Flávio Gordon afirma que racismo estrutural não existe no Brasil. Carissa Etienne, da Opas, responde processo por apropriação de salários

Os jornais da chamada “grande imprensa” estão se transformando em enormes desertos de ideias, e suas reportagens, na política, na economia, na saúde, com poucas exceções, vão se transformando, de informação que deveriam ser, em ativismo político-ideológico, quando não desinformação pura e simples. Mas nem tudo é desolação. No último feriado de Tiradentes, a “Gazeta do Povo”, tradicional jornal curitibano que difere da “imprensa engajada”, publicou, entre outras, três excelentes textos. São dois artigos de jornalistas locais e outro de pesquisadores norte-americanos, com impecável tradução da jornalista Bruna Frascolla.

1
Corrupção na Organização Mundial da Saúde
Tedros Adhanom: diretor-geral da OMS | Foto: Reprodução

Este último, publicado no novaiorquino “City Journal”, foi escrito por Henry I. Miller (médico e biólogo, do Food and Drug Administration, FDA, a Anvisa dos EUA) e Jeff Stier (conselheiro do Taxpayers Protection Alliance, o Procon privado norte-americano), e tem como título original — traduzido — “Tornar a OMS responsável”. Pelo título já se vê que é uma dura censura à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Muitas das críticas feitas pelos pesquisadores-autores já foram registradas nesta coluna desde o início da pandemia. Por exemplo, a submissão do diretor-geral da OMS, o etíope Tedros Adhanom — comunista, por sinal —, aos chineses, o que impediu que a OMS pesquisasse a origem do vírus do Covid e atrasou, com graves reflexos mundiais, as providências que a própria instituição deveria tomar.

O artigo fala da incompetência geral e da corrupção dentro da OMS e das dificuldades opostas pela mesma às investigações que os EUA têm proposto, até porque o país s financia a OMS com 2 bilhões de dólares anuais. O artigo censura a não liberação, pela OMS, de uma vacina canadense de baixo custo, que dispensa refrigeração, e que poderia alcançar os países pobres. Fala ainda da subsidiária da OMS, a Organização Panamericana de Saúde (Opas), manobrada por Cuba. A ONU, que os EUA financiam com 11 bilhões de dólares por ano, também surge nas críticas, como incompetente, protecionista, aparelhada e esbanjadora. A reportagem merece ser lida.

2
Racismo estrutural no Brasil é ficção da esquerda

Outro artigo é de autoria de Flávio Gordon, e se refere ao chamado racismo estrutural, nos EUA e no Brasil.

Flávio Gordon, antropólogo e jornalista, é autor do imperdível livro “A Corrupção da Inteligência — Intelectuais e Poder no Brasil” (Record, 364 páginas). Gordon faz uma análise muito clara do que vem ocorrendo com as mídias americana e brasileira no estimular um racismo de negros contra brancos. Uma observação pertinente é a de que fatos de racismo podem até existir nas sociedades brasileira e americana, mas apenas como casos isolados.

No Brasil nunca houve racismo institucional. Não existiram leis de segregação. A integração que seguiu à abolição nunca sofreu perturbações, e a intelectualidade negra foi predominante nos meios culturais brasileiros já no início do século passado. Mas a imprensa brasileira — de esquerda — insiste num racismo que não existe. Afinal, ele serve à luta de classes.

Flávio Gordon: crítico da ideia de que existe racismo estrutural no Brasil | Foto: Reprodução

Os chavões sobram por aí. “Os confrontos policiais só matam negros” é um dos mais estúpidos. Um policial, num momento de embate, não atira, se o bandido que quer matá-lo for branco? Só se defende se for um negro?

Tivemos — no governo petista, evidentemente — uma ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, que estimulava publicamente os negros a exercerem racismo contra os brancos. Uma forma de compensação, dizia ela: os brancos eram racistas há anos, e agora os negros tinham que ir à forra. As esdrúxulas cotas raciais, nas universidades, são obra dela. Ela estimulava a luta de classes, afinal.

Matilde Ribeiro é aquela que ficou famosa — lembram-se? — quando usou e abusou do cartão de crédito do Ministério nas suas despesas pessoais.

Nos EUA não se pode negar que houve racismo institucionalizado. Existiam as escolas para brancos e as escolas para negros. Os negros, no transporte público, viajavam nos bancos dos fundos e sofriam outras discriminações. Leis de segregação existiam em quase todos os Estados da federação.

Foi a Suprema Corte dos EUA que, no apagar das luzes de 1956, declarou inconstitucionais essas leis. Como não há insegurança jurídica por lá, ninguém desrespeita essa decisão da Suprema Corte sem sofrer uma punição, que pode ser muito pesada.

Casos isolados podem ocorrer, e ocorrem, como o da prisão e morte por asfixia de George Floyd, negro, pelo policial branco Derek Chauvin, em Minnesota, dois anos atrás. Como não há justiça lenta por lá, Chauvin foi logo preso, julgado e condenado a 22 anos de prisão. Mas a imprensa de lá, como a de cá, insiste na tese de racismo estrutural. Lá, como aqui, existe a desinformação e o artigo de Flávio Gordon cita um claro exemplo de desinformação que incita negros contra brancos, esse arremedo da luta de classes do marxismo.

Não devemos nos esquecer que nos EUA, como no Brasil, a esquerda usa a imprensa como esconderijo. Eis um exemplo citado por Gordon — que é a norma em casos semelhantes: em setembro de 2014, um ativista negro entrou numa sinagoga do Brooklyn e esfaqueou um jovem judeu. A polícia foi chamada, e o ativista reagiu, tentando esfaquear um policial, que o baleou. Socorrido, morreu no hospital. Qual foi a manchete, reproduzida aqui no portal G1, da Globo? “Polícia de Nova York mata mais um negro”.

Dias atrás, houve um ataque a tiros no metrô de Nova York, que só surgiu na imprensa como “um ataque a tiros”, sem maiores explicações. E o que ocorreu? Um ativista negro, com várias passagens pela polícia, resolveu abrir fogo contra brancos. Feriu 17 pessoas, que felizmente escaparam com vida. A imprensa escondeu a motivação. Imagine o leitor se um branco abrisse fogo contra um grupo de negros, o que diria essa mesma imprensa.

3
Opas responde processo por se apropriar de salários de médicos
Carissa Etienne, diretora da Opas | Foto: Reprodução

A terceira reportagem da “Gazeta do Povo” diz ainda mais a nós, brasileiros. É da jornalista Bruna Komarchesqui. Conta que quatro médicos cubanos tiveram uma primeira vitória num processo que movem contra a Organização Panamericana de Saúde (Opas), um braço da OMS nas Américas.

A Opas, instrumentalizada por Raúl Castro, então ditador de Cuba, e por Dilma Rousseff, então “presidenta” do Brasil, montou em 2013 um verdadeiro esquema de trabalho escravo de médicos cubanos, para transferir dinheiro brasileiro para ditadura cubana. Denunciamos isso várias vezes aqui na coluna.

Os médicos, alguns milhares deles, foram enviados praticamente à força para o Brasil, para trabalhar nas comunidades carentes, separados de seus familiares, vigiados por esbirros da polícia secreta cubana, proibidos de receber visitas de parentes e de se relacionar com brasileiros, a não ser profissionalmente. Tinham 85% do salário confiscado e entregue pela Opas à ditadura cubana.

Alguns médicos tentaram asilo no Brasil, mas o governo Dilma não só negou, como mandou a polícia prender esses profissionais. Uma médica, Ramona Matos Rodríguez, conseguiu se asilar no Congresso para não ser presa e de lá fugiu para os EUA. Teve proteção do então senador, ora governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

Depois de Ramona, outros se asilaram nos EUA.

Ramona e mais três processaram a Opas por trabalho escravo, apropriação de salários e danos morais, em Washington, no Distrito de Columbia, onde fica a sede da instituição. Observe-se que quem chefia a Opas, desde 2013, é Carissa Etienne, uma obscura médica dominicana, formada na Jamaica, que se comportou como uma serviçal de Raúl Castro na montagem do programa Mais Médicos para o Brasil, tratando os médicos cubanos como gado. Chegou a publicar artigo em “O Globo”, em 9 de outubro de 2013, elogiando o programa.

A Opas — isto é, Carissa Etienne — quer escapar do processo. Alegou imunidade, na preliminar, por se tratar de organização diplomática. Perdeu, e o processo segue. Esperamos que os sofridos cubanos sejam vitoriosos, ao final.