Hipocrisia da esquerda favorece as ambições expansionistas russas

10 julho 2024 às 12h29

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Desde sua anexação pela Rússia em 2014, a Crimeia tem sido um ponto nevrálgico nas relações internacionais. Para a Rússia, controlar a Crimeia é vital para garantir acesso aos portos de águas quentes e para a projeção de poder militar na região. A base naval de Sevastopol é um componente crucial da capacidade defensiva e ofensiva russa no Mar Negro. Além disso, a Crimeia é rica em recursos naturais, aumentando seu valor econômico e estratégico.
A recente acusação russa de que os EUA são responsáveis pelo ataque ucraniano na Crimeia, que matou civis, elevou as tensões a um novo nível. O Kremlin chamou a embaixadora americana, Lynne Tracy, e acusou os EUA de estarem travando uma “guerra híbrida” contra a Rússia. Moscou prometeu medidas retaliatórias, enquanto Washington reiterou que seu apoio militar à Ucrânia visa a defesa do território soberano ucraniano.
Os Estados Unidos têm desempenhado um papel crucial na defesa da Ucrânia desde o início da invasão russa em 2022. A política americana de fornecer armas e suporte logístico à Ucrânia é vista como um baluarte contra a expansão russa. A administração Biden tem sido firme em seu compromisso de apoiar Kiev, destacando a importância de defender a democracia e a soberania dos estados independentes.
Em uma tentativa de aliviar as tensões, o Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, entrou em contato com seu homólogo russo pela primeira vez em um ano. Este diálogo diplomático é um esforço significativo para evitar uma escalada maior do conflito, demonstrando a liderança dos EUA em buscar soluções pacíficas mesmo em face de provocações russas. “O contato sublinha a importância de manter canais de comunicação abertos em meio à contínua guerra da Rússia contra a Ucrânia”, uma estratégia que os EUA veem como essencial para a estabilidade global (Military News, 2024).
A Rússia, sob a liderança de Putin, parece determinada a reviver os “dias de glória” da União Soviética, ignorando completamente o direito internacional e a soberania dos países vizinhos. É irônico ver um país que alega lutar contra o imperialismo ocidental engajar-se em atos de pura agressão expansionista. Talvez Putin acredite que anexar territórios à força e aterrorizar populações civis seja a melhor forma de demonstrar poder e influência.
É curioso notar o silêncio ensurdecedor da esquerda internacional diante das atrocidades cometidas pela Rússia. Enquanto são rápidos em criticar os Estados Unidos por suas intervenções militares, parecem convenientemente esquecer as ações de Putin. Onde estão as vozes clamando por justiça e paz quando a Rússia invade e anexa territórios? A hipocrisia é palpável, e a falta de condenação apenas fortalece regimes autoritários que desprezam a liberdade e a autodeterminação.
A recente crise na Crimeia destaca a sofisticação e o poderio dos armamentos utilizados por Rússia, Estados Unidos e Ucrânia. A Rússia, com seu vasto arsenal, conta com mísseis balísticos e cruzeiros como os Iskander e Kalibr, além de sistemas de defesa aérea S-400, considerados entre os mais avançados do mundo. Esses armamentos permitem uma projeção de poder significativa e uma capacidade defensiva robusta.
Os Estados Unidos, por outro lado, fornecem à Ucrânia armamentos avançados como os mísseis ATACMS e sistemas antiaéreos Patriot. Essas armas são projetadas para dar à Ucrânia uma capacidade ofensiva e defensiva crucial, permitindo ataques precisos a longas distâncias e proteção contra ataques aéreos. A integração desses sistemas na estratégia de defesa ucraniana visa a contenção das forças russas e a proteção do território ucraniano.
A Ucrânia, beneficiando-se do apoio ocidental, adota uma estratégia de defesa baseada em ataques de precisão e mobilidade rápida. Utilizando os mísseis ATACMS, Kiev pode atingir alvos estratégicos em profundidade, dificultando a logística russa e enfraquecendo suas posições defensivas. A combinação de armamentos modernos e táticas de guerrilha urbana tem permitido à Ucrânia resistir efetivamente à superioridade numérica e tecnológica russa.
Para o Brasil, alinhar-se com os EUA e a Ucrânia é mais vantajoso em termos de segurança e estabilidade global. A parceria com os EUA garante acesso a tecnologia militar avançada e fortalece a posição brasileira no cenário internacional. Além disso, a defesa da soberania e da integridade territorial é um princípio que deve ser apoiado por qualquer nação que valorize a paz e a justiça.
Infelizmente, a postura do governo Lula tem sido ambígua e complacente em relação à agressão russa. Em vez de condenar veementemente as ações de Putin, Lula parece mais preocupado em manter uma posição neutra que, na prática, favorece o autoritarismo russo. Essa falta de firmeza compromete a credibilidade do Brasil como defensor da democracia e dos direitos humanos no cenário internacional. Entender essas dinâmicas e se posicionar contra a agressão russa é crucial para o país desenvolver políticas de defesa eficazes e manter uma posição de respeito e influência no cenário global.

Antônio Caiado é brasileiro e atua nas forças armadas dos Estados Unidos desde 2009. Atualmente serve no 136º Maneuver Enhancement Brigade (MEB) senior advisor, analisando informações para proteger tropas americanas em solo estrangeiro.