A Faculdade de Pharmácia e Odontologia de Goyaz foi fundada nos anos 1920 por Agnello Arlíngton Fleury Curado

História da odontologia
Fac símile da página do número 008 do jornal Odontiatra de 1926, um dos pioneiros do Brasil | Acervo de Bento Fleury

A odontologia goiana é uma área pouco divulgada no que tange à sua história. Ao se pensar nas dificuldades de outrora para o exercício dessa profissão, imagina-se quantos percalços passaram os destemidos dentistas no alto sertão.

Historicamente, nos anos 1920, foi fundada a “Faculdade de Pharmácia e Odontologia de Goyaz” por Agnello Arlíngton Fleury Curado, Brasil Caiado e Constâncio Gomes, na antiga Capital goiana, que propiciou a diplomação de vários profissionais, que realizaram importante trabalho nas cidades provincianas de outrora.

A grande maioria, porém, era dentista prático que, na verdade, fazia um trabalho sem conhecimento teórico em tantas e tantas bocas de um país desdentado como o nosso. E quantas dentaduras horríveis, de dentes disformes “dentes de cavalo”, ao parecer que o infeliz paciente havia engolido o piano de deixado o teclado de fora…

Merece destaque a atuação de João de Abreu, odontólogo e político, formado no Rio de Janeiro em 1911, ao exercer a profissão em Arraias, Paraná, Conceição do Norte, Porto Nacional e Sítio D’Abadia e muitos outros. Num gesto pioneiro na área, fundou o jornal Odontiatra em 1925, um dos pioneiros do gênero no Brasil inteiro.

Interessante, nesse rememorar, ressaltar os dentistas que, nos anos 1920 e 1930, atuaram no interior goiano e que iam sendo relegados a um esquecimento definitivo:

Anápolis, antiga Santana das Antas, atuaram os dentistas Belmiro Ribeiro Filho, Orlando Campos, Agenor Santos, Benjamim Franklin de Araújo, José Gonçalves da Cruz, Olívia Silva (uma pioneira diplomada em Goiás), João Quinan, José Alonso, José Henrique de Oliveira, Washington Santos Perez e Cristalino Bernardino da Costa.

Em Nerópolis, antiga “Cerrado”, atuaram José Antonio dos Santos, Jerônimo Henrique Gonçalves e Arthur Ramos Negreiro.

Em cidades menores, apenas um profissional atendia a todos, na distante década de 1930, como: Coriolano Santana Ramos (Souzânia); Nestor Ribeiro Borges (Goiatuba); Urbano Caetano Nascimento (Silvânia), Octacílio Albino Nascimento (Vianópolis), Joaquim Gonzaga de Menezes (Marzagão); Otílio Joaquim Rosa (Rio Verde); Elias Antonio (Ouvidor); José Marcelino dos Reis (Cristalina); Virgílio Vitorino (Goiandira); Romualdo Borges (Nova Aurora); Américo Ribeiro (Mosâmedes); João Bimbico (Iporá); Cirillo Pontes (Urutaí); Domingos de Andrade Queiroz (Itaberaí); Benedito Borges de Amorim (Jaraguá); Joaquim de Souza Martins (Palmeiras de Goiás); Alfredo da Costa Campos (Edéia); Astrogildo Camargo (Água Limpa); Salviano Guimarães Filho (Planaltina); João Prudente Sobrinho (Cristianópolis), Archimedes Batista Tormim (Luziânia); José Honório de Alcântara (Ribeirão), José da Cunha (Cumari). Haja boticão!

Outras cidades então mais prósperas já possuíam mais de um profissional como Bela Vista (Anicézio Machado e Joaquim Faleiros); Caldas Novas (Ofélio Silva e Filadélfio Rispoli); Orizona (Hipólito Cunha, Leandro Teixeira e Edmundo Marinho); Catalão (Li de Araújo, Enéas Fonseca, Miguel Jorge Azzi, Romeu Paranhos); Corumbá de Goiás (Raul Cruvinel e Jerônimo José de Campos Curado Fleury); Corumbaíba (Vicente Rodrigues e Teófilo Correia); Formosa (Evandro Americano do Brasil e Leone Almeida Campos); Inhumas (Lourival Rodrigues e Gustavo Adolfo Humberto); Ipameri (Arthur Ankerkrone, Anísio Alkimin, Demóstenes Cristino e Antonio Carneiro de Mendonça); Jataí (Waldomiro Rodrigues, Balduino França); Mineiros (Antonio Getúlio Silva e Sady Carnot Irineu); Morrinhos (Jurinê Guarani Costa, Justo Barbosa Diniz); Anicuns (Elias de Oliveira e Sanit’clair Rodrigues Souza); Pirenópolis (Luis Aquino Alves, Wilson Pompêo de Pina); Piracanjuba (João Batista de Amorim e Francisco Paulo Soares); Pires do Rio (Elias Coutinho, Eurico Vilela), Itumbiara (Benjamim Prates Cotrin, João Magalhães Bastos, Orcalino Siqueira) e Trindade (Clóvis Carneiro e Coriolano Martins Silva).

Um fato curioso é que Goiânia, cidade jovem para a época, já havia 40 dentistas que atuavam: Bernardo Albernaz, Joaquim Jardim, Latif Sebba, José Perillo, Orivaldo Leão, Carlos Carneiro, Joaquim Cordeiro, Décio Balduino, Joaquim Fleury, Osvaldo Gomes, Ataulfo Ferreira, Manuel Couto Brandão, Aristodemus Jácomo, Moacir Cícero, José Peixoto, Braulino Lobo, Isaac Thomé, Thales Paranhos, Euclides Vieira, Francisco Camargo, João Cruvinel, Mário Ribeiro, Antenodorino Borges, Djalma Gusmão, Oliveira Mendonça, Osvaldo Silva, Gil Lima, Alfeu Veiga Jardim, Laudemiro Alaor, Erasmo Féilix, Irineu Cardoso, João Chagas Carvalho, Célio Bizzoto, Joaquim Raimundo, Jerônimo Barbosa, Jerônimo Timóteo Rui Cruvinel, Joaquim Augusto Carvalho e Octávio Monteiro.

Nesta enumeração, o registro histórico dos que atuaram nessa profissão no passado e, como curiosidade, se em Goiânia havia 40 dentistas, na velha Capital, Cidade de Goiás, restaram apenas quatro: Francisco da Veiga Jardim, Benedito José da Costa, João de Oliveira e Iron de Amorim.

Que os vilaboenses ficassem com a boca podre, era o ditado corrente, pois difamavam as obras da nova capital…