Luz mais cara, partidos mais ricos: o Congresso virou as costas para o povo

18 junho 2025 às 18h53

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Enquanto milhões de brasileiros apertam o orçamento para pagar contas básicas, como luz, gás e alimentação, o Congresso Nacional age como se vivesse em uma realidade paralelamente — ou pior: como inimigo direto da população. Na mesma semana, os parlamentares derrubaram dois vetos do presidente Lula que protegiam o bolso dos brasileiros. O primeiro permitirá o aumento bilionário da conta de luz. O segundo garantirá mais dinheiro público para os próprios partidos políticos. Dois golpes em sequência. E nas costas de quem já carrega o país inteiro: o povo.
Com a derrubada do veto à chamada “energia de reserva”, os congressistas obrigam o país a comprar energia elétrica de empresas privadas, mesmo quando o sistema não precisa. Isso significa que, nos próximos 25 anos, as famílias brasileiras pagarão uma conta inflada para contratos alimentares feitos sob medida para empresários do setor. Uma estimativa de impacto? R$ 197 bilhões. Uma cifra surreal para um país em que boa parte da população precisa escolher entre pagar a conta de luz ou colocar comida na mesa.
Como se não bastasse, na noite desta terça-feira, 17, o Congresso também decidiu aumentar o Fundo Partidário em R$ 164,8 milhões. Isso mesmo: enquanto a energia fica mais cara, os partidos políticos se dão um bônus. O montante total para 2025 pode exceder R$ 1,3 bilhão. É dinheiro que deveria ser investido em saúde, educação, moradia, infraestrutura — mas que será usado para autopromoção, campanhas eleitorais e burocracias de máquina partidária.
A contradição é gritante. Ao mesmo tempo em que transferem o custo da crise para os mais pobres, os parlamentares garantem suas próprias privilégios com dinheiro público. Isso não é político: é oportunismo institucionalizado.
A mensagem passada ao país é clara e revoltante: o Congresso atua não como representante do povo, mas como fiador de privilégios e benesses de uma elite político-empresarial. O Legislativo brasileiro se converteu num espaço onde poucos decidem contra muitos, num teatro cínico de discursos vazios e decisões lesivas ao bem comum.
Não é apenas uma questão de indignação ética — é uma urgência democrática. O fosso entre representantes e representados só aumenta, alimentando o descrédito nas instituições. E quando a população percebe que seus sacrifícios só servem para bancar os luxos e jogos de poder de quem deveria defendê-la, a ruptura é uma consequência anunciada.
O povo brasileiro merece mais do que ser tratado como caixa eletrônico de um sistema político falido. É importante lembrar que quem governa de costas para as pessoas, cedo ou tarde, será cobrado — nas urnas ou nas ruas.