Durante os seis meses do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um ministro tem sobressaído cada vez mais dentro da Esplanada dos Ministérios. E esse nome não é o de Geraldo Alckmin (PSB) ou de Simone Tebet (MDB), considerados aliados vitais durante a campanha presidencial, mas o de Fernando Haddad (PT). O titular da Fazenda “driblou” todas as incertezas a sua volta e hoje é considerado “maioral” dentro do governo federal.

Para quem acreditava que Haddad seria uma reedição de Guido Mantega (PT), ex-ministro da Fazenda durante o governo de Dilma Rousseff (PT), a surpresa está sendo bem positiva. Pode-se dizer que o ex-prefeito de São Paulo, pelo menos até o momento, anseia esperança econômica para a população brasileira, além de ser o novo “queridinho” do mercado financeiro.

O reconhecimento também não foi por acaso: o atual ministro da Fazenda tem acumulado vitórias políticas e econômicas em questões importantes para o País.

O grande exemplo recente é a iminente aprovação da reforma tributária, crucial para o desenvolvimento do Brasil. Após décadas de discussões e debates, o texto ficou parado dentro do Congresso Nacional nos últimos anos, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Só que as articulações do atual ministro fizeram “renascer” a pauta e permitiram que ela continuasse o seu trâmite pela Câmara dos Deputados e fosse aprovada, agora seguindo para o Senado Federal.

De acordo com a coluna de Lauro Jardim, doeO Globo, as articulações não cessaram nem durante o velório da própria mãe, Norma Haddad, que morreu aos 85 anos, no início do mês. Segundo o jornalista, o óbito ocorreu no auge das discussões da aprovação do projeto, por isso teria se ausentado pelo menos dez vezes da cerimônia fúnebre para atender ligações de parlamentares e discutir pendências da proposta.

Com todo esse contexto de vitórias e de semelhanças políticas ficou impossível não comparar Fernando Haddad a Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Guardadas as devidas proporções, as comparações entre os Fernandos fazem sentido. Primeiro, estamos falando de políticos que são professores e referência no campo acadêmico, o tucano em sociologia e o petista em ciências políticas. Também é necessário lembrar que são dois sociais-democratas – de esquerda, com muito pragmatismo no campo econômico, o que levou ambos a assumirem o Ministério da Fazenda.

O que destoa mesmo na proporção é que FHC é considerado o “pai” do Plano Real, responsável pela moeda que salvou a economia brasileira em 1994. Um patamar que é impossível Haddad alcançar com a reforma tributária, arcabouço fiscal ou qualquer outra vitória política recente. Não existe outra forma de alcançar esse “status”, apenas com um novo período de hiperinflação semelhante ao que o Brasil passou na década de 1980.

O Plano Real foi o programa mais importante da história do Brasil e uma das reformas econômicas mais bem sucedidas da história. Não é à toa que o projeto rendeu posteriormente a eleição e a reeleição de presidente da República para FHC.