Habilidade driblou o conflito

COMPARTILHAR
Oposição, especialmente os pensadores da bancada do PMDB, tentou criar 3º turno na disputa pela presidência da Assembleia Legislativa. Helio de Sousa desarmou a jogada

O cenário para enfiar um conflito no meio da disputa pela Presidência da Assembleia Legislativa estava armado e com todos os personagens em seus lugares. Os principais articuladores da futura bancada da oposição, principalmente no PMDB, criaram um enredo em que o apoio à candidatura do democrata Helio de Sousa, governista eleito pela coligação PMDB/DEM, significaria uma pequena derrota para o governador Marconi Perillo (PSDB).
Nessa articulação, os peemedebistas foram os primeiros a fechar questão em torno da candidatura do democrata, e levaram os demais deputados eleitos pela oposição para esse mesmo caminho, inviabilizando de imediato o campo de atuação dos deputados Lincoln Tejota (PSD) e José Vitti (PSDB), mas ainda sem conseguir barrar as ações do deputado recém-eleito Francisco Chiquinho Oliveira (PHS), que tinha sinal verde do Palácio das Esmeraldas para buscar a presidência da Assembleia.
E entre os opositores era evidente o suposto terceiro turno eleitoral através da disputa na Assembleia, inclusive com articulação de um autêntico batalhão de choque como cabo eleitoral de Hélio. Lincoln e Vitti não suportaram a pressão e se retiraram. Chiquinho se manteve, principalmente por causa da declarada preferência dos palacianos pelo seu nome.
O resultado desse conjunto de ações é que Hélio de Sousa será realmente o próximo presidente da Assembleia Legislativa, mas sem o caráter de disputa contra o Palácio das Esmeraldas como imaginavam inicialmente os opositores. O democrata teve habilidade suficiente para costurar apoios sem permitir o crescimento do sentimento dessa disputa, inclusive ao atuar de forma completamente independente em relação ao presidente de seu próprio partido, o senador eleito Ronaldo Caiado, arquirrival do governador Marconi Perillo como protagonista político do Estado. Não se ouviu de Caiado uma só declaração a favor de Helio. Nem se soube de qualquer trabalho dele nos bastidores, nem mesmo entre os seus novos aliados, os peemedebistas.
Mas se o parto dessa eleição parece ter sido dos mais tranquilos, o processo foi bem mais hardcore. Sem mais que 14 votos, Chiquinho precisava de outros sete deputados para garantir a vitória, chegando aos necessários 21 votos. Para isso, e desde sempre, ele contava com o apoio direto de Marconi Perillo nos momentos derradeiros da definição. Foi exatamente esse empurrão final que não veio. Marconi preferiu apaziguar a situação entre Helio e Chiquinho colocando os dois frente a frente, em duas oportunidades, dentro do Palácio das Esmeraldas.
Palacianos dizem que em um desses encontros, o primeiro, Marconi participou, ouviu, mas nada disse. Apenas teria se referido ao fato de que um confronto entre os dois aliados, numa decisão apertada e por votos, poderia não ser exatamente positiva para a imagem de todos. Na segunda reunião, o governador teria novamente colocado ambos em uma sala, e se retirou, pedindo apenas que eles chegassem a um entendimento definitivo.
E esse entendimento finalmente aconteceu. Helio, com habilidade, desarmou qualquer espírito beligerante contra Chiquinho, e demonstrou que estava apoiado pela maioria absoluta dos deputados. Ou seja, ele já teria mais do que os 21 votos necessários para ser eleito. Isso tornaria absolutamente insano qualquer forma de recuo de sua parte. Chiquinho resignou-se certo de que Marconi não se pronunciaria sobre a eleição na Assembleia Legislativa, e sem essa ação a sua candidatura estava com destino certo, a derrota em plenário.
O quadro está absolutamente definido, conforme explicou um dos palacianos a esta Conexão. Na visão dele, que estava articulando em prol de Chiquinho desde o primeiro momento, era impossível fazer frente ao rolo compressor pilotado por Helio de Sousa. “Foi a habilidade do deputado Helio que impediu uma qualquer ação direta mais contundente. Ele conseguiu desarmar o espírito de revanche que a oposição, especialmente a bancada do PMDB, havia montado para a eleição na Assembleia”, sacramentou. “Não haverá terceiro turno”, concluiu. l