Na lanterna da leitura: Goiânia é a capital que menos lê e precisa mudar essa realidade

07 julho 2025 às 15h55

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A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil revelou um dado alarmante: Goiânia ocupa a última posição entre as 27 capitais brasileiras em hábito de leitura. Apenas 40% da população com 5 anos ou mais afirmou ter lido, inteiro ou em partes, ao menos um livro (impresso ou digital) nos três meses anteriores à entrevista. Esse é o pior índice do país, muito abaixo dos 64% registrados em João Pessoa (PB), que lidera o ranking.
Realizada entre abril e julho de 2024 pelo Instituto Pró-Livro, em parceria com a Fundação Itaú e o IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), a pesquisa evidencia a urgente necessidade de ações em Goiânia. Embora a capital apresente uma idade média de 32 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicando uma população relativamente jovem, esse dado pode revelar um problema ainda mais profundo.
Apesar de contar com uma população jovem e universidades de referência, como a Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia não conseguiu transformar esses fatores em um ambiente que valorize a leitura. Essa estatística é sintoma de problemas mais profundos que vão além do gosto individual pelo hábito de ler e refletem políticas públicas frágeis, desigualdades sociais e a falta de estímulo cultural efetivo.
Para mudar esse cenário, a capital precisa ampliar suas políticas públicas voltadas à leitura e à educação municipal. Além de revitalizar as bibliotecas, tornando-as mais atrativas para os jovens, é fundamental investir em programas como a distribuição de livros, já que o material de leitura muitas vezes não é acessível devido aos preços elevados. Apoiar feiras, saraus e eventos literários também pode tornar o hábito mais prazeroso e divertido.
É essencial, ainda, levar essas políticas para os bairros periféricos, descentralizando o acesso à cultura. Envolver as famílias é igualmente fundamental, pois o hábito de ler começa em casa. Incentivar a leitura desde a primeira infância, com campanhas que orientem pais e responsáveis sobre a importância de contar histórias, pode transformar gerações.
Diante desse cenário, os vereadores discutiram a pesquisa e defenderam a criação de uma biblioteca na Câmara Municipal de Goiânia. Essa é uma das muitas ações necessárias, que demandam o esforço conjunto dos poderes Executivo e Legislativo para reverter essa situação.
Se Goiânia quer ser reconhecida não apenas por sua arquitetura art déco ou pela força do agronegócio, mas também como uma capital que valoriza a educação e a cultura, precisa virar essa página rapidamente. O livro precisa deixar de ser um artigo de luxo para se tornar parte do cotidiano de todos os goianienses.