A imprensa divulgou a morte da influencer canadense Lil Tay na última quarta-feira, 9. Após um dia inteiro recebendo ligações de familiares e amigos desesperados, a jovem Lil Tay teve que vir a público esclarecer que estava viva. A rapper e influencer teve a conta do Instagram hackeada e, minutos depois, virou notícia em portais como G1, CNN Brasil, Uol e Metrópoles.

“A rapper canadense e influenciadora digital Lil Tay morreu aos 14 anos. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (9) em uma publicação na conta oficial do Instagram da cantora”. É o que as grandes mídias precisavam. Um furo. Não só uma novidade, mas uma morte suspeita. Possivelmente um suicídio. Prato cheio para o público, cada vez mais sedento por tragédias isoladas.

Há cinco anos sem postar nada nas redes, Lil Tay se viu obrigada a voltar para os holofotes. A jovem teve que esclarecer até o nome verdadeiro, que a imprensa foi incapaz de checar. “Meu nome legal é Tay Tian, não ‘Claire Hope, como dizia o post”.

Publicação, feita pelos hackers, e posteriormente apagada por Lil Tay. | Foto: Redes Sociais

O comunicado ainda afirmava que Jason Tian, irmão da artista, também havia morrido. “É com o coração pesado que compartilhamos a notícia devastadora da morte repentina e trágica de nossa amada Claire. ‘Não temos palavras para expressar a perda insuportável e a dor indescritível. Este ocorrido foi totalmente inesperado e nos deixou em choque. A morte de seu irmão acrescenta uma dor ainda mais profunda”, disse a postagem, sem revelar a causa da morte.

Grandes veículos de visibilidade internacional, como o The Guardian, checaram com a polícia a “morte repentina e trágica”. Para os veículos brasileiros, no entanto, o comunicado das redes sociais foi o bastante. Na busca desenfreada pelo furo, matam alguém sem sequer falar com a família ou com o Instituto Médico Legal (IML).

Com o avanço cada vez maior da tecnologia, o jornalismo tem perdido espaço para qualquer pessoa com um celular na mão e uma rede social à disposição. Além da necessidade de se reinventar, a profissão ainda enfrenta o desafio de lutar contra a obsolescência. A única coisa que diferencia o repórter das inteligências artificiais disponíveis seria a sua capacidade de apuração. Mas, afinal, os jornalistas têm apurado antes de noticiar?

Muitos defendem que a inteligência artificial se limita ao conteúdo já disponibilizado na internet. Como se o ciberjornalismo estivesse fazendo diferente. A maioria dos jornais digitais não pautam, mas são pautados. O imediatismo dos leitores obrigam a imprensa, faminta por audiência, a noticiar o mais rápido possível.

As chamadas breaking news estão perdendo espaço. As fake news têm sido cada vez mais frequentes. A tecnologia está avançando de forma desenfreada e o jornalismo sofre para acompanhar.

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