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O amigo Jorge Jacob, colega de coluna neste jornal, com larga experiência existencial nos mais diversos setores de atividade, criou um aforismo que adoto como exemplo de existência: “A vida só vale a pena se for uma jornada em que se semeiam bondades”.

De fato: nada como tornar o mundo ao seu redor um pouco melhor, com gestos, ainda que pequenos, de simpatia e boa vontade. É sabido que estes gestos alegram aqueles a quem são dirigidos, mas também alegram quem os exercita. Custa muito pouco — no mais das vezes não custa nada — prodigalizá-los no nosso dia a dia. Exemplos são muitos e se cito alguns, pode o leitor relacionar muitos mais.

1

Contribua com um serviço social qualquer, voltado para os mais vulneráveis e promovido por pessoas altruístas e dignas. É contribuir para minorar as dores do mundo.

2

Vá além de remunerar, e elogie o trabalho de quem lhe presta um serviço. Verá que a moça que lhe atendeu no restaurante, o rapaz que cuidou de seu carro, a enfermeira que lhe aplicou a vacina — qualquer profissional, enfim que lhe serviu — reagirá com alegria ao elogio à sua destreza, atenção ou profissionalismo, o que lhe fará também mais alegre.

3

Aplauda o artista que se apresentou, não importando se é uma grande atriz de teatro ou um músico que toca na estação de metrô ou no restaurante. O aplauso para ele é tão importante quanto o salário que recebe. Confira pela sua reação ao ser aplaudido.

4

Ceda a vez, no trânsito, ao motorista próximo, que deseja mudar de faixa, sair do estacionamento ou fazer uma manobra menos fácil, principalmente se for um idoso ou um profissional do volante, pessoas para quem dirigir é mais estressante. Você tornará menos difícil a tarefa de alguém, proporcionará um alívio gratuito.

5

Demore o braço sobre o ombro de seu velho pai; afague os cabelos de sua velha mãe. Você, por mais observador que seja, não imagina o efeito que esses pequenos gestos provocam na alma idosa deles. E quando eles se forem, você se arrependerá de não o ter feito mais vezes.

6

Alimente os animaizinhos silvestres, como os pássaros que pousam em seu jardim ou em sua janela.

7

Adote, ou pelo menos alimente um animalzinho abandonado. Alguns até conseguem manifestar sua alegria e gratidão: um meu amigo, num dia destes, encontrava-se na feira e vendo um cãozinho de rua, condoeu-se, comprou um pedaço de carne e ofereceu ao animal. Ficou observando enquanto ele comia. Quando terminou de comer, o cãozinho se aproximou dele, sacudindo a cauda, lambeu-lhe a mão e se foi — contou ele, admirado e alegre.

8

Presenteie seus amigos e parentes, seja com presentes de que sabidamente eles gostam, seja com pequenos mimos. Todos gostam de ser lembrados e se sentem valorizados com isso. Não é preciso dispender muito, e os sorrisos de retribuição vão lhe valer muito mais do que o despendido.

9

Sorria, ao se aproximar de alguém, mesmo que desconhecido. É uma demonstração gratuita de simpatia e alegria, que descontrai o ambiente. Não à-toa, Smile, a canção de Charles Chaplin diz: Sorria, ilumine seu rosto com alegria, esconda qualquer traço de tristeza, mesmo que uma lágrima esteja próxima…

10

Dê toda a atenção a aquele amigo cuja saúde se fragilizou, e que hoje tem dificuldade de locomoção, memória falha ou algum outro mal dessa mesma classe. Pense que uma confraternização com boas lembranças é um reviver. Um dia todos viveremos essa fragilidade, e as alegrias serão poucas e necessárias.

11

Se um conhecido lhe pedir ajuda para conseguir trabalho, dê o seu melhor, nesse auxílio. Para alguém responsável, não ter como prover o sustento dos seus é como experimentar o inferno em vida.

Há, enfim, uma miríade de situações em que você pode demonstrar bondade, simpatia, admiração, reconhecimento ou outro sentimento positivo qualquer, fazendo alguém feliz e tornando o ambiente emocionalmente mais iluminado. Verá que Jorge Jacob tem razão.