O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) errou menos pelo que fez e mais pelo que não fez. Fracassou na tentativa da reeleição por pequena desvantagem. Teria vencido se tivesse feito o que prometeu em campanha — reduzir o tamanho do governo para liberar a economia.

Na sua Presidência limitou-se a poucas privatizações e uma limitada redução do número de ministérios. Mas falhou ao não eliminar funções. Reduzir os cargos (posições no organograma) sem reduzir as funções (tarefas) não altera substancialmente os custos do governo. Paulo Guedes, como ministro da Economia não eliminou funções, simplesmente as acumulou.

Javier Milei, presidente da Argentina, não está dando mostras de cometer o mesmo erro. Atacou a esclerose da máquina com três ações: privatização, desburocratização e cortes de custos. Deu de partida um choque de liberdade, pois a contemporização trabalha contra as reformas. Sabe ele que os parasitas do governo usam do tempo para boicotar o plano de governo e a sociedade quer ver resultados.

Ao contrário, Bolsonaro não cortou os custos da máquina e, por isso, não conseguiu desburocratizar o governo. A eliminação de funções não só reduz o custo como tem a virtude de destravar as atividades das empresas geradoras de emprego e desenvolvimento. A privatização depende do apoio do Legislativo, que é um jogo político, e de enfrentar a resistência dos seus beneficiários, que vivem à sombra das empresas estatais — políticos, funcionários e lobistas. Já a desburocratização depende da vontade política do gestor. Milei está fazendo isto no seu governo.

Milei e a aceleração do desenvolvimento

Milei soltou uma lista de desburocratização, com base em decretos — o que lhe deu liberdade de ação (o que poderia também ser feito no Brasil). É de boa tática atacar prioritariamente aquilo que não depende de aprovação do Congresso e que desmoraliza a justificativa de não existir apoio do sistema para enxugar o governo.

Só com a desburocratização, Melei criou condições para acelerar o desenvolvimento da Argentina. A lista de corte de funções e de cargos é incrível. E mostra as inúmeras amarras impostas pelo governo à iniciativa privada. O político intervencionista é como dono de um pássaro que o prende na gaiola e reclama por ele não voar. O nível de amarras burocráticas, leis, decretos e regulamentos se conta aos milhões. Se as restrições aos nossos pássaros de voar fossem divulgadas, como o fez Milei, a nação ficaria estarrecida.

Bolsonaro e o seu Posto Ipiranga perderam a reeleição por não darem o choque de liberdade que os que votaram nele esperavam. A sociedade não tem consciência do exagerado número de restrições que lhe são impostas pelo governo. “O intervencionismo é o caminho da servidão” (Hayek).

Milei cortou custos: reduziu o número de ministérios e secretarias, cancelou um número expressivo de funções, vai vender carros e aviões que serviam aos políticos. Teve a virtude de eliminar funções — que geram gastos e impede o pássaro de voar. E deu bom exemplo cortando na própria carne.

Em demonstração de habilidade política e preocupação social. Milei criou um programa de amparo aos menos afortunados e uma postura firme com os manifestantes que perturbarem a ordem ou desrespeitarem as leis. Ele se mostra intransigente com as restrições à liberdade individual e o respeito à Lei e a Ordem.

Bolsonaro fracassou por não mostrar resultados compatíveis com a sua promessa eleitoral. Ficou devendo corte de custos, privatização e desburocratização para tirar as garras do governo dos ombros dos cidadãos.