Entenda por que a desinformação da esquerda cria zumbis eleitorais
04 agosto 2024 às 00h00
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Há explicação para a aprovação do presidente Lula da Silva estar, no momento, perto dos 40%, nas pesquisas do Instituto Quaest?
Temos um governo desnorteado, com uma máquina pública inchada (39 ministérios inertes, apinhados de companheiros indolentes e incompetentes percebendo altos salários), sem plano de governo, sem obras públicas marcantes para a sociedade, já colecionando casos de corrupção, vendo a economia se desfazer, graças ao acúmulo dos déficits públicos, com sua cúpula abusando dos privilégios e das viagens (onde o exemplo mais deplorável vem do casal presidencial), sem qualquer ação que beneficie a nação em ano e meio de mandato.
Um governo omisso em seus atos e desastrado em suas falas, leniente com ditadores, cuja aprovação, à luz fria dos fatos, não merece sequer 5%, mas que tem 40%. O que se passa? Conto uma história, para que possamos entender.
Tchecoslováquia, Finlândia e Estados Unidos
Na década de 1950, universitário, eu acreditava, como a maioria dos cidadãos do mundo livre, que a União Soviética desfrutava de elevado padrão de desenvolvimento, passo a passo com os EUA, seu contraponto na Guerra Fria. Muitos de meus colegas de universidade eram simpatizantes do comunismo. Estes pregavam a superioridade da URSS em todos os campos do progresso humano, e citavam fantásticas estatísticas sobre educação, saúde, esportes, cultura e ciência da URSS, que ninguém tinha como contestar, pois eram fornecidas por uma única fonte, a própria União Soviética.
O lançamento, na base soviética do Cazaquistão, do primeiro satélite artificial, o Sputnik, em 1957, reforçou a opinião desses colegas, que experimentavam verdadeiros orgasmos múltiplos ao divulgar o feito. Embora ainda guardasse algumas dúvidas sobre esse pretenso desenvolvimento comunista, só abri verdadeiramente os olhos para a realidade vermelha quando, no início da década de 1960, fiz duas viagens reveladoras: uma, da então Tchecoslováquia para a Finlândia, atravessando de trem a Ucrânia e a Bielorrússia, duas das melhores repúblicas da URSS; outra, pelo centro-leste dos Estados Unidos, passando pelos Estados de Kentucky, Missouri, Tennessee e Alabama, tidos como os mais atrasados do país.
A disparidade era gritante, começando pela infraestrutura. Enquanto no interior ucraniano e bielorrusso não havia asfalto e energia elétrica, os arados eram de tração animal e as casas pouco mais que cabanas, nos EUA a pavimentação asfáltica chegava até as sedes das fazendas, todas eletrificadas e providas de boas casas e tratores, já então com cabines com calefação.
Enquanto nos EUA conversávamos com todo e qualquer cidadão, na URSS os policiais presentes no trem, e sempre observando a nós, estrangeiros, recusavam-se a nos dar qualquer tipo de informação e mesmo agrediam qualquer cidadão soviético que tentasse confraternizar conosco nas estações onde parávamos.
Percebi que vivíamos, no Ocidente, sob intensa propaganda enganosa sobre as maravilhas da vida comunista. Depois da queda do Muro de Berlim, vimos que a URSS nunca teve o desenvolvimento social e científico que alardeou. Por motivos de defesa, aplicou elevados recursos nos campos nuclear e espacial, e, por propaganda, investiu bastante no desporto, visando a popularidade dos Jogos Olímpicos.
Basta dizer que, para cada prêmio Nobel conquistado pelos soviéticos, França e Alemanha mereceram três cada uma; e os EUA mais de dez.
Em conforto pessoal, enquanto no lar operário americano abundavam os eletrodomésticos e os carros de passeio, no soviético havia a espera de anos por uma singela geladeira, e vestimentas e calçados eram inferiores. Automóveis? Só em sonhos para um operário soviético.
E, como comunismo e socialismo não desaparecem, muitas práticas desinformativas subsistem.
Desinformação: especialidade comunista
Surge a pergunta: como pudemos acreditar, por décadas, que a URSS era aquela potência social e econômica que ameaçava os Estados Unidos com seu poderio tecnológico? Como pudemos crer que a sociedade soviética era próspera? Como ignoramos as atrocidades, as perseguições, os genocídios, os Gulag? A resposta está numa palavra: desinformação.
Vale lembrar as ideias de Vladimir Lênin, de que os propagandistas do partido comunista deviam alardear as conquistas “do proletariado”, enquanto os seus agitadores deviam dramatizá-las, apelando para o exagero e o sentimentalismo; e as ideias de Ióssif Stálin, de que competia ao Estado Soviético levar ao mundo a desinformatzyia, ou desinformação, divulgando notícias favoráveis ao regime, mesmo falsas, desde que críveis, escondendo as desfavoráveis, enaltecendo as reputações dos correligionários e destruindo as dos inimigos, com verdades ou mentiras.
Acreditava Stálin — como o nazista Joseph Goebbels — que a repetição das mentiras as fazia verdades e que essa mesma repetição incutia nos simpatizantes o hábito de criá-las e difundi-las para atingir os que se opunham à causa, criando no mundo um exército de militantes, na imprensa e no meio acadêmico principalmente, determinado em destruir pessoas e causas pela propagação de mentiras ou meias verdades, e pela ocultação dos fatos desfavoráveis aos regimes de esquerda. Não estava errado neste particular. A propaganda mostrou-se a única atividade que comunistas, socialistas e afins conseguiram exercer com eficácia.
A estratégia desenvolvida por Stálin foi absorvida pelos adeptos da causa e é até hoje uma segunda natureza da militância esquerdista. Exercê-la faz parte do mister de artistas, jornalistas, funcionários e acadêmicos de esquerda. Basta que o leitor olhe em volta, para constatar.
A última trincheira da esquerda revolucionária
Mas como chegou essa atividade a esse nível de devoção? Alguns dissidentes altamente colocados nas esferas soviéticas esclareceram.
Dois deles, exilados nos EUA, escreveram livros a respeito: o general Ion Pacepa, que foi chefe da inteligência romena e conviveu com Stálin. É autor do livro “Desinformação — Ex-Chefe de Espionagem Revela Estratégias Secretas para Solapar a Liberdade, Atacar a Religião e Promover o Terrorismo” (Vide Editorial, 556 páginas, tradução de Ronald Robson); e o analista da KGB Anatoliy Golitsyn, que escreveu “Meias Verdades, Velhas Mentiras — Estratégia Comunista de Embuste e Desinformação” (Vide Editorial, 469 páginas, tradução de Nelson Dias Corrêa).
Nos dois livros o leitor pode ver como surgiu a estratégia stalinista da propaganda, e como se transformou em uma cultura da esquerda. Kruschev a ampliou a ponto de envolver na Guerra Fria cerca de 1 milhão de ativistas pelo mundo afora. Essa cultura, repito, é hoje largamente utilizada onde quer que haja um “progressista” com acesso aos meios de informação.
A propaganda (ao lado do gramscismo) é a última trincheira da “esquerda revolucionária”. Permite que ela sobreviva, embora não seja esse um meio digno de subsistência. Assim como fez crer ao mundo que a URSS era uma potência científica e econômica ao nível dos EUA, durante a Guerra Fria, a mídia ocultou em toda a América Latina a ação do Foro de São Paulo, e permitiu a ascensão de governos de esquerda no Brasil, na Argentina, no Equador, na Venezuela, na Bolívia, na Nicarágua etc. Enalteceu uma política externa desastrosa do Brasil nos governos de esquerda, e ocultou a ação do BNDES no apoio aos governos “bolivarianos”, que sangrou o País em dezenas de bilhões de dólares. Mostrou como instrumento de justiça uma Comissão da Verdade criada para denegrir o Exército, coonestar pagamento de indenizações milionárias a esquerdistas e esconder os crimes dos comandados pela URSS, por China e por Cuba para implantar no Brasil uma ditadura comunista.
A desinformação, a propaganda, ou a psicopolítica (como definia Beria, o carrasco stalinista) hoje convive conosco, empenhada, por exemplo, em destruir a imagem do ex-juiz e senador Sergio Moro. A propaganda quer fazer crer que ele errou ao combater o maior esquema de corrupção já montado em algum país; que ele errou ao enviar para a cadeia os políticos ladrões e quadrilheiros. Que errou ao recuperar bilhões roubados e levados para paraísos fiscais e ao conseguir que ladrões devolvessem ao Tesouro ao menos parte do que roubaram. A propaganda esquerdista conta para isso com muitas verbas, com a esquerdização e o fanatismo dos jornalistas. Mas a razão da ferocidade esquerdista é também outra: atingindo a corrupção, Moro golpeou duramente a esquerda brasileira.
Hoje, mudaram os meios de comunicação e foi reduzido o poder da imprensa de manipular a propaganda. Por isso querem censurar as redes sociais. Por fim, respondendo à pergunta lá de cima, é a desinformação de uma imprensa cooptada, onde pululam jornalistas de pouca integridade e muita militância, nostálgicos soldados da falecida URSS, quem promove como 40% aceitável um governo esbanjador, incompetente e permeável à corrupção. É quem cria zumbis eleitorais, prontos a votarem contra si mesmos.