O tempo, entre tantos outros fatores, tem o condão de conter os nossos entusiasmos. Se na juventude nos apaixonamos por pessoas e ideias com facilidade, o mesmo não ocorre na idade avançada. Entre as paixões a que mais mata os nossos entusiasmos são as com os políticos. Nas inúmeras vezes que nos entusiasmamos com os seus discursos, quase todas resultaram em frustrações. Foi assim com líderes carismáticos como Jânio Quadros, Juscelino Kubitschek, que só não mataram de vez as nossas esperanças por terem sido contrapostos a estadistas como Castello Branco e Carlos Lacerda.

O ceticismo é um companheiro fiel na terceira idade. Não perdemos as esperanças, mas encaramos os fatos com extrema cautela. Ser enganado cansa. É com esta cautela que acompanho o surgimento de uma liderança que poderá salvar a Argentina da decadência. Refiro-me à eleição do Javier Milei à Presidência do país, com a sua proposta de reforma do Estado para assegurar a liberdade, a vida e a propriedade privada. Too good to be true.

Dois caminhos: na Argentina, sob uma constituição liberal, criou-se uma sociedade rica. A ponto de os europeus cunharem a expressão “rico como um argentino”. Sob a constituição socialista de 1949 tornou-se um pária internacional. Uma vergonha para os argentinos de bem… e um mau exemplo para os governos da América Latina e do mundo.

É tão forte e bem fundamentado o discurso com a proposta de governo de Milei que, ainda com medo de estar sonhando, sinto o pulsar do entusiasmo. Sinto o calor no peito da esperança de ver os ideais de liberdade voltarem a ser praticados naquela que foi uma das mais ricas nações do mundo. O seu grito de guerra — Viva a Liberdade! —conclama os argentinos a deixar de trilhar o caminho da servidão, identificado por Frederick Hayek no seu livro, Prêmio Nobel de Economia.

O histórico, porém, não é favorável. O ex-presidente Mauricio Macri tentou tirar o país da beira do abismo, mas fracassou. O desafio é equivalente a tirar um pedaço de carne da boca de um tigre. São 22 milhões de argentinos (metade da população) que compartilham das benesses do governo. São parasitas dos cofres públicos que perderão emprego, poder e prestígio. Eles não abrirão sem luta mão das suas posições. Foram décadas de mamatas, o que lhes dá a sensação de direito adquirido. Será uma guerra incruenta entre a nomenclatura e os interesses do país. Essa é uma missão impossível: tirar o filé da boca das feras.

Líderes que tentam acabar com a corrupção em um governo, geralmente terminam depostos ou assassinados. Milei poderá ser mais um deles. O menos provável é ele conseguir implantar nas massas o ideal da Liberdade. Viva a Liberdade como entoa Milei exige que deixem viver as suas ideias. Este o grande desafio.

A reforma do governo de Macri fracassou por adotar reformas gradualistas. Reformas paliativas não são indicadas para países à beira do abismo. Exigem tempo, que não tem, e permite que os interesses afetados boicotem a nova política. Milei está certo. A Argentina necessita de tratamento de choque — o da Liberdade. Não se cura uma crise de saúde com chá de erva doce. A proposta de Milei é de medidas drásticas e radicais. No que está certo.

O gráfico acima ilustra a trajetória da decadência da Argentina. Sob uma constituição liberal tornou-se uma sociedade rica. A ponto de os europeus cunharem a expressão “rico como um argentino”. Sob a constituição socialista de 1949 tornou-se um pária internacional. Uma vergonha para os argentinos de bem… e um mau exemplo para os governos da América Latina e do mundo.

Que viva a liberdade!