A demissão do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias – a primeira demissão no ministério do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – tornou-se inevitável após o vazamento das cenas da invasão do Palácio do Planalto na tentativa de golpe da extrema direita em 8 de janeiro.

Inevitável não porque Lula considere que seu auxiliar (e amigo próximo há décadas, diga-se) o tenha traído e facilitado o ato golpista. Não, Gonçalves Dias não era um infiltrado bolsonarista na nova administração federal.

Tampouco foi o agora ex-comandante do GSI um dos organizadores da depredação dos prédios dos três Poderes, a qual teria sido, então, planejada pelo próprio governo para incriminar Jair Bolsonaro e seus apoiadores.

Sim, existe essa teoria, que não pode ser classificada “apenas” como conspiratória: é uma teoria canalha, da mesma turma que quer uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar o que ocorreu no 8/1. Desde que o Planalto – muito equivocadamente – decidiu decretar sigilo sobre as imagens da invasão (que agora começam a vazar, não se sabe por quem), essa tese foi levantada e há assinaturas suficientes para que a investigação comece.

O governo sabe que toda CPI – que no caso deverá ser uma comissão mista, portanto, uma CPMI – causa desgaste e perda de foco nas votações mais urgentes. Quis até o momento evitar o transtorno, mas agora já entende que o melhor a fazer é encarar o monstrengo que a extrema direita inventou.

Até porque, se teve algo de verdadeiro no governo que acabou, foi a repetição do versículo bíblico que virou slogan hipócrita de campanha: conhecer a verdade é também se libertar. No caso da CPMI, o desejo dos bolsonaristas têm tudo para se virar contra eles próprios.