Novo artigo, publicado nesta quinta-feira (20), aponta que não existem evidências suficientes para afirmar que baixos níveis de serotonina – o “hormônio da felicidade” – estão relacionados à depressão. Até então, os antidepressivos atuam com base nesta possível relação.

A revista científica Molecular Psychiatry publicou o trabalho. O artigo é uma revisão sistemática, na qual os cientistas analisam estudos anteriores. Neste caso, 17 pesquisas foram reunidas. 

Ao longo dos anos, a Ciência descobriu que medicamentos chamados de inibidores de recaptação da serotonina, que aumentam a quantidade deste neurotransmissor no corpo, levaram a bons resultados no tratamento contra a depressão. Por isso, existe a percepção de que baixos níveis de serotonina causam depressão. A nova pesquisa, no entanto, aponta que não existem provas suficientes de que isso esteja correto. 

Os autores observaram, com base no resultado das outras pesquisas, que nem todos os pacientes com depressão tinham baixo nível de serotonina, indicando que existem outros fatores envolvidos. Além disso, pesquisas que reduziram este neurotransmissor em pessoas sem depressão não resultaram em quadro depressivo nesses mesmos indivíduos.

Este estudo também afirma que é necessário entender com mais profundidade como funcionam os inibidores de recaptação da serotonina. Isto porque, se a depressão não é, necessariamente, consequência da baixa no “hormônio da felicidade”, tais medicamentos não estariam agindo diretamente na causa da doença.

Além disso, o estudo mostra que uma das pesquisas analisadas neste trabalho aponta que, quando os antidepressivos são usados a longo prazo, há casos de diminuição da serotonina. Assim, o trabalho aponta a necessidade de novas pesquisas para entender os efeitos do medicamento e como ele age no corpo.