A nova ordem mundial, Orwell e o perigo do globalismo
18 agosto 2024 às 00h00
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Autor de “1984”, George Orwell não ficaria surpreso: a nova ordem global está nos empurrando para o mundo indesejável do totalitarismo
A literatura é rica em textos de ficção. Alguns autores se notabilizaram com os seus livros de ficção. Há delas para todos os gostos: científica, histórica, especulativa e outras.
Em geral, os historiadores localizam o início da ficção científica em 1818, com “Frankenstein”, se Mary Shelley, ou com Júlio Verne e H. G. Wells no final do século 19. Mais recentemente (1949 ), George Orwell escreveu o romance distópico “1984”, que era uma incrível sátira , mas que está cada vez mais se tornando uma realidade.
O Big Brother de Orwell que parecia algo impossível mostrou-se de corpo inteiro. Os governos, com o uso da tecnologia, hoje controlam as nossas vidas. A China, com o reconhecimento facial, localiza quem quer no meio de uma multidão. Os cartões de crédito, o Pix, os e-mails, WhatsApp e o celular rastreiam cada passo que damos. Estas inovações, a título de facilitar as nossas vidas, aumentam o controle sobre nós. Não chegamos ainda, como no texto de “1984”, a ter as nossas atividades sexuais controladas, mas não falta muito. Perdemos a privacidade.
Orwell viu como ninguém o perigo dos governos totalitários. O assustador é que o processo de controle do cidadão, abafando a individualidade, continua a sua marcha. Uma nova ideologia está sendo infiltrada no inconsciente coletivo — o globalismo.
O globalismo (não confundir com globalização), segundo Alexandre Costa, em capítulo do livro “As Novas Faces da Nova Ordem Mundial”, é “o conjunto de iniciativas e fenômeno, que visam criar um ambiente de governança global, que tende a se sobrepor às soberanias nacionais e aos direitos naturais dos indivíduos, e de maneira geral à livre determinação dos povos”. (O livro foi organizado por Alexandre Costa e contém ensaios de vários autores.)
Um poder total sobre o indivíduo será a Nova Ordem Mundial. Ainda este desejo não seja uma novidade universal, pois muitos políticos-guerreiros tentaram subjugar a humanidade, ele hoje se torna mais factível diante dos novos instrumentos de dominação.
Em outro capítulo do livro, “A era da manipulação”, Fábio Blanco trata exatamente dos instrumentos que já estão disponíveis para um líder mundial autoritário. Não só elementos físicos como a internet , o rádio e a televisão, mas dos meios humanos: a linguagem, a retórica e mesmo a hipnose coletiva.
Hélio Angotti Neto, num dos capítulos do livro, aborda a utopia transumanista ou o pós-humanismo, que ele define como: “Um tipo de cosmovisão escatológica cientificista , ou seja, uma filosofia de vida que busca o dia no qual o ser humano contemporâneo será substituído por um ser biologicamente e tecnologicamente superior, uma nova criatura melhorada e alçada à perfeição, à transcendência do que é hoje”.
Ele diz mais: “Um aspecto que aproxima o transumanismo das religiões…é a adoção de premissas não questionadas e muitas vezes não percebidas, ou até mesmo impostas como verdades absolutas imunes a perguntas. Uma dessas premissas é a crença na capacidade de uma tecnocracia …eleger quais as características que nossa raça deve ter e quais devem ser abandonadas”.
Esses comentários de três dos capítulos do livro “As Várias Faces da Nova Ordem Mundial” (Vide, 246 páginas) pretendem provocar interesse no livro, que é uma obra coletiva de nove intelectuais.
Em face da importância de se ter consciência de que uma nova ordem mundial está nos empurrando para o mundo indesejável do totalitarismo, vale pena ler os textos. A nova ordem mundial que se nos apresentam é, em outras palavras, a realização do sonho marxista de reformar o homem, criando um novo ser perfeito necessário para viabilizar o comunismo.
Este livro pode ser encarado como um devaneio, mas sem perder de vista que muitas das nossas realidades foram antes apresentadas como ficção.