Perguntas que precisam ser respondidas pelo presidente Jair Bolsonaro
12 março 2019 às 15h55

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Se um jornalista tiver a oportunidade de entrevistar o chefe do Executivo nacional neste momento, seis questionamentos se fazem importantes para tirar qualquer dúvida

Na noite de domingo, 10, precisamente às 20h51, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi à sua conta no Twitter – acredita-se que foi o próprio chefe do Executivo quem usou a rede social naquele momento – e fez a seguinte postagem:
Constança Rezende, do "O Estado de SP" diz querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o Impeachment do Presidente Jair Bolsonaro. Ela é filha de Chico Otavio, profissional do "O Globo". Querem derrubar o Governo, com chantagens, desinformações e vazamentos. pic.twitter.com/1iskN3Az2F
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 10, 2019
Sabe-se hoje que a informação é falsa e que a pessoa que publicou o texto em um site de apoiadores e simpatizantes de Bolsonaro, Fernanda Salles Andrade, é servidora do gabinete do deputado estadual Bruno Engler, do PSL de Minas Gerais. Mas o que chama a atenção é que o presidente da República incluiu nos ataques publicados no Twitter há menos de 48 horas o nome do jornalista Chico Otávio, pai da repórter do Estadão alvo da ira de Bolsonaro, Constança Rezende, que trabalha no jornal O Globo.
Chico Otávio tem focado sua atuação no levantamento de informações sobre a relação de milicianos com políticos e traçado o perfil de policiais e ex-militares que fazem parte desses grupos criminosos que controlam áreas da capital fluminense e no Estado do Rio de Janeiro.
Se a informação falsa e o ataque gratuitos seriam direcionados à repórter Constança Rezende, resta esclarecer porque Bolsonaro resolveu ampliar sua raiva a Chico Otávio, que nem aparecia no áudio divulgado de forma irresponsável pela sua interpretação mentirosa e tendenciosa.
Por isso, cabe a qualquer jornalista que cruzar pelo caminho do presidente da República hoje, data em que foram presos dois suspeitos de participarem do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes, cometido em 14 de março de 2018, fazer seis perguntas ao chefe do Executivo nacional:
1) Por que a atuação profissional do jornalista Chico Otávio incomoda tanto o presidente da República se o repórter foca na cobertura da atuação das milícias?
2) Qual o motivo do ataque gratuito ao repórter?
3) Bolsonaro tinha informação de que o repórter do O Globo publicaria matéria sobre o histórico dos suspeitos de participar do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes?
4) Por que o alvo direto dos ataques no Twitter foi a filha de Chico Otávio?
5) Bolsonaro sabia na noite de domingo que o ex-PM e policial militar reformado seriam presos nesta semana?
6) Depois de feitas todas essas perguntas, vale repetir o questionamento feito ano passado a ele pela imprensa sobre os motivos de não se pronunciar sobre o caso Marielle.
Se você não teve acesso ao texto assinado por Chico Otávio, Vera Araújo e Arthur Leal publicado às 7h14 de hoje, mesma manhã da prisão do ex-PM Elcio Vieira de Queiroz e do policial militar reformado Ronnie Lessa por suspeita de terem matado Marielle e Anderson, leia a boa reportagem dos três profissionais do O Globo. Clique aqui para ter acesso à publicação do veículo carioca.