Acordar de madrugada, esperar o coletivo e disputar espaço dentro dele é uma realidade vivida por muitos goianos. Esse trajeto em busca do pão de cada dia é uma constância para milhares de usurários do transporte público, especialmente, na capital de Goiás. Afinal, o tempo que se gasta para chegar ao trabalho e voltar para casa é quase o de um terceiro expediente. Casa-trabalho-casa é uma constância demorada, para muitos brasileiros segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O último censo de 2022 revela que mais da metade dos trabalhadores goianos, demoram de duas a quatro horas no transporte público. São cidadãos, que recebem no máximo um salário mínimo. A pesquisa feita pelo IBGE diagnosticou aqueles que retornavam do trabalho para casa três dias ou mais na semana. A abordagem levou em consideração os modelos de trabalhos híbridos, difundidos a partir da pandemia de COVID-19.

Segundo o Censo Demográfico 2022, a maioria (56,93%) da população goiana que exercia sua ocupação fora do domicílio levava de seis minutos até meia hora para se deslocar de casa ao trabalho. O resultado sinaliza aumento de 4,3% em relação a 2010 (52,63%) e acompanha o cenário nacional, onde a proporção registrada pela mesma faixa de tempo avançou de 52,21% (2010) para 56,28% (2022).

Houve queda, porém, da parcela de pessoas cujo deslocamento até o trabalho demorava até cinco minutos. Em Goiás, ela caiu de 14,89%, em 2010, para 10,75%, em 2022. No Brasil, o recuo foi menor de 13,06% (2010) para 10,26% (2022).

Mais tempo no transporte público

Cena do documentário “Notas Pendulares sobre a Metrópole” | Foto: Divulgação

A pesquisa do IBGE relaciona a renda com o tempo de deslocamento dos entrevistados. Ficou comprovado que a proporção de pessoas que recebem até um salário mínimo é de 53,6%, em Goiás. Portanto, os trabalhadores que demoram de 1 hora até 2 horas para se deslocarem são os menos remunerados.

No contexto daqueles que levam de mais de 2 horas até 4 horas, a parcela de trabalhadores cujo rendimento não supera 1 salário mínimo é igualmente expressiva. De acordo com a pesquisa do IBGE o índice é de 53,5%. O índice só diminui em trajetos com mais de 4 horas, pois engloba 34,8% dos trabalhadores na faixa do salário mínimo.

Notas Pendulares sobre a Metrópole

Essa triste realidade pode ser constatado no documentário “Notas Pendulares sobre a Metrópole” do diretor O. Juliano Gomez. O curta-metragem produzido pela produtora Sentido Oeste Filmes é um convite para embarcarmos juntos na realidade vivida por trabalhadores da Grande Goiânia.

O documentário é um olhar sobre os operários que trabalharam e trabalham incessantemente para que a metrópole avance. A narrativa pede para observar e refletir. É uma tentativa de olharmos para essa relação tão próxima e, por vezes, tão desgastada.

Assista ao trailer do filme:

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