Turismo instagramável: o cenário de cliques

Turismo instagramável. Você ouviu esse termo, certo? Ele está em toda parte. Mas o que é isso? É simples: o domínio dos locais turísticos por redes sociais. Viajar não é mais só viver um local, mas encaixá-lo direitinho para o Instagram. A verdadeira experiência? Isso é secundário.

Sejamos claros: esse turismo planejado, sem espaço para surpresas, não é novo. No século XIX, com o início do turismo moderno, a meta era tornar as viagens mais seguras e… padronizadas. O roteiro era fixo, os riscos limitados. O que mudou? Agora, não é só viajar: é preciso mostrar que você esteve lá.

E a prova está na foto. No clique perfeito. No ângulo bem posicionado para esconder a bagunça ao redor. As filas, os esbarrões, os gritos dos vendedores? Fora do quadro. A Torre Eiffel, o Cristo Redentor, o Coliseu, todos viraram pano de fundo para a pose ideal.

A comida também virou alvo. Quer saber onde comer no Japão? Onde tomar um café lindo em Paris? Onde achar a pizza “imperdível” em Roma? Calma, um influenciador vai ajudar. O problema é que, muitas vezes, não é sobre sabor, mas sobre aparência. O restaurante pode ser mediano, mas se o prato for “instagramável”, ele ganha pontos.

O turismo se tornou uma linha de produção digital. Uma fábrica de roteiros previsíveis, ângulos prontos, experiências moldadas. O mundo foi homogeneizado. A viagem ideal já vem formatada, com trilha sonora no TikTok e filtro especial. E o turista? Esse se tornou um figurante na própria viagem, sempre preparado para o clique perfeito.

E fica a questão que poucos querem enfrentar: a gente ainda viaja para sentir o lugar, para se perder em bequinhos desconhecidos, para encontrar o inesperado? Ou só para alimentar esse ciclo sem fim de postagens?

Bom, não deixe isso te parar. Curta suas férias, aproveite os momentos. Ah! E, se puder, registre um lugar, uma vista, um bom restaurante… Tire uma foto legal, poste no seu Instagram. Assim, posso te seguir por lá.