Procuro um amigo

Procuro um amigo do peito,

Que, do meu singelo jeito,

Não deve ser perfeito,

Só tenha suportável defeito;

Que seja simples e natural,

Não goste de nada artificial;

Que tenha o ouvido aguçado

E o coração todo ajustado

Para uma sólida empatia;

Que sofra na minha agonia

E sorria na minha alegria

E entenda o que não sei ser

E veja o que não sei ver.

Um amigo que tenha o caminho,

A direção certa do meu ninho,

A consciência da eternidade

E o gosto pela perpetuidade,

Sem se perder na vulgaridade,

Que seja dedicado e leal

Como no mundo não existe igual.

O que procuro é uma raridade,

Encontrar um amigo de verdade

Neste mundo da superficialidade,

De desventura e adversidade,

 É como estar fora da realidade.

Não é um amigo para um instante,

Deve ser pra sempre e constante

Para vivermos sempre lado a lado

E estar no meu coração grudado.

Procuro ansioso um amigo

Com o carinho do amor maternal

E a confiança do zelo paternal.

Um amigo fiel para estar comigo,

Que não me abandone no meio da vida

E suportemos juntos a dor se a morte for sofrida.

Onde quer que o vá localizar

Farei de tudo para o encontrar,

Irei atrás com a toda força procurar

E quando desse sonho despertar

Darei a ele a amizade que posso ofertar.

Ser amigo do peito é o que tenho para dar.