No fim do 1º turno, Vanderlan, Maguito e Adriana tentam se adequar aos últimos dias de campanha
08 novembro 2020 às 00h00

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Candidaturas dão prioridade ao que entendem ser necessário para garantir uma vaga na disputa pela Prefeitura de Goiânia até o dia 29 de novembro

O senador Vanderlan Cardoso (PSD), o ex-governador Maguito Vilela (MDB) e a deputada estadual Delegada Adriana Accorsi (PT) são os candidatos a prefeito de Goiânia que têm chance, de acordo com as pesquisas de intenção de votos, de chegar ao segundo turno das eleições na capital. O primeiro turno será decidido na noite de 15 de novembro, quando saberemos quem foi o prefeitável que recebeu mais votos entre os 16 concorrentes.
Mas há uma unanimidade nos resultados das projeções de votos apontados pelos institutos de pesquisa, ao menos aqueles mais confiáveis. Com base em dois, Serpes e Ibope, a terceira rodada de seus levantamentos colocam Vanderlan e Maguito na disputa pelo primeiro lugar, com tendência de segundo turno entre os candidatos do PSD e MDB, e a consolidação de Adriana no terceiro lugar. Até aqui, parece difícil imaginar que a concorrente do PT estará nas duas semanas finais da campanha, entre 16 e 29 de novembro. Isto não significa que as vagas estão definidas para o senador e o ex-governador.
Entretanto, a pesquisa Ibope/TV Anhanguera aponta Maguito no primeiro lugar com sete pontos porcentuais de vantagem para Vanderlan. No levantamento divulgado na noite de quinta-feira, 5 – registrado com o número GO‐06519/2020 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, a distância entre o senador e a deputada estadual é de 12 pontos no levantamento de intenção de votos estimulado, quando o nome dos candidatos é apresentado aos eleitores ouvidos. Não é uma missão fácil para Adriana tirar uma vantagem de dois dígitos do segundo colocado há sete dias da votação.
Mudança de rumo
Por isto mesmo, a estratégia da Delegada Adriana Accorsi mudou. Enquanto o comando da campanha de Maguito traz diariamente boletins médicos com os responsáveis pelo tratamento do emedebista na propaganda de rádio e TV, Vanderlan tenta manter uma postura propositiva, com ideias e promessas a serem cumpridas caso seja eleito prefeito da capital. Dado o cenário aparentemente tranquilo de Maguito e Vanderlan na propaganda eleitoral obrigatória, Adriana foi para cima do candidato do PSD.
O senador virou o alvo de críticas em dois pontos: a defesa em áudio do senador licenciado Chico Rodrigues (DEM-RR) no grupo de parlamentares depois de ter sido flagrado pela Polícia Federal com R$ 33 mil em casa, grande parte entre as nádegas, e uma entrevista concedida ao jornal O Popular na campanha de 2018, quando Vanderlan prometia cumprir os oito anos como senador se fosse eleito.
Há quase duas semanas, o candidato do PSD gravou um vídeo para pedir desculpas ao eleitor de Goiânia por ter defendido de forma precipitada o senador Chico Rodrigues, investigado por suspeita de desvio de recursos da saúde para combate à Covid-19 em Roraima. Vanderlan já era alvo de ataques das campanhas dos prefeitáveis Major Araújo (PSL), deputado estadual, do deputado federal Elias Vaz (PSB) e das pílulas de Maguito. No tempo de rádio e TV de Major Araújo, o senador foi tratado como alguém que muda de grupo político de acordo com a conveniência eleitoral. Vanderlan respondeu em entrevistas que as alianças de campanha são do jogo democrático, do diálogo aberto com todos políticos e siglas.
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Alvo favorito
Elias Vaz, sem citar o nome de Vanderlan, criticou em sua propaganda a defesa que o senador fez do parlamentar do DEM de Roraima quando as buscas da Polícia Federal foram reveladas. Como liderava todas as pesquisas de intenção de votos, cenário que se mostra diferente na Ibope/TV Anhanguera, o candidato do PSD virou o alvo favorito dos prefeitáveis que estão com menos de 15% nas intenções de votos. Mas se o ex-governador Maguito Vilela lidera a terceira rodada da pesquisa mais recente divulgada pelo instituto Ibope e figura em empate técnico com Vanderlan na Serpes, por que outros concorrentes não fazem críticas ao emedebista em suas pílulas e propagandas?
No dia 20 de outubro, o teste para Covid-19 que Maguito fez deu resultado positivo. Há mais de uma semana, o emedebista está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A sedação tem sido reduzida, mas, até o fechamento desta edição, o candidato seguia entubado. Mesmo com sinais de melhora no quadro de saúde, as campanhas avaliam que o eleitor pode entender como um ato desumano criticar uma pessoa que luta pela vida. Como não resta outra alternativa, os prefeitáveis que vêm logo atrás de Vanderlan e Maguito escolheram o senador como o telhado a ser atingido de todas as formas possíveis.
A quantidade crescente de críticas gerou pressão por mudanças na postura de campanha do candidato do PSD. Uma das primeiras medidas foi a participação mais frequente do governador Ronaldo Caiado (DEM) nos atos de rua e reuniões de Vanderlan na reta final do primeiro turno. A intenção do democrata é estar presente em pelo menos um evento eleitoral do senador até a véspera da votação na capital. As carreatas e encontros também foram intensificados. A coordenação da candidatura de Vanderlan percebeu que a frente de apoiadores de Maguito precisava ser combatida com propostas e presença na rua.
Reforços na rua
Desde a internação de Maguito, ainda em Goiânia, no dia 22 de outubro, vereadores, deputados, líderes de outros partidos e emedebistas de destaque, como o presidente estadual do MDB e ex-deputado federal Daniel Vilela, assumiram a agenda de rua do ex-governador no período de tratamento da Covid-19. Com possibilidade de reeleição bastante confortável em Aparecida de Goiânia, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) se reconciliou com o vice-prefeito Veter Matins (PSD) e se licenciou do cargo até o final das eleições. É ele o grande cabo eleitoral de Maguito em Goiânia. A boa gestão de Mendanha na cidade vizinha preocupa os outros candidatos e precisava ser combatida de alguma forma nas ruas com volume de campanha.
Antes de adotar uma postura mais crítica a Vanderlan na TV e no rádio, Adriana Accorsi fez menção ao pai, o falecido ex-prefeito Darci Accorsi. Ao falar sobre Darci, a candidata do PT lembrou que o pai tinha boa relação com o então governador Maguito Vilela enquanto geriu a Prefeitura de Goiânia, de 1993 a 1996. Para Vanderlan, estava ali a comprovação de que a deputada estadual havia feito aliança com o emedebista. Mas tudo parece mais uma tentativa de crescer na reta final sobre o eleitorado do senador na capital.
No editorial “Eleitores de Goiânia sinalizam que querem experimentar o que já foi experimentado”, publicado pelo Jornal Opção no dia 20 de setembro, a tendência de que o goianiense se atentaria apenas aos três nomes mais conhecidos se comprova nas pesquisas de intenção de votos. Saíram na frente na busca pelo voto aqueles com experiência no Executivo, Vanderlan e Maguito. A dúvida é se a tática de Adriana conseguirá quebrar esta lógica. O eleitor estaria disposto a mudar o voto a sete dias da eleição? A resposta nós só teremos quando a apuração terminar no próximo domingo.