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Jesus, Napoleão, Shakespeare, Maomé, Lincoln: as personalidades que mais influenciam a Humanidade

 

“Who’s Bigger — Where Historical Figures Really Rank” (que poderíamos traduzir livremente como: “Quem é Maior — Onde as Personagens Históricas Realmente Despontam”) é um livro recente (2013, Cambridge University Press), de dois americanos, Steven Skiena e Charles B. Ward.

Skiena é professor de Ciência da Computação na Universidade Estadual de Nova York. Trabalha principalmente com modelos matemáticos voltados para biologia, pesquisando virologia e novas vacinas. Ward trabalha na Google, e foi um dos pesquisadores que, na Apple, ajudaram a desenvolver o iPad. Ambos muito qualificados, pois, na moderna pesquisa computacional.

O livro é resultado de uma extensa busca realizada no campo da consulta, principalmente da consulta nos meios eletrônicos, visando determinar as personalidades históricas de maior influência ou que despertam mais interesse entre os pesquisadores, estudiosos, escritores e leitores em geral. Evi­dentemente, o resultado é quantitativo, não implicando a lista de personagens numa classificação qualitativa de valores, até porque um dos dez personagens mais influentes (melhor seria dizer mais pesquisados) é Adolf Hitler. Skiena e Ward chegam a listar, em seu trabalho, um milhar de figuras de influência. Os dez maiores seriam, segundo sua pesquisa:

1 — Jesus. 2 — Napoleão. 3 — Shakespeare. 4 — Maomé. 5 — Lincoln. 6 —Washington. 7 — Hitler. 8 — Aristóteles. 9 — Alexandre. 10 — Jefferson.

Para os “comunas”: Karl Marx é o 14º, Stálin o 18º e — tristeza — Lênin ocupa apenas a 75ª casa. Como a pesquisa, cuja metodologia o livro detalha, é fruto principalmente da frequência da personalidade avaliada nos meios eletrônicos como Wikipédia, Google e outros, e meios de língua inglesa, na origem, ela é, sem dúvida, influenciada pelos grupos maiores de usuários destas ferramentas, a maioria residente nos países da mesma língua, principalmente os EUA. A presença de Abraham Lincoln, George Washington e Thomas Jefferson entre os dez maiores demonstra essa afirmação. Mas é uma pesquisa interessante, sem dúvida, e essas figuras não deixaram de legar ideias inteligentes à humanidade.

Vamos buscar algumas dessas ideias, que em muitos casos melhoram o ser humano (desde que adotadas, é claro) ou dão a ele maior compreensão de seu mundo e seus semelhantes (desde que entendidas, é evidente). Muita sabedoria em poucas palavras:

Jesus: “Portanto, o que quiserdes vos façam os homens, fazei-o também a eles” e “Tudo o que fizestes a um desses pequeninos, também a mim o fizestes”.

Napoleão: “Minha grandeza não reside em nunca ter caído. Está em sempre levantar-me” e “O coração do homem de Estado deve estar na cabeça”.

Shakespeare: “Se somos subalternos, meu caro Brutus, a culpa não está nos astros. Em cada um de nós ficou”; “O mal que os homens fazem, a eles sobrevive. O bem, quase sempre com os seus ossos se enterra”; e “Morrem os covardes muito, antes de morrerem. Os bravos provam a morte uma só vez”.

Maomé: “Suporta o mal com paciência e perdão, pois há nele grande e verdadeira sabedoria” e “O homem mais forte é o que domina a própria ira”.

Abraham Lincoln: “Se a escravidão não é má, então nada é mau” e “Pode-se enganar alguns durante todo o tempo. Pode-se enganar a todos durante algum tempo. Mas não se pode enganar a todos durante todo o tempo”.

George Washington: “Pre­parar-se para a guerra é o meio mais eficaz de preservar a paz” e “Seja cortês com todos, mas íntimo de poucos. E mesmo esses poucos, teste-os bem, antes de entregar a eles sua confiança”.

Hitler: “Há duas coisas capazes de unir os homens: os ideais comuns ou um crime comum” e “Uma mentira, cem vezes repetida, acaba por tornar-se uma verdade”.

Aristóteles: “Devemos venerar Platão e a verdade. Mas devemos antes venerar a verdade” e “É fazendo que se aprende o que se deve aprender a fazer”.

Alexandre: “É mais temível um rebanho de ovelhas conduzido por um leão do que um grupo de leões conduzido por uma ovelha” e “A sorte favorece os audazes”.

Thomas Jefferson: “O preço da liberdade é a eterna vigilância” e “Creio demais na sorte. Percebi que quanto mais trabalho, mais sorte tenho”.

Esses aforismos estão repletos de sabedoria. Observá-los, sem dúvida, promove um viver me­lhor. A fala de Jesus, presente, aliás, nos ensinamentos de quase todas as religiões, e que prega o que se convenciona chamar de “ética da reciprocidade”, faz com que o mun­do, ao menos o mundo da­que­les que, providos de alguma crença, respeitam essa ética, seja mais fraterno e civilizado, se não fazemos a alguém o que nos seria desagradável experimentar. E o dizer de Shakespeare, pela fala de Cássio a Brutus, na peça Júlio Cé­sar, é de enorme inteligência hu­ma­na. Quanto menos erraríamos no presente, se buscássemos no fundo de nossas próprias escolhas os equívocos que cometemos no passado, em vez de culpar alguém por eles.