O déficit na educação é um desafio complexo, mas no cerne dessa problemática, uma causa fundamental se destaca: a falta de investimento adequado nos professores. Não só na formação profissional, mas ainda nas condições de trabalho, salário e capacitação para os profissionais.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o planeta precisa de quase 70 milhões de professores até 2030. Essa é a quantidade necessária para atender a qualquer demanda global por educações nos países.

Só que o cenário parece caminhar para um caminho contrário no Brasil e em outros países. Segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), um em cada cinco estudantes estudam em uma escola que falta professores. Sendo que 11% dos estudantes também são prejudicados com docentes sem formação na área que trabalham.

Segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cada dólar investido no desenvolvimento de docentes resulta em um retorno de até dez dólares em ganhos econômicos ao longo da vida dos alunos. Ou seja, o custo benefício é extremamente interessante para todas as nações e parece ser algo bem viável.

O problema é que falar é muito mais fácil do que fazer, o ponto é que precisamos definir prioridades dentro dos investimentos no país. Não podemos gastar dinheiro indiscriminadamente sem se preocupar com as consequências, algo básico em economia.

Por isso, precisamos rever valores gastos em outras áreas, principalmente no Judiciário, com gastos de aproximadamente 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Supersalários acima do teto constitucional, benefícios diversos e vales desnecessários precisam acabar. As prioridades devem ser outras, principalmente envolvendo a formação de professores.

Ao mesmo tempo, o Brasil precisa lidar com problemas crônicos na gestão pública no geral, incluindo a educação. É necessário combater a corrupção, corporativismo e a falta de responsabilização. Por isso, uma reforma administrativa é crucial para o futuro do país.

Não estamos falando das propostas atuais, mas a esperança de uma reforma administrativa bem feita para acabar com os problemas na gestão e os supersalários presentes no Brasil.