Veremos hoje, dos dois lados, seleções que jogam ofensivamente, para ganhar. Mas apenas um desses lados tem uma defesa sólida. Se é para apostar, continuo apostando e confiando no Brasil

Jogadores do Brasil cantam Hino Nacional antes da partida contra a Espanha, na final das Confederações, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, em junho de 2013 | Kai Pfaffenbach/Reuters
Jogadores do Brasil cantam Hino Nacional antes da partida contra a Espanha, na final das Confederações, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, em junho de 2013 | Kai Pfaffenbach/Reuters

Ganhe Brasil ou ganhe Colômbia, o jogo desta sexta tem tudo pra ser muito mais bonito de se ver do que foi o jogo contra o Chile. Pois enquanto os chilenos jogam um tipo de futebol que dificulta (e sempre dificultou) a vida do Brasil, o jogo colombiano é mais ofensivo, menos conservador, e isso sempre foi e continuará sendo bom para o Brasil. Parece contraditório, mas não é: Colômbia é melhor do que o Chile, mas é muito melhor jogar contra um time bom tecnicamente e ofensivo do que um time taticamente impecável e que sufoca na marcação.

A Colômbia pode ganhar do Brasil. Analisando friamente, futebol por futebol, a Colômbia dessa Copa, mesmo sem Falcão García, tem bola suficiente para ser campeã. Ao contrário de Brasil, Argentina, Alemanha, Holanda, Bélgica e França, os colombianos jogaram suficientemente bem em todos os seus quatro jogos. Porém, desculpem os vizinhos, isso não vai acontecer. Copa do Mundo não é Copa América, Confederações, Olimpíada, Eurocopa. Na Copa do Mundo, as coisas são um pouco diferentes.

A Colômbia pode, sim, mas não deve ganhar do Brasil. Estive pensando algo que não quis comentar com ninguém para não ser trucidado em meio a esse mar de pessimismo (um tanto quanto exagerado, pois bem mesmo nenhuma grande seleção está jogando) que tomou conta do país após o jogo contra o Chile. Mas depois de ver meu comentarista esportivo preferido – Paulo Vinícius Coelho, PVC para os boleiros – dizer exatamente o que eu penso, resolvi “desembuchar”: o Brasil tem tudo para apresentar hoje o seu melhor futebol nesta Copa.

A Colômbia pode, sim, ganhar, mas igualmente o Brasil pode golear a Colômbia. Utopia, ufanismo? Nada disso. Explico: em primeiro lugar, a Colômbia, boa ofensivamente (o que basta para jornalistas sensacionalistas e torcedores que só assistem futebol de quatro em quatro anos), é limitada na defesa, tática e tecnicamente. E tem um zagueiro de 38 anos, que deverá ter um dia sofrido pela frente.

A comparação que faço é com as goleadas da Holanda e da Alemanha contra Espanha e Portugal, respectivamente. O que explica o 5 a 1 de Robben e companhia pra cima dos mestres do tiki-taka, e os 4 a 0 dos alemães contra os gajos? Simples: seleções boas, que jogam “pra frente”, se dão melhor contra outras seleções que também são ofensivas, e que jogam para ganhar, em vez de jogar para não perder. A Holanda não é tão superior assim à Espanha para golear dessa forma. O Brasil de um ano atrás, apesar de ter jogado impecavelmente, não era tão superior para golear a Espanha como fez nas Confederações. Ou seja, quando o futebol que vem dos dois lados é ofensivo, sempre há a possibilidade de aparecerem goleadas improváveis. Ainda mais quando se tem um Neymar de um lado e de outro um sistema defensivo limitado.

E a boa notícia: a maior parte da imprensa especializada continua ignorando isto, mas jogando bem ou mal lá na frente, fazendo “ligações diretas” em excesso ou não, nós continuamos tendo um sistema defensivo que, ouso dizer, é o melhor das oito seleções restantes, com a Bélgica ali na cola. Temos a melhor zaga do mundo e, conforme as estatísticas, a melhor zaga da Copa. E se antes eu, que nunca abandonei Júlio César, tinha que pensar duas vezes antes de falar bem do nosso goleiro, agora posso dizer com tranquilidade pois sei que pouquíssimos contestarão: temos um goleiraço que, se pouco exigido (mérito do sistema defensivo), quando o é, deixa claro que está atento. Tudo bem, não teremos Luiz Gustavo, nosso xerife, mas continuamos com uma defesa sólida, que erra pouco e criará muita dificuldade para James Rodrigues e Cuadrado.

O jogo de hoje será, portanto, de um futebol pra frente, alegre, provavelmente agradável de ver. Essa é minha aposta. E com Neymar, de um lado, jogando contra uma defesa limitada, e James, do outro lado, jogando contra uma defesa sólida, minha aposta é ganharemos, e que será menos sofrido do que a maioria teme.