O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na primeira reunião ministerial do ano, fez pesadas críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e também fez referência aos atentados de 8 de janeiro de 2023. O presidente falou isso sabendo que as suas declarações iriam ganhar destaque nos jornais no minuto seguinte e nas páginas dos principais veículos impressos do país.

Ao mesmo tempo o ponto principal que mais preocupa o presidente é a percepção do governo pela população. Em pesquisas recentes de três grandes institutos de pesquisa, entre eles o Ipec, antigo Ibope, e o Data Folha mostraram queda na avaliação positiva do governo.

Lula cobrou que seus ministros viajassem mais e pediu melhoras nas estratégias de comunicação do governo, mas isso ficou para segundo plano. A impressão estampada é que o presidente ainda se sente muito ameaçado e mostra ainda sua indignação com os movimentos de Bolsonaro.

Ao mesmo tempo o ex-presidente vê o cerco se fechando entorno das investigações que apuram uma tentativa de golpe de Estado após o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. A quebra de sigilo dos depoimentos dos comandantes das forças armadas pautaram a imprensa durante todo o final de semana.

É perceptível que com os holofotes voltados para o ex-presidente e o resultado ruim das pesquisas de avaliação devem ter incomodado Lula, que deixa a sensação de estar vivendo um eterno terceiro turno contra a direita radical bolsonarista.

Lula tem todas as oportunidades que Bolsonaro não teve. Com a economia em alta, redução da taxa de desemprego e também bons resultados na política ambiental o presidente ainda se prende ao passado fazendo criticas sem sentido a um político que está inelegível. O presidente ainda não entende que a maior arma contra os arroubos da direita é fazer um bom governo e entregar um resultado diferente dos quatro anos de governo de Bolsonaro.

O papel de defesa do governo deve ficar com os ministros de estado e com a base, mais alinhada, do presidente do Congresso Nacional. Reforçar os papéis da instituição é o mais importante diante de um país que está dividido politicamente e também encharcado pela desinformação sistema dos gabinetes da direta. Lula precisa conduzir o Brasil para frente e deixar seu adversário para trás.