Após ‘fator Hungria’, Bolsonaro pode ser preso? ‘Xandão’ é quem decide
25 março 2024 às 18h05
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Com o passaporte confiscado desde o dia 8 de fevereiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi recebido pelo embaixador da Hungria, Miklos Tamás Hamal, quatro dias após a apreensão. Sem o documento, ele estaria impedido pela Lei de deixar o país pelas vias regulares. A informação foi revelada pelo The New York Times, e segundo o jornal, funcionários da diplomacia húngara foram orientados a trabalhar em casa, sem explicação, no período em que Bolsonaro esteve na Embaixada.
A Polícia Federal do Brasil confiscou o passaporte do capitão aposentado e prendeu dois de seus ex-assessores após o clã bolsonarista ter planejado um Golpe de Estado. Se o vazamento da reunião com os ministros já tinha sido ruim para a imagem de Bolsonaro, a situação piorou ainda mais neste último domingo de Ramos, 24. Não pega bem para um cidadão de bem, defensor da família e dos bons costumes, ser associado à milicia carioca e ao assassinato de uma vereadora.
O Brasil só não vive uma ditadura militar hoje porque Bolsonaro foi tão incompetente que nem o apoio do Exército conseguiu. Para os presidentes ditadores, para as baixas patentes do Exército e dos quartéis da PM, Bolsonaro é um herói. Foi assim que ele foi chamado pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.
O ex-presidente também é querido pelo novo presidente de direita da Argentina, Javier Milei, pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, e pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Para uma certa ala conservadora brasileira, que ainda resiste ao progresso, Bolsonaro é um enviado de Deus.
Eleito pela democracia, o ex-presidente começou, segundo investigações da PF, a conspirar contra ela para se manter no poder. Percebendo que não seria reeleito em 2022, desesperado, ele começou a arquitetar um golpe ao Estado Democrático de Direito. O golpe, no entanto, estava em curso desde sua eleição em 2018, ou talvez desde 2016. Durante os 4 anos que esteve como presidente, Bolsonaro se esforçou ao máximo para criar um cenário político catastrófico de colisão entre os poderes e dividir o Brasil.
Ele até tentou um tom mais brando com os apoiadores no último 25 de fevereiro, mas não adianta mais. O estrago já foi feito. A Polícia Federal vai investigar se Bolsonaro tentou articular alguma manobra diplomática para evitar ser preso no inquérito do golpe. A decisão de prender ou não o golpista caberá exclusivamente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é relator dos inquéritos que investigam Bolsonaro por diversos crimes, dentre eles o de tentativa de dar um golpe de estado.
Para quem se esqueceu, há também as outras investigações:
- Abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação
- Ataques verbais ao sistema eleitoral
- Uso da máquina pública em benefício próprio durante as eleições
- Ataque de seus apoiadores à sede dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, em Brasília
- Interferir na polícia para proteger familiares suspeitos de corrupção
- Disseminar informações falsas sobre as urnas eletrônicas
- Vazar informações sigilosas de uma investigação policial sobre um ataque cibernético à Justiça Eleitoral
- Declarações falsas e mentirosas sobre a pandemia de covid-19
- Subverter a ordem por sua participação em manifestações com slogans antidemocráticos em 7 de setembro de 2021
- Apropriação de bens públicos pelas joias doadas pela Arábia Saudita e usadas pela primeira-dama, Michele Bolsonaro
- Falsificação de seu certificado de vacinação contra a covid-19
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