Uma pesquisa divulgada em agosto de 2022 mostrou que 28% dos eleitores de Goiânia se declaram de direita, enquanto somente 7,5% deles se dizem de esquerda. Aqueles que afirmam ser indiferentes sobre o pensamento político são a maioria, conforme o levantamento: 45,2%. Sobretudo em anos eleitorais, os dados recentes encorajam candidatos do espectro da direita a bradar que Goiânia é uma cidade direitista e conservadora – até porque, é a capital de um dos estados que mais deram votos para Jair Bolsonaro nas últimas eleições. No entanto, entre o título que o eleitor goianiense se dá e o modo como ele foto parece haver um abismo considerável.

Isso porque, nos últimos 30 anos, a capital de Goiás tem eleito somente prefeitos ou de centro, ou de esquerda. Do ano de 1992 até 2020, o goianiense escolheu, para comandar a Prefeitura, por três vezes um prefeito do PT (partido de esquerda), por duas vezes um do PMDB, que depois virou MDB (legenda centrista), e um do PSDB (partido que nasceu como centro-esquerda e, ao longo do tempo, tornou-se uma sigla de centro-direita).

Há quem diga que o passado político progressista de Goiânia ficou assim mesmo, no passado, uma vez que, segundo esses, não só Goiânia, mas como todo o Brasil, sofreram uma guinada à la conservadora, aderindo ao antipetismo e abraçando a direita, seja ela moderada ou bolsonarista. Mas assim como no passado distante, o passado recente e o presente, mais uma vez, parecem dizer o contrário.

Nas eleições de 2020, os dois candidatos que partiram para o segundo turno figuravam em polos totalmente opostos. De um lado, Maguito Vilela, apoiado pelos centristas do MDB e esquerdistas do PT. Do outro, Vanderlan Cardoso, que assumiu para si o rótulo de bolsonarista para tentar atrair o eleitorado votante da direita.

Não deu outra: Maguito, que viria a falecer pouco tempo depois, foi eleito com 52,60% dos votos, enquanto Vanderlan ficou em segundo lugar, com 47,40%.

Dando um salto de 4 anos, de 2020 para 20204, foquemos no futuro. Pré-candidatos de diferentes legendas já se posicionam na corrida eleitoral e, como esperada, há o nome escolhido pelo PT, o nome do bolsonarismo e o nome escolhido para levar o apoio do governo estadual. O que chama a atenção é: na maioria absoluta dos levantamentos de intenção de voto, lidera a candidata do PT, Adriana Accorsi, enquanto o candidato do bolsonarismo, Fred Rodrigues, aparece em quarto lugar.

Em entrevistas ao Jornal Opção, dois dos principais candidatos – Vanderlan Cardoso, que aparece às vezes empatado em primeiro com Adriana Accorsi, às vezes em segundo; e Sandro Mabel, candidato da base governista que figura em terceiro lugar – já admitem ter a candidata petista como adversária no segundo turno, que mesmo que seja derrotada, coloca em xeque a tese de apaixonados ideológicos.

Como dito, há aqueles que bradam que, nos últimos 10 anos, os eleitores de Goiânia viraram a chave e agora andam de mãos dadas com a direita bolsonarista. Bem, tais eleitores parecem não ter sido avisados disso. Seriam eles os indivíduos mais distraídos do universo?