O Jornal Opção publicou, neste domingo, 26, em sua coluna Bastidores, um artigo que expõe de forma certeira a situação dos três pré-candidatos à Prefeitura de Goiânia melhor posicionados no cenário eleitoral até agora. Adriana Accorsi (PT), Gustavo Gayer (PL) e Vanderlan Cardoso (PSD), apesar de disporem de inúmeras diferenças ideológicas e partidárias, têm mais em comum do que pensam: os três aparecem tecnicamente empatados em primeiro ou segundo lugar em todas as pesquisas de intenção de voto divulgadas até agora; os três estão no Congresso Nacional – Adriana e Gustavo na Câmara dos Deputados, e Vanderlan no Senado Federal -, e os três estão construindo suas pré-campanha em um cenário de isolamento.

O fato é bastante inusitado, uma vez que, em situações atípicas, aquele pré-candidato que aparece com maior pontuação nas pesquisas costuma ser o que consegue maior facilidade e “trânsito livre” para construir acordos e alianças. Afinal, quem não quer garantir o seu “quinhão” junto àquele que pode, conforme apontado pelas estatísticas, levar a eleição?

Mas não dessa vez. O que aparece melhor posicionado dos três é justamente o que está mais apartado das demais siglas, construindo seu projeto tal qual um lobo solitário. Vanderlan Cardoso já admitiu não contar com o apoio total nem do próprio partido. Questionado sobre a falta de união do PSD em torno de seu projeto, o senador se habituou a fazer um trocadilho: “O próprio nome já diz, é ‘partido'”.

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Gayer parece ser o mais conformado: já anunciou chapa pura com o deputado estadual cassado Fred Rodrigues, diante da percepção (acertada) do PL de que não haveria nenhum outro partido para compor neste momento – pelo menos não agora.

Já o caso de Adriana é outro que desperta curiosidade. A chapa do PT costuma ser a que mais mobiliza e instiga a unificação da esquerda, mas não dessa vez. A pouco tempo das convenções partidárias, temos um PCdoB (aliado histórico do PT) ainda com pré-candidato no páreo – Fábio Tokarski – e um PV rompido com a sigla de Lula da Silva. O resultado é uma Adriana ainda lutando para definir um vice, que, segundo a própria pré-candidata, deve vir do centro-direita.

O que explica isso? O que elucida a síndrome de “lobo solitário” imposta aos pré-candidatos com mais chances de estarem no segundo turno no pleito municipal de Goiânia deste ano? Seria coincidência, ou o fator Congresso Nacional pode ter pesado de alguma forma? Ou será que os partidos menores aderiram à filosofia “você é grande, mas não é dois” ao decidirem manter seus projetos em vez de compores com os majoritários? Pelo sim, pelo não, o que se vê é a solidão dos possíveis vitoriosos destas eleições – e que isso não se repita nos prováveis governos de cada um. Se sim, serão quatro longos anos.