Goiânia, também, Anatole Ramos fez o curso de Letras Vernáculas na antiga Faculdade de Filosofia da UFG e deixou o curso de Comunicação pela metade. Teve um sério problema de visão por determinado tempo, mas com a ajuda de muitos colegas, conseguiu fazer uma complicada operação e obteve êxito. Colaborou com a extinta Revista Prazer, a primeira no gênero erótico em Goiânia.
Anatole Ramos foi autor da letra do Hino de Goiânia, cuja música foi feita por João Luciano Curado Fleury. Ganhou por diversas vezes a premiação de Bolsa de Publicações em Goiás, pela relevância de sua produção no gênero romance, principalmente.
Sua primeira obra publicada foi uma coletânea de trovas, gênero a que sempre esteve ligado, intitulada Canto alegre, no ano de 1967, em edição simples, com capa de sua esposa Maria de Lourdes Satyro Ramos. Pequena obra, de 39 páginas, trouxe uma série de pequenas trovas, com apresentação do autor, ao explicar as especificidades do gênero.
Nesse mesmo ano, 1967, publicou seu primeiro romance, Antes da águas, que veio como prêmio do Concurso Literário do Instituto Goiano do Livro e saiu em 1968, pela Editora do Departamento Estadual de Cultura (DEC), que era a Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, até hoje em vigor, há 80 anos.
Com 182 páginas, a obra destaca uma história de erotismo e traição conjugal, com toques de sutil ironia e mordacidade a questão do homem/professor, o protagonista da obra, egoísta e mentiroso, ao iniciar com a clássica definição “só eu importa nesse mundo”. Na narrativa, a esposa obesa e traída é sempre criticada pelo personagem, enganada até o final. A história se passa na Goiânia nada romântica dos anos 1960. Não há divisões de capítulos e o enredo segue escrita num único bloco.
Enveredou-se pela dramaturgia, ao publicar no ano de 1969, pelo Departamento Estadual de Cultura a peça A consciência didática, em um ato de cinco quadros. A capa do livro foi de A. Mercadante, com apresentação de Henrique Pongetti, 62 páginas. Foi apresentada pela primeira vez no encerramento da “1ª Semana de Estuos Luso-brasileiros”, no auditório do Colégio Santo Agostinho, por alunos da Faculdade de Filosofia, em 01 de outubro de 1967 e, depois, publicada em livro. Teve outra peça intitulada Um show à parte, que foi mimeografada para apresentação, mas cortada pela Censura Federal, no ano de 1970.
No ano de 1971 publicou o livro de contos Minhas queridas formigas, pelo Departamento Estadual de Cultura, como parte do Concurso do Instituto Goiano do Livro. Com182 páginas, a obra, com capa e ilustrações de Eddie Esteves, desenho e prefácio do autor e apresentação de Marçal Costa, da cidade de Uberlândia.
A obra possui 19 contos intitulados Menino em fuga, O velório, Deslumbramento, Briga no bar, Pormenor perturbador, Brincadeira de esconder, A mulher e o vizinho, O milagre, O cego me odiava, Tias, Minhas queridas formigas, O apartamento no Flamengo, Gesto decisivo, O maldito vício, O bêbado habitual, O reencontro do impossível, As tortas, Mesa de bar, O segredo do menino. São histórias simples, urbanas, ambientadas em ambientes comuns da rua, das casas, do subúrbio, dos bares, da gente comum, as pessoas da periferia de Goiânia. Foi adotado em colégio para leitura dos alunos do conceituado professor Eurípedes Leôncio, na época.
Também destacou-se pelo estudo ortográfico e na criação de uma editora própria, a “Barão de Itararé”, que não teve existência muito longa, dadas as dificuldades da época e, também, da atualidade, em relação à produção de livros. Teve a parceria de Phaulo Gonçalves na publicação de algumas obras. Nessa, publicou o romance O planeta do silêncio, em 1974, em formato pequeno, com 226 páginas, narrativa sem divisões por número de capítulos, apenas espaços em branco ao início de cada um; criou uma história surreal, baseada na possível presença de discos voadores, suas origens e ocupantes e suas intenções no planeta terra.
No ano de 1978 publicou, como cortesia da Organização Jaime Câmara, por meio de seu então amigo, o Jaime Câmara, uma coletânea de sua crônicas publicadas no Jornal O Popular, com excelentes ilustrações de Jorge Braga, intitulada O fazendeiro que dedurou os bispos e outras crônicas, com forte crítica social e política.
Com 139 páginas, o livro foi publicado em forma física mais retangular, com orelha do autor e, também, do falecido jornalista Jávier Godinho, com prefácio de Haroldo de Britto. Segue uma coletânea de 52 crônicas, com crítica social e humana, sobre as misérias do mundo, da política, do clero, da sociedade de uma maneira geral. Essa obra lhe trouxe muitos dissabores e perseguições.
Novamente no gênero conto, publicou, em 1982, o livro Hoje é a noite mais longa, que foi prêmio da Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos e lançado pela Editora Unigraf. A capa foi uma fotografia de Cidinha Coutinho, ilustrações de Jorge Braga e uma biografia mais completa do autor, seguida de 19 contos, cuja tônica foi a sensualidade, o erotismo e a traição.
Os contos são curtos, assim intitulados O helicóptero; Sônia, uma festa de 25 anos; A primeira pedra; A proposta; Hoje eu mato um branco; O pedreiro que não queria ser testemunha; A prova; Nós hoje somos fábula; Negrinha cheirosa; O crime lembrado no natal; Imagem de mulher; Hoje é a noite mais longa; “Que fez o senhor dos meus sonhos”; A mulher inesperada; Cinto de castidade; Lenita, enquanto o cabelo é cortado; Cícero; Acerto de contas; células ciumentas; Ditadura.
No ano de 1986, pela Editora Caravela, que era em forma consorciada, em regime de cooperativa, Anatole Ramos publicou alguns opúsculos de contos e crônicas, com denominação geral de “Cadernos literários”. O primeiro deles foi intitulado Conversa, graxa e natal, com ilustrações de Jorge Braga, dedicado ao filho, então falecido, com 50 páginas.
As produções dessa obra foram intituladas Vamos às terras do sem fim?; Álvaro Moreyra – das amargas, não; A difícil solidariedade entre escritores e poetas; Um momento de alegria; No coração do presidente; O morto de branco; A seca do Nordeste e a consciência nacional; O velho barão para um jovem; Conversa, graxa e natal; Dr. Vergueiro, esse desconhecido; A rua é dos carros como o céu é das crianças; A benfazeja seca; O nuncassaz.
Nesse mesmo ano publicou outro opúsculo da série “Cadernos literários”, intitulado Crônicas, com capa também de Jorge Braga, com 40 páginas, prefácio de Haroldo de Britto. As crônicas são assim denominadas Hoje vou falar do nosso amor; O ex-combatente é um trapo; E como enganam!; Papai noel existe sim; A fossa não existe; Seu filho é tímido Bote ele pra brigar; A ginástica matinal do estudante noturno; Crônica de natal para quem se julga feliz; Crônica de um dia amargo, insosso, sem óleo e sem amor; O professor é antes de tudo um tímido; Agora é cinzas; Escolha a mesa do canto e chame o garçom e peça cachaça e um copo (poema).
O último opúsculo da série “Cadernos literários”, de Anatole Ramos foi O índio hippie, de 1987, com 35 páginas e capa de Jorge Braga. Nele aparecem as crônicas A onça de Brasília; A indústria da seca no Nordeste; Eu versus Itália; O direito de dier bobagens; Vamos aproveitar a alienação; O homem e o calango O índio hippie; Gordura é falta de aor; A guerra de que deserdarei; Material oferecido não tem valor; Goiabada sem queijo; Vai começar a caça às bruxas; Solidariedade humana; Um tostão do excelentíssimo senhor barão.
Nesse mesmo ano de 1987 Anatole Ramos publicou seu romance O inspetor, que tivera o nome inicial de Setor Aeroporto. Foi vencedor do prêmio Literário Agrobanco de 1986. O romance teve capa de Jorge Braga, apresentação de José Mendonça Teles, com 268 páginas. O parecer para o concurso foi feito pelos escritores Antonio Geraldo Ramos Jubé, Nelly Alves de Almeida e Eli Brasiliense. A apresentação foi feita pelo autor. O cenário do romance é a cidade de Goiânia, com forte erotismo, sem numeração de capítulos e com início de cada divisão com letras maiúsculas. O tema era a traição, o mistério, a política e a sexualidade.
No ano de 1989 Anatole Rams deu publicidade ao seu livro de contos A surpresa da festa, que foi prêmio da Bolsa de publicação José Décio Filho, editado pelo CERNE e com capa de Paulo Veiga.
O livro foi composto de vinte contos assim definidos Angústia Meu filho, meu PM; O ´ltimo gole; Durma com um barulho desses; A surpresa da festa; Café matinal; Mesmo depois de morta; Para junto de Maria; A volta para pedir perdão; Complexo de culpa; A santa de Alexandria; Os extremos se encontram mas não se chocam; A obra do século; O fantasma que não dava bolas ao mundo; Rompimento total; Pesadelo; O muro do desencontro; A honra da família; O sobrevivente indefeso; Vozes do desespero.
Também, nesse mesmo ano de 1989, deu publicidade ao seu antigo romance O subversivo, com novo título O sargento vermelho, prêmio da Bolsa de Publicações José Décio Filho, com capa de Paulo Veiga Jardim, apresentação de Geraldo Coelho Vaz, sem divisão de capítulos, apenas por um sinal gráfico. Livro polêmico, de realismo impressionante, sexualidade e encontros clandestinos.
Nos últimos anos diminuiu sua produção por conta de problemas de saúde, até seu falecimento em 1994, quase aos 70 anos de idade, em Goiânia. Sua filha Lourdes Ramos Gayoso também é escritora, poeta, que publicou dois livros pelas edições consorciadas da UBE-GO com os títulos Entre nós e Jogos de amar. Também, a neta Cibele Gayoso deu publicidade a produções inéditas do avô com o título de Amores, pela coleção Goiânia em prosa e verso.
Anatole Ramos marcou seu tempo e seu meio, com sua prosa urbana, variada, eclética, humorada, erótica, irreverente e crítica. Merece nossas reverências e os mais calorosos aplausos e que receba todo nosso respeito na grande altura de seu imensurável merecimento.
Viva Anatole Ramos!
*Bento Fleury (Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado). Gradudo em Letras e Linguística pela UFG. Especialista em Literatura pela UFG. Mestre em Literatura pela UFG. Mestre em Geografia pela UFG. Doutor em Geografia pela UFG. Servidor público. Pesquisador e poeta.