Duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) encerram suas atividades nesta semana sem trazer qualquer resultado prático para a sociedade. Do lado de fora, sobra pirotecnia e desperdício de dinheiro público para pouco ou nenhum resultado social. Olhando com mais atenção, essas CPIs mostram que gestores precisam repensar articulações e “dividir o bolo”.  Depois de um início de semana cheio de publicidade para bolsonaristas e para petistas, a CPI do MST caminha para morrer. E, a da Comurg também entrega seu relatório amanhã, 17.

Seria razoável presumir que essas CPIs trouxessem respostas para a sociedade. Afinal, por definição são instrumentos utilizados pelo Poder Legislativo para investigar questões de interesse público, investigar corrupção, má administração, desvios de verbas públicas, entre outros. Esperava-se talvez que pudessem aperfeiçoar a legislação para casos de grilagem, crimes ambientais, trabalho escravo e reforma agrária, no primeiro caso. E, no segundo, que mostrasse de fato quanto se arrecada e se gasta com lixo em Goiânia, com caminhões, por que o serviço é precário, porque o órgão é conhecido como cabide de empregos e grandes salários, porque teve dívida com IMAS, não entregou obras ou as pagou antecipadamente.

O que ocorre de fato é que nós nos esquecemos da própria definição da CPI. É uma investigação política e que produz efeitos no tabuleiro político, que se move fora das câmeras. O efeito publicitário continuado de desgaste, serve como um comercial negativo diário que reforça a necessidade de estancar o sangue. Nesse momento inaugura-se a temporada de renegociações de emendas, mudanças constitucionais, projetos, cargos e outros recursos da máquina governamental. 

Fora do jogo de cena, elas obrigam o executivo e o legislativo a negociarem, atendendo a agendas ocultas, acenando com ofertas partidárias, fazendo agrados pessoais ou, ainda, tudo isso, ao mesmo tempo. Só que todo teatro custa caro, especialmente para a sociedade, e não apenas dinheiro. Como lado positivo, as CPIs apenas acendem o sinal de alerta de que as coisas não vão bem, de que é preciso repensar estratégias de poder. Sendo assim, não tem exatidão a expressão de que elas acabam em pizza. É preciso atenção para observar os produtos eleitorais produzidos e os mercadores dos votos nas próximas eleições.