A sucessão de escândalos, prisões, delações e investigação estrangeira garantem o petrolão
15 novembro 2014 às 12h29

COMPARTILHAR

A nova etapa de repressão da Operação Lava Jato desencadeada na sexta-feira pela Polícia Federal dedicou atenção especial aos corruptores, as grandes empresas que pagam propina para ter a Petrobrás em sua carteira de clientes e financiam campanhas eleitorais para serem simpáticas aos políticos.
Com 86 mandatos de prisão foram presos 17 presidentes e altos executivos das principais empreiteiras do país. Elas possuem R$ 59 bilhões em contratos com a Petrobrás. Outro ex-diretor foi para as grades, Renato Duque, que dirigiu Serviços, sempre foi mencionado, mas apenas agora trancafiado, no Rio. Depois levado para Curitiba, como todos.
A permanência do petrolão em cartaz até a próxima campanha presidencial, em 2018, está mais do que garantida. A dimensão do petrolão conhecida até então já era o suficiente para consolidar a longa vida do escândalo e sua repercussão. Vieram, durante a semana outros reforços, além da sétima rodada da Lava Jato.
Entre as novidades, soube-se de duas investigações em instituições federais nos Estados Unidos. A auditoria do Departamento de Justiça e da SEC, principal agência reguladora do mercado de capitais. Eles querem saber se empresas e pessoas do país participaram dos negócios do petrolão.
Na Holanda, o Ministério Público anunciou que a empresa SBM Offshore pagará a multa de 240 milhões de dólares pelas propinas que ofereceu no fornecimento de instalações petrolíferas, como plataformas, à Petrobrás e empresas de Angola e Guiné Equatorial.
A exportação do petrolão multiplica a desconfiança dos mercados doméstico e estrangeiros não apenas em relação à Petrobrás. Atinge o PT que nomeia dirigentes e controla os negócios da estatal desde o tempo de Lula, que deseja voltar a ser presidente. Compromete a imagem internacional de Lula e presidente Dilma.
Agora, quando se pensa na repercussão política de tudo isso nas eleições de 2018, imagine-se o que as novas prisões não renderão em delações premiadas de criminosos. Além do que as antigas prisões já estão rendendo. Pense-se nos políticos que serão processados.
Com toda essa dimensão que o petrolão já assumiu, não é possível interromper o andar da carruagem da apuração de algo perto do qual o mensalão foi fichinha. Carruagem com as rédeas entregues ao aplicado juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal em Curitiba, onde estão os presos.
Na volta, agora, ao expediente no Planalto, a presidente Dilma terá de encarar o roubo de dinheiro público na Petrobrás, que a Polícia Federal avaliava, antes da semana passada, em R$ 10 bilhões desde que se instalou o petrolão.