Descoberta de igrejas antigas e mural de Jesus revela raízes da fé; entenda

15 setembro 2025 às 17h38

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Uma descoberta arqueológica no deserto ocidental do Egito está revelando novos capítulos da história do cristianismo primitivo. Arqueólogos encontraram duas igrejas de aproximadamente 1.600 anos e um raro mural de Jesus em um antigo assentamento cristão localizado no Oásis de Kharga, a cerca de 560 km a sudoeste do Cairo. O anúncio foi feito pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, destacando a importância da região como um centro espiritual e social durante os primeiros séculos da era copta.
O Oásis de Kharga, conhecido por suas fontes subterrâneas de água, sustentou comunidades humanas por séculos e funcionou como um polo de sobrevivência, comércio e intercâmbio cultural. Em meio ao ambiente árido, esse refúgio natural permitiu o florescimento de práticas religiosas e a convivência entre diferentes tradições espirituais.
As igrejas descobertas revelam detalhes arquitetônicos e religiosos marcantes. Uma delas é uma grande basílica de tijolos de barro com salão central e duas naves laterais. A outra, menor, possui planta retangular, cercada por sete colunas externas e paredes decoradas com inscrições em copta, a língua litúrgica dos cristãos egípcios. Além das estruturas religiosas, foram identificados edifícios residenciais, fornos, jarros de armazenamento e sepultamentos, compondo um retrato vívido do cotidiano da comunidade cristã que ali viveu.
O destaque da escavação é um mural raro que representa Jesus curando um enfermo — uma imagem incomum para o período e de grande valor simbólico. A pintura reforça a figura de Cristo como curador e salvador, aspectos centrais da fé copta, e evidencia como a arte sacra foi utilizada para expressar devoção e transmitir ensinamentos religiosos. Por razões de conservação, imagens do mural não foram divulgadas, o que aumenta ainda mais o interesse da comunidade científica.
A descoberta também lança luz sobre a transição histórica do paganismo para o cristianismo, mostrando como comunidades locais ressignificam espaços e práticas espirituais. À medida que a nova fé se expandia, antigos costumes foram transformados, e os símbolos cristãos passaram a ocupar locais antes dedicados a cultos pagãos.
Para a arqueologia, trata-se de um marco que amplia a compreensão sobre a organização social e religiosa dos cristãos coptas em ambientes desafiadores como o deserto. Já para a história religiosa, os achados são testemunhos da diversidade espiritual que caracterizou o Egito Antigo, revelando como o cristianismo primitivo dialogou com símbolos e tradições anteriores para formar uma identidade única.
Em suma, essas ruínas não são apenas vestígios do passado, mas evidências vivas da resistência cultural, da adaptação religiosa e do legado espiritual que ainda influencia milhões de cristãos coptas ao redor do mundo.
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