Aprendemos alguma coisa com a Covid-19?

13 agosto 2023 às 00h01

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A ameaça da Covid-19 parece afastada, depois de infernar o mundo por mais de três anos.
Mas deixou um pesado balanço, cujos números não podem ser esquecidos. Afinal, 10% da população mundial foi infectada e cerca de 7 milhões de pessoas perderam a vida, em torno do globo.
E que lições podemos tirar do acontecido? Poucas, infelizmente, pois ainda muito se desconhece dessa pandemia. As lições, ainda que poucas, são valiosas, para que estejamos mais prevenidos.
Vejamos algumas das poucas respostas e façamos as muitas indagações, antes destacando alguns números, para que não fiquemos apenas nas opiniões ou especulações. Estes números estão nos dois quadros abaixo. O primeiro lista as 40 nações mais impactadas pela Covid — aquelas que mais mortes tiveram por grupo de 100 mil habitantes. O segundo relaciona os 20 países que menos mortes tiveram, também por cada 100 mil cidadãos.
Acrescentamos mais duas colunas para tentar interpretar o ocorrido: uma com a porcentagem de infectados que vieram a falecer, em cada país — o que permite em princípio avaliar a qualidade dos serviços médico-hospitalares locais; outra, com o percentual de vacinados em toda a população — o que, em tese, permitiria avaliar a eficácia das vacinas.



Algumas conclusões
1
A região mais impactada pela Covid foi, de longe, o Leste Europeu. Dos 40 países mais atingidos, em todos os continentes e regiões, 16 (40%) estão nessa região. São 16 nações (de um grupo de 22), assinaladas no quadro com um asterisco. É algo tão evidente, que já deveria ter sido devidamente estudado e interpretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao que parece, nem foi percebido.
2
A região menos impactada está no continente africano. Dos 20 países mais poupados pela Covid, 17 são países africanos, ou seja, 85%. Apenas a Nicarágua, o Butão e o Tajiquistão, não africanos, aparecem entre os 20 mais afortunados. E não se pode confiar nas estatísticas da ditadura nicaraguense, o que mais evidencia a África. A OMS estudou esse fenômeno? Ao que parece nem teve a atenção despertada para ele.
3
Como consequência das duas evidências acima, uma conclusão é pela incompetência da OMS. A organização tem sete mil funcionários, nos cinco continentes, embora a maioria viva no conforto suíço de Genebra. A contribuição para combater o vírus foi mínima.
Os técnicos da Organização só um ano depois de surgir a pandemia foram à China investigar sua origem, até hoje obscura. Voltaram sem ter colhido nada de importante, enrolados pelos chineses do laboratório de virologia de Wuhan, e pelos norte-americanos a eles associados. Até as estatísticas publicadas não são da OMS, mas de universidades ou entidades americanas ou europeias independentes. As vacinas são da iniciativa privada.
Para que serve a OMS, que deveria atuar justamente nesses momentos? O que fazem seus médicos, sanitaristas e pesquisadores, muito bem remunerados e escolhidos entre os esquerdistas do Terceiro Mundo, embora nenhum seja um reconhecido cientista, a começar pelo diretor-geral, Thedros Adhanom?
4
O “lockdown” já é hoje reconhecido como provavelmente a medida mais errada tomada contra a pandemia, mesmo entre aqueles que foram seus ferozes defensores de início. Não evitou infecções e nem mortes e destruiu a economia na proporção do rigor com que foi aplicado. O exemplo maior vem da Europa, mais precisamente da Suécia, único país europeu a recusar totalmente o lockdown e muito criticado à época. O impacto negativo do Covid sobre sua economia foi mínimo, e países europeus que fecharam tudo, como Portugal, que chegou a proibir viagens entre províncias vizinhas, foram mais impactados. Veja o leitor, no primeiro quadro, as posições de Suécia e Portugal. E Portugal vacinou 95% de sua população, enquanto a Suécia apenas 77%.
5
A politização do vírus, no Brasil, foi intensa. Na imprensa, surgiram notícias de que seríamos o país mais afetado do mundo, de que não vacinávamos, e por aí afora. As autoridades brasileiras seriam genocidas. Na verdade, a vacinação começou no Brasil antes de países europeus (Portugal inclusive), e foi expressiva. Nos saímos melhor que os EUA, na pandemia. E de que o Chile, na América do Sul. Nosso desempenho se compara ao da Itália e do Reino Unido.
6
Infectados, de maneira geral, se recuperaram. Em poucos lugares a mortalidade entre eles chegou a 4%.
E ficam as indagações para os cientistas do mundo todo, importantes para pragas futuras, como:
1
Por que o Leste Europeu foi tão atingido? Terá sido pela taxa de vacinação relativamente baixa, da ordem de 50 — 60%? Mas Hungria e Bulgária foram igualmente impactadas e Hungria vacinou o dobro do que a Bulgária.
2
Se a vacina importa tanto, por que a África foi poupada, apesar da baixíssima vacinação? A imunidade natural, maior no continente mais preservado, é mais importante do que a imunidade provocada por vacina?
3
O que ocorreu com o Peru, o país que mais sofreu com a Covid, apesar de exibir uma das maiores taxas de vacinação do mundo?
4
As vacinas são mesmo eficazes? Qual sua taxa de efetividade? Quem mais faturou com a Covid foram os laboratórios fabricantes, mas as dúvidas são grandes. Na África, a Eritréia e o Burundi, que praticamente não vacinaram ninguém, foram tão impactados quanto a Costa do Marfim, que vacinou quase metade da população. Por quê?
5
E o tratamento precoce, funciona? Há os cientistas que defendem e os que combatem.
Na verdade, permanecem mais dúvidas do que certezas, nessa questão que afetou a todos nós. Há que esclarecê-las, antes que venha outra pandemia.